Editorial do site Vermelho:
A segunda onda de Covid-19 na Europa e a aceleração da pandemia nos Estados Unidos são sinais de que o Brasil caminha para um cenário ainda mais trágico. As crises sanitária e econômica tendem a se agravar, com graves e previsíveis consequências para o povo. Sem uma ação efetiva contra os efeitos da pandemia, a sua propagação seguirá descontrolada. E os efeitos sobre a economia, castigada por uma severa recessão, serão inevitáveis.
O fracasso da agenda ultraliberal do governo Bolsonaro, sob a condução do seu ministro da Economia, Paulo Guedes, já é bem visível. O real desvalorizado e instável, a inflação acentuada dos alimentos, a taxa recorde de desemprego, a queda dos investimentos estrangeiros e a falta de confiança do empresariado se somam à conduta irresponsável de Bolsonaro em relação à pandemia, o que dificulta a retoma da atividade econômica.
O galope da inflação dos alimentos e o corte pela metade do auxílio emergencial, recebido por 65 milhões de brasileiros, já reduziram em até 10% as vendas das redes dos chamados atacarejos nas últimas semanas. Nos supermercados, o movimento se repete. Os efeitos sobre o setor produtivo geram outras consequências, como a paralisia da economia como um todo e o aprofundamento da recessão.
É preciso lembrar, mais uma vez, que caberia ao Estado entrar em ação para socorrer o país e aliviar as consequências econômicas desse cenário para o povo. Assim como no combate aos efeitos da pandemia. Não há justificativa para o descaso de Bolsonaro e seu governo em relação à alarmante perspectiva de recrudescimento da pandemia.
Ao não se mover na direção de acionar as alavancas do Estado para que medidas sejam tomadas, o bolsonarismo comprova novamente que se depender do governo a Covid-19 seguira ceifando vidas e superlotando os hospitais. O mesmo pode ser dito sobre a economia. A insistência na agenda ultraliberal e neocolonial de Guedes mostra que o bolsonarismo não está disposto a adotar medidas, mínimas que sejam, contra a as fortes evidências de uma tragédia social.
Bolsonaro, em vez de se ocupar desses graves desafios postos à nação, usa a presidência da República para fazer insultos e provocações contra governadores, como fez nesta quinta-feira (29) contra Flávio Dino e João Dória.
Esse cenário implica um desafio urgente para as forças de oposição. Os insistentes acenos ao autoritarismo pelo presidente, uma demonstração de que ele não se afastou um milímetro do seu intento de ruptura com o Estado Democrático de Direito, são sua resposta à grave conjuntura que vai se formando. Contê-lo é tarefa primordial e inadiável, um movimento que exige a união de amplas forças e ações políticas decididas.
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