Com 62 pedidos de impeachment de Bolsonaro confortavelmente instalados sob seu traseiro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, às vésperas de deixar o cargo, revolveu bater duro no presidente da República chamando-o de covarde e denunciando o que todos que têm mais de dois neurônios estão carecas de saber: a responsabilidade de Bolsonaro pelas mais de 200 mil vidas perdidas para a pandemia de coronavírus.
É provável, porém, que a súbita elevação de tom por parte de Maia não signifique adesão tardia à tese civilizatória do afastamento de um presidente que submete a nação à sua necropolítica.
Parece mais uma tentativa de se reposicionar na política nacional sem os holofotes da presidência da Câmara que está prestas a perder. É interessante observar o movimento de seu candidato ao comando da Câmara, o deputado Baleia Rossi, que em entrevista ao jornal Folha de São Paulo deste domingo (10) disse que não tem nenhum compromisso com o impeachment de Bolsonaro.
Marolas da direita liberal à parte, a remoção de Bolsonaro da cadeira presidencial tornou-se um imperativo para garantir a vacinação de todos, freando a matança causada pelo vírus ao qual ele se aliou. Por outro lado, é uma ação política necessária para impedir um golpe de estado, cuja senha já foi dada pelo capitão da reserva depois que os supremacistas brancos investiram contra o sistema democrático norte-americano.
Quando prevê que “vai acontecer algo bem mais grave no Brasil, se não criarem o voto impresso”, Bolsonaro prepara o terreno para a contestação antidemocrática, e talvez violenta, de sua derrota eleitoral em 2022. E nós não temos o direito de duvidar dessa ameaça.
Aliás, o ataque torpe, infundado e calhorda às urnas eletrônicas já fora ensaiado em 2018 quando o então candidato a presidente vociferou que não aceitava nada diferente como resultado do que sua vitória eleitoral.
Se somarmos a sistemática afronta de Bolsonaro às premissas e regras da democracia ao apoio consistente de que desfruta nas polícias militar e civil espalhadas pelo país, nas forças armadas e entre milicianos de todos os matizes, nos depararemos com um horizonte alarmante. Com certeza, mais sombrio do que nos EUA.
No momento, Bolsonaro se ocupa de sabotar a vacinação lançando mão de todos os meios de que dispõe, na contramão dos mais de 50 países que já deram início às suas campanhas de imunização. Agindo de forma politiqueira e irresponsável, aparelhou um órgão de Estado como a Avisa, que agora se esmera em levantar obstáculos burocráticos para não conceder a licença à Coronavac, enquanto as pessoas seguem adoecendo e morrendo.
É chegada a hora, portanto, de a oposição de esquerda deixar de lado suas estratégias para a eleição de 2022, até porque cálculo político demais às vezes atrapalha. Se a correlação política de forças não é lá muito favorável ao impeachment, que se atue então para alterá-la.
Diante do argumento segundo o qual é desaconselhável priorizar politicamente a luta pelo impedimento de um presidente, algo sempre difícil e traumático, em plena pandemia, vale lembrar que é justamente essa tragédia que impõe a necessidade de ejetar Bolsonaro para salvar vidas.
Um ano antes das eleições estadunidenses, os democratas moveram no Congresso um processo de impeachment contra Trump, acusado de pressionar o presidente da Ucrânia a investigar Jose Biden e seu filho. Em troca, Trump acenava com ajuda financeira aos ucranianos. O resultado foi o previsto: a maioria democrata na Câmara votou favoravelmente ao impeachment do presidente, que acabou salvo pela maioria republicana do Senado.
Longe de ter sido uma empreitada política inútil, o processo certamente fez com que a luta para derrotar Trump avançasse algumas casas. Claro que não pode ser visto como o fator determinante para a ampla vitória do Partido Democrata em novembro de 2020, mas que contribuiu para desgastar o presidente não há a menor dúvida.
Bolsonaro já cometeu mais de duas dezenas de crimes de responsabilidade. Seu mandato ameaça a vida de milhões de brasileiros. É preciso livrar o Brasil desta pestilência. O ideal seria que ele renunciasse. Mas, como isso não vai acontecer, é preciso ir à luta pelo impeachment. Ou vamos esperar que Bolsonaro convoque uma invasão do Congresso Nacional?
É provável, porém, que a súbita elevação de tom por parte de Maia não signifique adesão tardia à tese civilizatória do afastamento de um presidente que submete a nação à sua necropolítica.
Parece mais uma tentativa de se reposicionar na política nacional sem os holofotes da presidência da Câmara que está prestas a perder. É interessante observar o movimento de seu candidato ao comando da Câmara, o deputado Baleia Rossi, que em entrevista ao jornal Folha de São Paulo deste domingo (10) disse que não tem nenhum compromisso com o impeachment de Bolsonaro.
Marolas da direita liberal à parte, a remoção de Bolsonaro da cadeira presidencial tornou-se um imperativo para garantir a vacinação de todos, freando a matança causada pelo vírus ao qual ele se aliou. Por outro lado, é uma ação política necessária para impedir um golpe de estado, cuja senha já foi dada pelo capitão da reserva depois que os supremacistas brancos investiram contra o sistema democrático norte-americano.
Quando prevê que “vai acontecer algo bem mais grave no Brasil, se não criarem o voto impresso”, Bolsonaro prepara o terreno para a contestação antidemocrática, e talvez violenta, de sua derrota eleitoral em 2022. E nós não temos o direito de duvidar dessa ameaça.
Aliás, o ataque torpe, infundado e calhorda às urnas eletrônicas já fora ensaiado em 2018 quando o então candidato a presidente vociferou que não aceitava nada diferente como resultado do que sua vitória eleitoral.
Se somarmos a sistemática afronta de Bolsonaro às premissas e regras da democracia ao apoio consistente de que desfruta nas polícias militar e civil espalhadas pelo país, nas forças armadas e entre milicianos de todos os matizes, nos depararemos com um horizonte alarmante. Com certeza, mais sombrio do que nos EUA.
No momento, Bolsonaro se ocupa de sabotar a vacinação lançando mão de todos os meios de que dispõe, na contramão dos mais de 50 países que já deram início às suas campanhas de imunização. Agindo de forma politiqueira e irresponsável, aparelhou um órgão de Estado como a Avisa, que agora se esmera em levantar obstáculos burocráticos para não conceder a licença à Coronavac, enquanto as pessoas seguem adoecendo e morrendo.
É chegada a hora, portanto, de a oposição de esquerda deixar de lado suas estratégias para a eleição de 2022, até porque cálculo político demais às vezes atrapalha. Se a correlação política de forças não é lá muito favorável ao impeachment, que se atue então para alterá-la.
Diante do argumento segundo o qual é desaconselhável priorizar politicamente a luta pelo impedimento de um presidente, algo sempre difícil e traumático, em plena pandemia, vale lembrar que é justamente essa tragédia que impõe a necessidade de ejetar Bolsonaro para salvar vidas.
Um ano antes das eleições estadunidenses, os democratas moveram no Congresso um processo de impeachment contra Trump, acusado de pressionar o presidente da Ucrânia a investigar Jose Biden e seu filho. Em troca, Trump acenava com ajuda financeira aos ucranianos. O resultado foi o previsto: a maioria democrata na Câmara votou favoravelmente ao impeachment do presidente, que acabou salvo pela maioria republicana do Senado.
Longe de ter sido uma empreitada política inútil, o processo certamente fez com que a luta para derrotar Trump avançasse algumas casas. Claro que não pode ser visto como o fator determinante para a ampla vitória do Partido Democrata em novembro de 2020, mas que contribuiu para desgastar o presidente não há a menor dúvida.
Bolsonaro já cometeu mais de duas dezenas de crimes de responsabilidade. Seu mandato ameaça a vida de milhões de brasileiros. É preciso livrar o Brasil desta pestilência. O ideal seria que ele renunciasse. Mas, como isso não vai acontecer, é preciso ir à luta pelo impeachment. Ou vamos esperar que Bolsonaro convoque uma invasão do Congresso Nacional?
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