A Folha deu manchete a declarações do senador Ciro Nogueira (PP-PI) a banqueiros, num encontro com banqueiros e outros empresários, em São Paulo, de que ” a CPI da Covid não vai dar em nada para o presidente Jair Bolsonaro“, como informa Mônica Bergamo.
Se ele se refere a impeachment, tem razão, porque o banditismo que se formou na Câmara sob o comando do truculento Arthur Lira, bloqueará todo e qualquer processo de impedimento do atual presidente, ainda que a pandemia alcance aqui níveis indianos.
Mas, política e eleitoralmente não só “vai dar” como “já está dando” e em muito.
Mesmo que os fatos de que sabemos já sejam – e de sobra – suficientes para se atribuírem responsabilidades óbvias sobre o presidente da República, é evidente que vão aparecer outros, muitos outros que se passaram nos bastidores da crise sanitária, iluminados ou narrados de viva voz na CPI vão tornar isso evidente para muitos que acompanham o noticiário sem muita atenção.
Isso, e mais o que vier da provável – e já praticada – escalada da agressividade presidencial, que o torna mais frágil ainda, vai somar-se à mais completa desarticulação política que se viu num governo da República que se vê desde o colapso do governo Dilma, às vésperas do golpe que a apeou do cargo e, antes, do poder.
Engana-se, pois, quem acha que a CPI não vai dar em nada, embora seja provável e, sim, ela não dê em impeachment ou na responsabilização criminal imediata dos responsáveis por crimes contra a saúde pública, embora seja provável que ela venha mais adiante.
CPI é investigação política, numa casa política e que, portanto, produz efeitos políticos, pois apontar crimes ao Ministério Público e pedir a abertura de inquéritos policiais não são atos que só a ela pertençam.
Bolsonaro sabe disso e a oposição também precisa saber, do contrário vai permitir que, apesar da completa desorientação em que vive, o bolsonarismo a conduza para discussões técnicas ou médicas sobre a escassez de vacinas ou a prescrição de substâncias que não produzem efeito sobre a doença.
A questão é sobre o que disse e fez Jair Bolsonaro diante da pandemia. O que disse e fez, publicamente, já nos horroriza. O que sussurrou e armou, entre quatro paredes, é o que interessa trazer à tona.
Terça-feira, pela boca de seus ex-ministros Mandetta e Teich começaremos a sabê-lo.
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