quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Bolsonaro leva surra na reforma tributária

Senadores comemoram a votação da reforma tributária.
Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Por Altamiro Borges


O Senado aprovou nesta quarta-feira (8) o projeto de reforma tributária que funde alguns impostos e simplifica o sistema de cobrança. Ele não enfrenta as graves distorções existentes no Brasil – em que proporcionalmente os trabalhadores pagam mais impostos do que os ricaços –, mas representa um passo positivo após quase 40 anos de paralisia sobre o tema. A votação representou uma vitória do governo Lula e, principalmente, uma dura derrota do “capetão” Jair Bolsonaro e de suas milícias no parlamento.

O ex-presidente fujão fez de tudo para atrapalhar a votação. Disparou mensagens alopradas no esgoto digital afirmando que a reforma tributária era coisa de “comunistas”. Reuniu a bancada bolsonarista para enquadrar os senadores. Enviou mensagens para parlamentares-amigos rogando pelo voto contrário ao projeto. Toda essa ação contra a reforma tributária e contra o Brasil, porém, não deu resultado. Sem o aparato público em suas mãos, o inelegível Jair Bolsonaro arrebanhou apenas 24 votos no Senado – 53 aprovaram o projeto.

Bolsonaristas notórios que votaram contra o Brasil

Conforme registra o site do PT, “na bancada do Partido Liberal (PL), a agremiação ao qual pertence hoje o ex-presidente Bolsonaro, que votou em peso contra a reforma, se destacam nomes como o do ex-vice-presidente Hamilton Mourão (AM) e os ex-ministros Rogério Marinho RN), Damares Alves (DF) e Marcos Pontes (SP), além do filho 01, Flávio Bolsonaro (RJ). Em outros partidos que compõem o Senado, bolsonaristas notórios como a também ex-ministra Tereza Cristina (PP-MS) e, logicamente, o ex-ministro Sérgio Moro (União-PR), seguiram fielmente a ordem direta do ex-presidente, assim como o senador golpista Marcos do Val (Podemos-ES)”.

Na avaliação do oposicionista jornal Estadão, a votação representou uma “dura derrota de Bolsonaro em sua articulação para inviabilizar a reforma tributária. O ex-presidente descobriu que sem a caneta Bic que distribui cargos e verbas não tem o mesmo poder de persuasão diante de antigos aliados”. Ainda segundo o artigo, “a aprovação do texto entre os senadores contou com votos de diversos ex-bolsonaristas, incluindo os que ignoraram os apelos do ex-presidente para mudar de lado na reta final”. O jornalão dá exemplos da trairagem:

Os bolsonaristas que abandonaram o "capetão"

“Nenhum caso ficou tão exposto como o do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), flagrado pelo Estadão recebendo uma mensagem de Bolsonaro. O contato ‘JMB’, a quem chamou de ‘presidente’, disse que ele era decisivo para derrotar a reforma tributária. Na resposta, o senador tentou afagar ao máximo Bolsonaro. Disse que tem sofrido com o ex-presidente estando distante, que ‘esse povo não é o nosso povo’, que está triste e com atuação desligada e que ‘não vê a hora da gente (o bolsonarismo) voltar’. Agradeceu a atenção e consideração, mas respondeu que já tinha empenhado sua palavra para votar a favor da reforma”.

Outro bolsonarista que traiu o “capetão”, conforme realçou o jornal, foi o senador piauiense Ciro Nogueira, ex-ministro da Casa Civil no covil fascista. “O presidente do PP, que vive nas redes bombardeando o governo Lula mas que, nos bastidores, vê seu partido se alinhar em troca de ministérios e da Caixa Econômica Federal, votou sim para a proposta de reforma, apesar dos apelos do ex-chefe. Também o ex-líder do governo Bolsonaro no Congresso, Eduardo Gomes (TO), mesmo sendo do PL, partido do ex-presidente, votou a favor da reforma defendida pelo governo Lula”.

O Estadão lembra ainda que “a derrota que se completou no Senado já tinha sido construída também na Câmara, quando Bolsonaro bradou contra a reforma e constrangeu o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu aliado mais poderoso atualmente, durante um evento do PL. Na ocasião, o próprio Bolsonaro descobriu ter errado no posicionamento público. Agora, porém, com Tarcísio, Zema (Novo) e outros governadores aliados em silêncio, o ex-presidente encampou uma missão inglória nos bastidores e perdeu novamente”.

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