Em editorial publicado no domingo (22), o jornal O Estado de S.Paulo, o oligárquico Estadão, declarou apoio formal ao tucano Bruno Covas, candidato à reeleição para a prefeitura da capital paulista. Melhor assim! Não dá mais para dizer que o jornalão é imparcial, neutro e outras baboseiras difundidas no meio jornalístico.
O Estadão – o mesmo que na disputa entre o fascista Jair Bolsonaro e o democrata Fernando Haddad, em 2018, afirmou que era uma “escolha muito difícil” – foi explícito ao declarar seu voto. Ele apelou novamente ao medo da acovardada cloaca burguesa e da classe “mérdia” ao afirmar que “não é hora para aventuras”. Afirma o jornalão tucano e elitista:
“A eleição paulistana do próximo domingo terá, de um lado, o prefeito Bruno Covas, candidato à recondução, testado nas mais difíceis condições possíveis – uma pandemia e uma severa crise econômica –, e, de outro, Guilherme Boulos, um postulante ainda inexperiente na administração pública e que, ademais, representa um partido de esquerda que em seu programa propõe uma mudança imprudente de modelo econômico”.
Ao final, a nota em tom de editorial faz boca-de-urna para o tucaninho. “Recomendamos o voto no prefeito Bruno Covas”. Diante da campanha midiática depravada e descarada, o candidato das forças de esquerda, Guilherme Boulos (PSOL), ironizou nas redes sociais: “O Estadão fez editorial hoje em apoio a Bruno Covas. O mesmo jornal da ‘escolha muito difícil’ em 2018. São as velhas oligarquias de São Paulo sempre contra a mudança”.
Histórico do jornal escravocrata e golpista
De fato, o Estadão é o mais antigo representante das oligarquias na imprensa paulista. No imperdível livro “Nascidos para perder”, o jornalista Mylton Severiano desnudou a história do “jornal da família que tentou tomar o poder pela força das palavras e das armas”. Os relatos são chocantes, alguns até risíveis.
O jornal, fundado com o nome de “A Província de S. Paulo”, em janeiro de 1875, foi criado por um grupo de 21 empresários – entre eles, dez fazendeiros do café e velhos escravocratas. Desde o seu início, o jornal foi um porta-voz dos interesses da oligarquia paulista. Isto explica seu ódio visceral ao presidente Getúlio Vargas, à elaboração da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e à criação da Petrobras, entre outros avanços do governo trabalhista.
A sede do “Estadão” foi o quartel-general da fracassada “revolução constitucionalista” de 1932, quando a oligarquia paulista tentou retornar ao poder. O livro mostra que a famiglia Mesquita chegou a armazenar metralhadoras para a conspiração militar. Derrotado e exilado, Júlio Mesquita nunca abandonou sua visão golpista.
Apoio aos tucanos e conspiração contra Lula e Dilma
O “Estadão” também teve papel de destaque na crise política que resultou no suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e na preparação do golpe militar contra o presidente João Goulart, em 1964. Depois, engoliu o seu próprio veneno, sendo alvo de censura dos generais golpistas. Na fase recente, ele virou palanque de FHC, Serra e de outros tucanos e se tornou um porta-voz raivoso contra os governos Lula e Dilma.
O ódio às forças de esquerda, representadas hoje por Guilherme Boulos na disputa pela prefeitura de São Paulo, e o apoio à reeleição do inepto prefeito Bruno Covas não causam qualquer surpresa. O editorial do domingo apenas confirmou o que já estava expresso, de forma mais disfarçada e "neutra", nas outras páginas do jornalão oligárquico.
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