Por Altamiro Borges
Jair Bolsonaro, famoso por abandonar seus aliados na estrada, vai colecionando ressentidos por todos os cantos. Nesta quarta-feira (15), o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) entregou o cargo de líder do governo no Senado. Ele se considerou "traído" na disputa por uma vaga ao Tribunal de Contas da União (TCU). Ele teve humilhantes sete votos.
O escolhido para o cobiçado posto foi o veterano Antonio Anastasia (PSD-MG), que recebeu 52 votos dos seus colegas de Casa. Ele era o candidato do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Já a camaleônica Kátia Abreu (PP-TO), que também se jactava de ter a simpatia do presidente e de ser apoiada por alguns ministros do laranjal, obteve 19 votos.
Uma nota lacônica justificou a decisão da renúncia: "O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) entregou nesta manhã o cargo de líder do governo no Senado. O pedido foi formalizado ao presidente Jair Bolsonaro a quem o senador agradece a confiança no exercício da função". Nos bastidores, porém, o clima é de ressentimento, de mágoa.
A humilhação de Bezerra Coelho
Conforme relato da Folha, “apesar de contar com a influência de ser líder do governo e o apoio de governistas e alguns ministros, Bezerra obteve apenas 7 votos, de um total de 78 senadores que participaram da sessão e votaram... Ainda que líder do governo, ele não contou com o empenho do Planalto na sua eleição”.
A baixa votação confirma que ele foi abandonado e traído. “O próprio presidente deixou claro a ele que não se envolveria na disputa... Um dos apoios alardeados nos bastidores era do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente da República. Alguns aliados chegaram a divulgar previsões irrealistas de que ele terminaria a disputa com 35 a 40 votos”.
Ainda de acordo com a Folha, a derrota deve doer no velho cacique pernambucano. “A vaga no TCU é almejada pelos parlamentares, pois oferece salário alto, estabilidade e poder político. Os nove ministros que compõem a corte têm cargo vitalício e só se aposentam compulsoriamente aos 75 anos. O salário também é bem atrativo”.
"Uma mágoa com o Planalto"
“Os integrantes do tribunal ganham remuneração bruta de R$ 37.328,65, mais uma série de benefícios. Politicamente, a corte tem relevância por atuar como fiscal do Poder Executivo. Cabe ao TCU julgar as contas do governo federal realizar inspeções e auditorias de repasse de verbas, por exemplo”.
O jornal apimenta a análise ao afirmar que um aliado do senador do MDB “acredita que a decisão de entregar o cargo tenha a ver com uma mágoa com o Planalto, por não ter recebido o apoio adequado para o seu pleito, após mais de dois anos atuando para apagar os incêndios do governo”.
É só lembrar que o senador Fernando Bezerra Coelho foi um dos jagunços do “capetão” na CPI do Genocídio, tentando livrar o presidente dos seus crimes no enfrentamento à pandemia. Ele também teve papel decisivo na vitória do governo na votação da PEC do Calote, que garantirá espaço de R$ 106 bilhões abertos no orçamento em 2022, ano da reeleição.
Apesar de todos os serviços prestados, ele foi abandonado na estrada, humilhado na votação da vaga para o TCU. O site Metrópoles não vacila em afirmar que o senador e seu poderoso clã em Pernambuco darão o troco. “Fernando Bezerra Coelho ocupava a liderança do governo no Senado desde o início do governo Bolsonaro, ou seja, há quase três anos”.
“Bezerra entregou o posto após se sentir ‘traído’ pelo governo em sua tentativa de ser o nome do Senado ao TCU... O emedebista de Pernambuco afirmou a aliados que um ‘movimento’ de véspera do Planalto o irritou bastante”. A sujeira poderá vir à tona em breve. A conferir os desdobramentos de mais essa traição no laranjal!
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