Charge: Aroeira |
Recluso no Palácio da Alvorada, onde se consome em ressentimentos e perebas, Jair Bolsonaro se entregou àquela que imagina ser sua última cartada de poder: impedir as Forças Armadas de participar do processo de transição em curso.
Pretende, assim, levar a credibilidade da caserna ao colapso total, com o auxílio luxuoso de meia dúzia de generais irresponsáveis.
Ao negar a essa transição, Bolsonaro pretende dar uma derradeira demonstração de poder no único espaço do serviço público onde a hierarquia está acima do bom senso.
Assim, em pleno uso da prerrogativa de comandante-supremo, arrastar os militares para as profundezas do desespero em que se encontra e se desloca, definitivamente, da realidade política do País.
Lula ainda procura, auxiliado por dois de seus ex-ministros da Defesa, Celso Amorim e Jaques Wagner, uma saída diplomática para a porralouquice de Bolsonaro, para não precipitar uma crise que só interessa à horda de desocupados estacionada em frente aos quartéis.
O trio tem buscado, sem sucesso, interlocutores junto aos comandantes militares para reiterar seu apreço às Forças Armadas.
A solução mais evidente, portanto, é um convite formal do coordenador da transição, Geraldo Alckmin, ao ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, para iniciar uma transição por cima, sem a ingerência dos comandantes militares – todos enfiados, até o pescoço, na areia movediça do bolsonarismo.
Signatário da auditoria mandrake sobre as urnas eletrônicas, o ministro também não é lá essas coisas, mas pode se render à institucionalidade de modo a ser tocado pela razão. Caso se negue a conversar, vai amarrar a caserna ao naufrágio do governo Bolsonaro de forma irreversível.
A outra solução é ignorar o estamento militar comandado Bolsonaro e, a partir de 1° de janeiro de 2023, iniciar um necessário processo de expurgo funcional e mandar para a reserva o chorume bolsonarista que se recusa a aceitar o papel constitucional das Forças Armadas.
Aliás, de longe, a melhor opção.
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