Charge: Mohammad Sabaaneh |
Os Estados Unidos garantiram ontem, em dois momentos, o prosseguimento do genocídio perpetrado por Israel contra o povo palestino.
Em Nova York, os Estados Unidos vetaram a proposta de resolução brasileira, que trazia alívio humanitário para quem sofre e morre em Gaza, apesar de 12 países terem votado a favor.
Enquanto isso, em Tel Aviv, Biden abraçava por inteiro a posição israelense, garantindo apoio político e militar, de olho em seus baixos índices eleitorais.
Mas haverá custos. As duas decisões poderão levar ao alastramento do conflito e já produzem uma revolta ampla no mundo árabe contra os Estados Unidos, a exemplo da tentativa de ataque à embaixada americana em Beirute, na manhã desta quarta-feira, duramente reprimida pelo governo local.
E haverá também custos internos, inclusive eleitorais. Se a opção de Biden pelo massacre de Gaza lhe rendeu simpatias mesmo entre republicanos, analistas americanos dizem que alas progressistas de seu partido, o Democrata, devem engrossar as resistências à candidatura dele à reeleição.
Biden está rasgando aquele discurso humanista que gosta de fazer, e que fez ontem ao lado de Netanyahu, exaltando a dor dos israelenses, indiferente ao horror sofrido pelos palestinos. O mundo inteiro assistiu a uma cena de perversidade populista.
Os Estados Unidos não aprenderam nada com o 11 de Setembro. Pelo contrário, agora atraem como nunca o ressentimento árabe, e isso terá consequências. Biden resolveu correr o risco.
Haverá quem diga, aqui, que o Brasil foi derrotado no Conselho de Segurança. Não foi isso. O Brasil fez um esforço enorme para garantir uma saída para a emergência humanitária e teve o apoio da maioria dos países com assento no colegiado.
Saiu frustrado, como disse o embaixador Sergio Danese, mas não derrotado. O que houve ali foi o abuso de seu poder de veto pelos Estados Unidos, numa evidência do quanto é urgente reformar aquele Conselho.
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