segunda-feira, 4 de março de 2024

Abin paralela usou câmeras, drones e malwares

Charge: J.Bosco
Por Altamiro Borges


Durante o covil de Jair Bolsonaro, a Agência Brasileira de Inteligência – também chamada de Abin Paralela ou Gestapo nativa – não utilizou apenas o software de geolocalização israelense FirstMile para bisbilhotar a vida dos adversários políticos do fascista no poder. O jornal O Globo revelou nesta segunda-feira (4) que o órgão usou, “além do sistema para monitorar a localização de pessoas, equipamentos como microfones direcionais, câmeras escondidas, drones e malwares (programas maliciosos)”.

Para a Polícia Federal, que investiga o esquema de espionagem ilegal no governo passado, o uso desses equipamentos pode incriminar vários milicianos bolsonaristas. A matéria aponta que “numa investigação interna da Abin, um servidor relatou que, em 2021, o órgão chefiado por Alexandre Ramagem, atual deputado federal, adquiriu uma série de drones. A ideia era enviar os veículos aéreos não tripulados para operações de vigilância nas superintendências regionais, sem especificar os limites da sua utilização”.

Camilo Santana e Rodrigo Maia espionados

“No mesmo ano, um drone da Abin foi flagrado sobrevoando as proximidades da residência do então governador do Ceará Camilo Santana (PT), atual ministro da Educação. Seguranças dele descobriram que o piloto era um integrante da agência. Após a operação ser descoberta, o órgão instaurou um processo administrativo. Em sua defesa, um oficial de inteligência, alvo da apuração, chegou a mencionar que o uso do veículo aéreo foi uma determinação de Ramagem e de outros diretores. O caso foi arquivado”.

Já em depoimento na Polícia Federal, outro servidor da Abin relatou que integrantes da área de operações da agência utilizavam “equipamentos sensíveis” sem cautela como microfones direcionais de “alcance de algumas centenas de metros”, câmeras e outras ferramentas “para uso tático em campo”. Esses instrumentos permitiam, por exemplo, gravar encontros e reuniões à distância.

“Outro oficial da Abin contou à PF que soube do uso de programas maliciosos criados por um servidor lotado no departamento de inteligência. Esse tipo de software é usado para invadir dispositivos sem que o usuário saiba. O equipamento é infectado, por meio de um clique num link suspeito, e hackeado. A investida também pode ser feita no combate a ataques cibernéticos”, descreve o jornal O Globo.

Esses depoimentos são considerados peças cruciais de um quebra-cabeça que retrata o funcionamento de uma chamada “Abin paralela” sob o comando do psicopata Alexandre Ramagem. O bolsonarista chefiou um criminoso esquema de monitoramento informal de alvos selecionados. “Uma dessas operações clandestinas envolveu a vigilância de um jantar do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em 2020. Na ocasião, ele se reuniu com a ex-deputada federal Joice Hasselmann, o dirigente do União Brasil Antonio Rueda e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O encontro foi registrado em imagem e relatado por mensagem de WhatsApp por um agente da PF subordinado a Ramagem”.

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