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O governo de Jair Bolsonaro é só trevas, é só desgraceira. Nessa semana, a Folha noticiou que “o Brasil registrou em 2021 a maior taxa de internações de bebês menores de um ano associadas à desnutrição em 14 anos. Foram 113 hospitalizações para cada 100 mil nascidos vivos”. No total, 2.979 criancinhas foram hospitalizadas por essa razão no ano passado. É como se, diariamente, oito bebês fossem internados por problemas relacionados à fome.
Esses dados dramáticos e revoltantes são do “Observa Infância”, uma iniciativa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a Unifase, com informações coletadas de banco de dados públicos. Além de desnutrição, o levantamento considera as internações causadas por outras deficiências nutricionais e sequelas que a desnutrição deixa nos bebês.
Para Cristiano Boccolini, pesquisador de saúde pública da Fiocruz e coordenador do Observa Infância, há várias razões que explicam essa tragédia. “Uma delas é o aumento dos preços dos alimentos, o que dificulta a manutenção de uma dieta adequada. A diminuição na renda das famílias e o crescimento do emprego informal também colaboram para maior dificuldade financeira. O cenário ocasiona índices mais graves de insegurança alimentar e fome”, descreve a Folha.
O pesquisador também cita as diferenças entre os programas de transferência de renda dos governos Lula e Bolsonaro. No Bolsa Família, que foi descontinuado com a criação do Auxílio Brasil, as crianças de até sete anos precisavam ir, a cada seis meses, a uma unidade de saúde para fazer avaliação nutricional. No atual programa, essa obrigação acabou. “O monitoramento da situação nutricional das crianças diminuiu. Então aqueles casos de desnutrição que poderiam ser resolvidos na atenção primária deixam de ser identificados e rebatem na atenção hospitalar”, explica Cristiano Boccolini.
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