Charge: Gilmar |
Depois do golpe de estado que apeou do governo a presidenta Dilma, era praticamente consenso entre os petistas, tanto da base como da direção, que o partido cometera um erro grave ao deixar de lado o investimento em organização e mobilização popular.
Se essa autocrítica já foi importante há seis anos, ainda mais agora quando o governo Lula terá de lidar como uma oposição de extrema-direita sem qualquer traço de compromisso democrático, mas com capacidade de ocupar as ruas.
Fica a torcida para que não se repita o equívoco estratégico de se jogar peso apenas na institucionalidade. Não resta dúvida de que é essencial zelar pela governabilidade e pelo apoio congressual ao terceiro mandato presidencial de Lula. Também é de suma importância a convocação de quadros do PT e do conjunto de esquerda para compor o governo.
Isto posto, cabe lembrar que o caráter de frente ampla deste governo joga no colo exclusivamente das forças progressistas a responsabilidade pela mobilização popular para respaldá-lo e combater o fascismo. É a esquerda que tem história e know how de usar as ruas como trincheira para as lutas políticas e sociais.
Já escrevi em outro artigo que o fascismo precisa do aparelho de estado para se consolidar e expandir seu raio de influência e poder de fogo. E a presidência exercida por um líder popular e estadista respeitado no mundo inteiro como Lula certamente contribuirá para minguar o papel de Bolsonaro como chefe da oposição.
Sem falar em outros fatores com potencial para fragilizar Bolsonaro, como o fim do foro privilegiado e do orçamento secreto, o “revogaço”, que incluirá os sigilos de até 100 anos e os decretos que liberaram as armas e facilitaram os crimes ambientais.
Mas não nos iludamos: a oposição congressual e, sobretudo, a das ruas ao governo Lula nada terá de republicana e democrática. A presença renitente dos nazifascistas em frente aos quartéis clamando por golpe mostra que ao longo dos próximos quatro anos as tentativas de sabotagem ao governo Lula serão a tônica da atuação da oposição.
Daí a preocupação quando lemos e ouvimos incontáveis notícias especulativas sobre quadros dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais cotados para assumir cargos no governo, mas nenhuma palavra dos dirigentes sobre as táticas e estratégias necessárias para garantir a sustentação popular do governo.
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