quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Ministro do STF é "terrivelmente caro"?

Charge: Luc Descheemaeker
Por Fernando Brito, em seu blog:


“Quanto custa uma vaga no Supremo Tri…?”

A pergunta, incompleta mas evidente menção ao STF, lançada por Jair Bolsonaro, sem saber que estava sendo gravado, exige uma resposta de quem a formulou.

Se sabe, precisa contar e, se não sabe, não tem responsabilidade para escolher integrantes da Corte Suprema.

De uma só vez, lançou a suspeita de que os atuais 10 integrantes do Supremo Tribunal Federal tiveram suas vagas compradas, como mercadoria e, por consequência, compensam com seus votos o investimento que neles se fez.

Houvesse dignidade sob a vasta cabeleira do presidente da Câmara, Luiz Fux, estaria havendo um interpelação dura e contundente ao presidente.

Mas, se não há, não faltará um ou outro ministro que a tenha e, por isso, exija que o presidente da Corte – de quem Bolsonaro já quis que “enquadrasse” seus pares – que enquadre o presidente da República ao parâmetro básico da Justiça: quem acusa deve provar.

Além dos 10 hoje ministros, a indagação de Bolsonaro expõe o indicado André Mendonça à ter de responder, no Senado, se a sua vaga também está “terrivelmente cara”.

E que custo é este, que certamente não é do ministro em potencial, porque suas posses como servidor público não indicam que este preço é pessoal.

Se o preço – inclusive o político, para sermos gentis – será pago por Bolsonaro, a questão passa a ser de como será ressarcido também.

Pode-se até deixar de lado as acusações impessoais sobre como se pagava propina em caixas ou como depois o dinheiro vinha dentro um sapato presidencial, no seu caso, providencialmente número 43.

Mas o preço da cadeira do Supremo, que tem ocupantes, poucos e identificados, não pode ser minimizado.

Ou será que nos tornamos um país tão sem-vergonha que uma fala presidencial deste teor sobre o órgão máximo da Justiça vai ficar na base do “ah, mas o Bolsonaro fala muita besteira mesmo”?

É aceitar que, pela ausência de reação, sejam todos vistos como alguém cujo mandato foi comprado, e caro, para ser pago por suas sentenças.

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