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A vida é irônica e cruel! O ex-juizeco Sergio Moro foi decisivo para a eleição de Jair Bolsonaro, como já admitiu o próprio "capetão" em várias entrevistas. Ele até recebeu de presentinho o cargo de ministro da Justiça e Segurança. Após ser defecado do governo, porém, ele virou motivo de ódio das milícias bolsonaristas. Na sexta-feira (18), Moro foi xingado de Judas em Sorocaba, no interior de São Paulo.
Sem maior escarcéu, o site UOL registrou que o presidenciável do Podemos foi agredido por um grupo de seguidores do neofascista. O momento das vaias e dos xingamentos foi registrado pelo vereador bolsonarista Vinicius Aith (PRTB) nas redes sociais. “Pode explicar por que traiu o presidente Bolsonaro? Vai sair como Judas mesmo? Moro traidor!”, tuitou.
“Moro se tornou cidadão honorário de Sorocaba e, para receber a homenagem, precisou se dirigir à Câmara Municipal da cidade. Aith esperou pelo ex-juiz e exigiu respostas ao vê-lo chegando... Aith seguiu gravando e pedindo explicações, como ‘por que não investigou Adélio’... O grupo bolsonarista, então, gritou Bolsonaro e chamou o ex-juiz de traidor”.
Ernesto Araújo está no alvo das milícias
Essa não é a primeira vez que o ex-juizeco da Lava-Jato e ex-ministro do fascista recebe “recepções calorosas” – como ironizou o vereador de Sorocaba. Ele tem sido alvo de provocações bolsonaristas em vários cantos e até já manifestou preocupação com a sua segurança. Outros ex-capachos de Jair Bolsonaro também têm sido alvo da ira de seus milicianos.
O ex-chanceler Ernesto Araújo, seguidor do filósofo de orifícios Olavo de Carvalho e famoso bajulador do “capetão”, hoje já é tratado como perigoso inimigo. Após ser defecado do Itamaraty em março de 2021 e de apresentar críticas à aliança do seu “mito” com os políticos do Centrão, ele passou a ser xingado de “traidor” pelas milícias digitais bolsonaristas.
Na semana retrasada, o “Beato Araújo” postou um vídeo ressentido contra seu ex-chefe. “Quando eu saí, imediatamente começaram a reconstruir aquela política externa de alinhamento totalitário lá fora e de alinhamento cleptocrático aqui dentro”. Para ele, o governo se aliou aos “comunistas” da Rússia e China e virou um antro de corruptos – de cleptocratas.
Ele ainda afirmou que “o Centrão entrou no governo Bolsonaro para destruir seu programa original, que é o programa que levaria a quebrar o sistema corrupto do qual o Centrão faz parte”. As críticas do olavete foram o suficiente para despertar a ira dos bolsonaristas. No mês passado, o próprio Jair Bolsonaro se disse irritado com as críticas do seu ex-ministro.
General Otávio Rêgo está na linha de tiro
Um general também voltou recentemente à linha de tiro dos fanáticos seguidores do presidente. Na quinta-feira (18), o general Otávio Rêgo Barros, ex-porta-voz do “capetão”, publicou artigo no jornal Correio Braziliense em que afirma que nunca mais votará nele. “Me lembro bem em quem votei nas últimas eleições. Neles, não voto mais”, escreveu o militar.
O milico arrependido não cita o nome de Jair Bolsonaro, mas critica o presidente ao dizer que “o sujeito passa três anos sem dizer a que veio... No último ano, dispara a gastar dinheiro público irresponsavelmente que os cofres não possuem, viajar para inaugurar pinguela inaugurada e propor novos e maravilhosos projetos caso seja reeleito”.
Ainda segundo o artigo do general, “bilhões de reais foram desviados dos cofres públicos e das estatais a eles vinculados e ninguém se recorda, ou se recorda e não considera importante... Mais de meio milhão de pessoas morreram em face da covid-19, outros tantos ainda permanecem sequelados e o assunto já passa ao largo, como pesadelo a ser esquecido”.
As milícias digitais bolsonarista não gostaram nem um pouco do singelo e sincero texto do ex-porta-voz do presidente.
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