sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

As prioridades da prefeita Margarida Salomão

Por Gabriel Valery, na Rede Brasil Atual:

Prefeita de Juiz de Fora, quarto maior município de Minas Gerais, Margarida Salomão (PT) é a primeira mulher a chefiar o Executivo da cidade, assumindo o cargo no início do ano com uma série de desafios, que passam pelas crises econômica, social e sanitária que atingem todo o país, reflexo da pandemia de covid-19. Em encontro virtual, ontem (4), que compõe uma série de entrevistas com prefeitos do campo popular e progressista, organizada pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Margarida falou sobre os principais objetivos de sua gestão. “Já iniciamos nosso governo com um programa de combate à fome”, disse a prefeita.

Para ela, os impactos sociais e econômicos resultantes da má gestão da crise sanitária, sobretudo pelo governo federal de Jair Bolsonaro, mas também pelo governo estadual de Romeu Zema (Novo) são os aspectos em que sua gestão iniciou centrando esforços, “Uma das questões mais agudas que encontramos na cidade é a volta da fome. As pessoas estão passando fome, não é abstração. É na nossa frente”, avalia

“Estamos fazendo isso (combatendo a fome da população vulnerável da cidade) através de programas estruturados, usando escolas – grande plataforma de transformação –, para fazer entrega de kits de alimentação. Alimentos frescos, verduras, legumes, grãos, para 25 mil famílias”, explicou.

Ela cita também outros programas sociais já em andamento com pouco mais de um mês de mandato. “Também estamos com uma iniciativa que coordena esforços públicos e da sociedade em redes de solidariedade”, completou.

Esforços

Margarida Salomão criticou a falta de esforços do governo Bolsonaro, o que inclui a suspensão do auxílio emergencial, e empurrou ainda mais uma parcela numerosa da população brasileira para abaixo da linha da pobreza. “É fato que o governo brasileiro ignora o quanto que as pessoas estão sofrendo”, apontou. E deu exemplo: “em um país capitalista, como os Estados Unidos, há uma unidade suprapartidária para encaminhar um pacote gigantesco de ajuda social. Uma renda mínima e também ajuda às pequenas e médias empresas para que não quebrem.”

Ainda sobre a urgência da manutenção do auxílio emergencial, Margarida, que atuava até o ano passado como deputada federal, disse ter esperanças na retomada do programa. por pressão da sociedade e do Congresso. “Tenho o sentimento, como ex-deputada, de que teremos uma retomada do Auxílio Emergencial. A agenda do (Paulo) Guedes (ministro da Economia) não prevê esse tipo de coisa, até de uma forma um pouco suicida, porque o que sustentou a popularidade do Bolsonaro foi o auxílio. Mas como não se pode imaginar que eles raciocinam como nós, interromperam o auxílio, o que agravou a questão social”, disse.

Covid-19

Mesmo com a expectativa negativa, a prefeita petista disse que sua gestão não fica de braços cruzados, e que analisa todas as possibilidades para mitigar os efeitos da crise. “Não descartamos a construção, a oferta de um programa de renda mínima municipal. Temos uma margem apertada, executando um orçamento construído no ano passado, em outra gestão. Mas, em uma situação extrema, buscaremos este tipo de solução.”

Outra medida tomada ainda no início da gestão de Margarida Salomão foi a saída da cidade do plano de reabertura da economia decretado pelo governador Zema. Para a prefeita, Juiz de Fora tem estrutura e necessidades específicas para coordenar um plano mais eficiente que o proposto pelo governo estadual . “Saímos do Minas Consciente, porque depois das duas primeiras semanas de governo, ficou claro que uma situação tão complexa tem que ser gerida localmente”, disse.

A ruptura, para a prefeita, não provocou rusgas com a gestão estadual, com a qual disse manter uma relação institucional, apesar de visões de mundo e sociedade opostas. “Nossa relação com o governo de Minas tem sido respeitosa. O governador já veio aqui em Juiz de Fora para fazer a entrega de umas poucas vacinas. Mas aqui temos universidade (federal), temos corpo técnico qualificado que tem contribuído para todo o país. Então, podemos fazer nossos próprios protocolos, definir nossas práticas. Inclusive, estamos permitindo que a sociedade participe. Construímos mesas de diálogos que têm funcionado de forma direta”, concluiu.

Assista a entrevista completa [aqui].

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