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A “Declaração à Nação” de Jair Bolsonaro, divulgada nesta quinta-feira (9), virtualmente pedindo desculpas – inclusive ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal – pelo seu comportamento no dia 7 de setembro é considerada por analistas e parlamentares uma capitulação.
“O mito murchou”, diz o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG). Para ele, o recuo inesperado contido na carta de Bolsonaro causa sensação de frustração e decepção nas hostes bolsonaristas. “Eles queriam um deus. Fizeram até uma estátua de madeira para ele, e o deus deles arregou.”
Na opinião de Delgado, Bolsonaro “ficou empolgado” com os gastos de dinheiro dos empresários amigos da soja e de igrejas. “Falou besteira, e o maior prejudicado de tudo o que aconteceu nos dias 7, 8 e 9 foi ele mesmo. Tanto que reconhece, ao murchar”, diz o deputado.
Assim, completa, o 7 de setembro não valeu nada para os que achavam que ele ia acabar com a democracia. Apesar do tom pacífico da carta ao país, o deputado mineiro lembra que os crimes do presidente não deixaram de existir por causa disso.
“Ele ia resolver (o que chamou de) os problemas do país, ia para o enfrentamento, e agora diz que falou no calor da emoção. Desdiz tudo o que disse? Ele deixou de cometer crime de responsabilidade? Não. Está cometido, está gravado.”
Não são apenas os discursos de Bolsonaro em Brasília e na Avenida Paulista que constituem crimes de responsabilidade.
Semanas antes, o próprio presidente convocou para os atos e estimulou empresários e financiadores a inflarem os protestos antidemocráticos.
Sobrevoou a Esplanada dos Ministérios, ao lado de ministros, com equipamentos públicos.
Voou de Brasília para São Paulo com a mesma finalidade, participar de ato antidemocrático e, se houver o tal “calor dos acontecimentos”, foi ele mesmo que provocou.
Sem contar os outros crimes de responsabilidade e crimes comuns já relacionados em 131 pedidos de impeachment parados na Mesa da Câmara dos Deputados.
Para o líder do PT na Câmara, Bohn Gass (RS), todos os sinais de Bolsonaro e sua história são de enfrentamento, agressão e desrespeito constitucional.
“Por isso, seu isolamento cresce. O mercado reagiu muito mal ao 7 de setembro. Fora sua base bruta, ele perde apoio. Portanto, a carta é de pouca eficácia e ele também perderá sua base bruta”, diz.
Na nota que intitulou Declaração à Nação – que teria sido escrita com ajuda de seu antecessor, o ex-presidente Michel Temer – Bolsonaro afirma: “nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar”.
Declarou que “na vida pública as pessoas que exercem o poder não têm o direito de ‘esticar a corda’, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia”. E acrescentou: “Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”.
Afagando o inimigo
Mais do que isso, afagou o principal inimigo que construiu para vender a ideia do guerreiro e mito de seus seguidores.
“Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes”, escreveu, sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal cujas decisões prometeu não mais cumprir.
Analistas avaliam o recuo de Bolsonaro como uma capitulação.
“Mais uma bandeira branca vazia e sem sentido? Claro. Mas algo mudou radicalmente. Ele apostou tudo em sua base mais fiel. Vendeu um Golpe, mas entregou uma capitulação. Hoje ninguém mais confia em sua palavra, nem mesmo aqueles que choram emocionados com um estado de sítio”, escreveu o professor da Ufabc Vitor Marchetti.
No Twitter, o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ) escreveu:
“Bolsonaro incentiva a arruaça, perde o controle e depois pede socorro a TEMER! Um sujeito desqualificado desse não pode ser presidente da República. O Brasil virou um caminhão desgovernado”.
“O mito murchou”, diz o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG). Para ele, o recuo inesperado contido na carta de Bolsonaro causa sensação de frustração e decepção nas hostes bolsonaristas. “Eles queriam um deus. Fizeram até uma estátua de madeira para ele, e o deus deles arregou.”
Na opinião de Delgado, Bolsonaro “ficou empolgado” com os gastos de dinheiro dos empresários amigos da soja e de igrejas. “Falou besteira, e o maior prejudicado de tudo o que aconteceu nos dias 7, 8 e 9 foi ele mesmo. Tanto que reconhece, ao murchar”, diz o deputado.
Assim, completa, o 7 de setembro não valeu nada para os que achavam que ele ia acabar com a democracia. Apesar do tom pacífico da carta ao país, o deputado mineiro lembra que os crimes do presidente não deixaram de existir por causa disso.
“Ele ia resolver (o que chamou de) os problemas do país, ia para o enfrentamento, e agora diz que falou no calor da emoção. Desdiz tudo o que disse? Ele deixou de cometer crime de responsabilidade? Não. Está cometido, está gravado.”
Não são apenas os discursos de Bolsonaro em Brasília e na Avenida Paulista que constituem crimes de responsabilidade.
Semanas antes, o próprio presidente convocou para os atos e estimulou empresários e financiadores a inflarem os protestos antidemocráticos.
Sobrevoou a Esplanada dos Ministérios, ao lado de ministros, com equipamentos públicos.
Voou de Brasília para São Paulo com a mesma finalidade, participar de ato antidemocrático e, se houver o tal “calor dos acontecimentos”, foi ele mesmo que provocou.
Sem contar os outros crimes de responsabilidade e crimes comuns já relacionados em 131 pedidos de impeachment parados na Mesa da Câmara dos Deputados.
Para o líder do PT na Câmara, Bohn Gass (RS), todos os sinais de Bolsonaro e sua história são de enfrentamento, agressão e desrespeito constitucional.
“Por isso, seu isolamento cresce. O mercado reagiu muito mal ao 7 de setembro. Fora sua base bruta, ele perde apoio. Portanto, a carta é de pouca eficácia e ele também perderá sua base bruta”, diz.
Na nota que intitulou Declaração à Nação – que teria sido escrita com ajuda de seu antecessor, o ex-presidente Michel Temer – Bolsonaro afirma: “nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar”.
Declarou que “na vida pública as pessoas que exercem o poder não têm o direito de ‘esticar a corda’, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia”. E acrescentou: “Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”.
Afagando o inimigo
Mais do que isso, afagou o principal inimigo que construiu para vender a ideia do guerreiro e mito de seus seguidores.
“Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes”, escreveu, sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal cujas decisões prometeu não mais cumprir.
Analistas avaliam o recuo de Bolsonaro como uma capitulação.
“Mais uma bandeira branca vazia e sem sentido? Claro. Mas algo mudou radicalmente. Ele apostou tudo em sua base mais fiel. Vendeu um Golpe, mas entregou uma capitulação. Hoje ninguém mais confia em sua palavra, nem mesmo aqueles que choram emocionados com um estado de sítio”, escreveu o professor da Ufabc Vitor Marchetti.
No Twitter, o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ) escreveu:
“Bolsonaro incentiva a arruaça, perde o controle e depois pede socorro a TEMER! Um sujeito desqualificado desse não pode ser presidente da República. O Brasil virou um caminhão desgovernado”.
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