domingo, 8 de dezembro de 2019

O que sustenta Jair Bolsonaro é o tempo

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

Entramos no décimo segundo mês do governo (?) do ex-capitão Jair Bolsonaro. Daqui a alguns dias, seu primeiro ano estará concluído. Sem foguete, sem retrato e sem bilhete.

Não houve surpresas na política em 2019. O que se podia esperar de ruim aconteceu. Nada de bom fez com que reconsiderássemos as expectativas sombrias do início do ano. Talvez haja nisso exagero. No lado da ruindade houve, sim, imprevistos. Quem conseguiria imaginar que o péssimo ministério do início pudesse piorar? Foi o que aconteceu. Todos os ministros que saíram cederam lugar a gente ainda mais desqualificada. Afundou a abissal qualidade.

Bolsonaro ameaça a economia e o Mercosul

Foto: Alan Santos/PR
Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

A 55ª Cúpula do Mercosul, realizada nos dias 4 e 5 últimos, em Bento Gonçalves (RS), como se esperava, foi marcada por gafes, avaliações políticas equivocadas e provocações gratuitas do presidente Jair Bolsonaro e seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. “Quero continuar presidente, não dá pra dar um golpe, não?’, brincou Bolsonaro, na quinta-feira (5), aparentemente sem saber que o microfone estava “aberto”.

A hegemonia pentecostal no Brasil

Por Magali Cunha, no site Outras Palavras:

Bispo Edir Macedo, missionário R. R. Soares, apóstolo Estevam Hernandes, pastor Silas Malafaia, bispo Valdemiro Santiago, pastora Damares Alves, apóstolo Rina, pastor Marco Feliciano, apóstola Valnice Milhomens, pastora Cassiane. O que essas lideranças religiosas, destacadas por mídias brasileiras, têm em comum? São pentecostais, o segmento religioso cristão que mais se expandiu, numérica e geograficamente, no Brasil nas últimas décadas. Hoje, compreender o pentecostalismo é imprescindível para quem se interessa pelas dinâmicas socioculturais e políticas que envolvem o país.

Datafolha: Bolsonaro não tem o que festejar

Por Renato Rovai, em seu blog:

A pesquisa Datafolha de hoje está meio-copo. O que significa que pode ser olhada pela parte cheia ou vazia. A depender do observador, as notícias são ótimas ou péssimas para o governo Bolsonaro. Nem tanto ao mar e nem tanto à terra.

Não houve mudança na sua avaliação de agosto para cá. A pequena melhora está na margem de erro. Uma queda de 38% para 36% no ruim e péssimo.

Ao mesmo tempo sua avaliação de abril ou de julho, as das outras duas pesquisas Datafolha realizadas neste ano, eram melhores. O ruim e péssimo somados eram de 30% e 33%.

Em relação a outras perguntas segmentadas também as oscilações foram pequenas. Com exceção da percepção de combate à corrupção. Neste quesito, o seu desempenho caiu de 34% para 29%. Enquanto isso, subiu de 44% para 50% a reprovação ao governo nessa área.

Pacote anticrime aprovado. E aí?

Por Jordana Pereira, no site da Fundação Perseu Abramo:

Na última quarta-feira, 4 de dezembro, foi aprovado por 408 votos favoráveis, na Câmara Federal, o projeto de lei 10.372/18, conhecido como pacote anticrime.

A votação foi lida como uma derrota para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, já que os principais pontos do seu projeto foram derrubados. Importante ressaltar que não faltaram esforços do ministro para com o projeto que foi enviado ao Congresso ainda no começo do ano: em outubro, o governo federal lançou uma campanha publicitária no valor de dez milhões de reais que previa divulgação de filmetes nos quais familiares de vítimas relatam experiências com a violência associando-a com a impunidade. O plano não deu certo e o uso das peças publicitárias oficiais foi vetado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no mesmo mês. A Corte entendeu que não era correto o governo patrocinar propagandas de projetos ainda em discussão no parlamento. A estratégia de fazer pressão externa aos parlamentares também foi criticada.

Datafolha revela que Bolsonaro derrete

Por Leonardo Attuch, no site Brasil-247:

Bolsonaro chega ao fim do primeiro ano de seu mandato com a pior avaliação de um presidente eleito desde a redemocratização, como alguém que afeta negativamente a imagem do Brasil no mundo, como um personagem em cuja palavra não se pode confiar e como alguém que não se comporta como exige o decoro presidencial.

Ou seja: mesmo que sua queda tenha sido temporariamente estancada, em razão de algum alívio econômico, os dados revelados neste domingo pelo Datafolha indicam que ele derrete na presidência da República.

Bolsonaro é o "Senhor da Direita"

Por Fernando Brito, em seu blog:

Os números do Datafolha, pressentidos ontem pela obviedade dos dados iniciais divulgados pela Folha de S. Paulo, corroboram o diagnóstico que aqui se fez de que Jair Bolsonaro segue, como planeja, sendo o “Senhor da Direita” e não dando espaço para que outros possam pretender emergir no campo conservador.

E isso inclui Sergio Moro, que sabe que seus apoiadores são, na maioria, os mesmos do ex-capitão.

Se Bolsonaro conseguirá manter esta hegemonia, como até agora, já são outros quinhentos, dependentes de não haver uma perda do patamar de estagnação econômica em que nos encontramos ou, mas aí em menor grau, por algum dos muitos escândalos que, até agora, contam com a tolerância da maioria.

Bolsonaro trai os seus brothers roqueiros

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Sete longos anos atrás, eu publiquei neste site um texto que até hoje faz sucesso sobre o fenômeno dos roqueiros reaças, que tinha em Lobão e em Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, seus expoentes mais ruidosos. Fui xingada pelos dois e virei alvo das hordas de direitistas que os idolatravam.

Lobão era então capaz de dizer coisas como “arrancavam umas unhazinhas”, sobre os torturadores da ditadura militar. Roger, que virou o líder da “banda do Jô” do Danilo Gentili, tentou justificar a tortura de crianças dizendo que era “culpa dos pais” e atribuiu o desaparecimento do deputado federal Rubens Paiva, pai do escritor Marcelo Rubens Paiva, a estar “fazendo merda” na época. Era natural que ambos declarassem voto em Jair Bolsonaro, e assim foi.

A tentação autoritária: um novo patamar?

Por Diogo Cunha, no site Carta Maior:

Pode a democracia brasileira resistir a Bolsonaro? Desde a sua ascensão ao poder no final de 2018, essa pergunta se tornou onipresente. As opiniões divergem. Para uns, a democracia está suficientemente consolidada; logo, as instituições, se não atenuaram o radicalismo e o autoritarismo de Bolsonaro, ao menos o mantém dentro das regras do jogo. Para outros, entre os quais me incluo, desde meados da crise de 2013 e particularmente da destituição da presidente Dilma Rousseff, a democracia vem atravessando um processo de degradação que se acelerou consideravelmente com a ascensão da extrema direita ao poder em fins de 2018. Os danos sociais, ambientais e institucionais da atual administração levarão décadas para serem revertidos.

O país das falcatruas

Por Flávio Aguiar, no site A terra é redonda:

Fake é uma palavra bonita, não? Tem charme, pois é anglo-saxônica. Traduz-se, normalmente, por “falso”, “fictício”, “enganoso”, “artificial”, palavras que não desfrutam da graça do original. Na verdade ela deveria ser traduzida por uma palavra ainda menos bonita: “falcatrua”, que quer dizer “ação enganosa para prejudicar outrem”.

É o que acontece hoje, em vários universos e níveis. O Brasil está virando uma imensa falcatrua, um imenso fake, se quiserem os mais puristas do prestígio anglo-saxônico das palavras.

Quando escrevo o “Brasil” me refiro a uma imagem que temos deste país que equivale a meio-continente, com 215 milhões de habitantes, seis mil quilômetros de comprimento e outros tantos de largura.

Pesquisa para quem precisa de pesquisa

Por Bepe Damasco, em seu blog:

A quem interessa uma pesquisa como essa, feita por telefone e sem registro na justiça eleitoral, o que deixa o levantamento a salvo de questionamentos legais e ações de fiscalização?

O alvoroço causado em alguns setores da banda democrática da sociedade pela divulgação da pesquisa Veja/FSB, na qual Bolsonaro aparece na frente na corrida presidencial de 2022, me trouxe à cabeça o refrão do famoso rock dos Titãs, mas com uma oportuna troca de palavras.

O meu ponto é o seguinte: a quem interessa uma pesquisa como essa, feita por telefone – o que já reduz sensivelmente seu grau de confiabilidade, pois do contrário os grandes institutos não precisariam contratar milhares de pesquisadores de campo - e sem registro na justiça eleitoral, o que deixa o levantamento a salvo de questionamentos legais e ações de fiscalização?

Caminhoneiros e agronegócio insatisfeitos

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

“Líder dos caminhoneiros autônomos, Marconi França anunciou que, à zero hora da próxima segunda-feira, dia 16, pelo menos 70% dos cerca de 4,5 milhões de profissionais autônomos e celetistas vão parar em todo o país” (Correio Braziliense).

“Seremos muito mais exigentes no trato com o governo. A bancada dá sustentação política e tem de ter o respeito que merece. Certamente, vamos subir o volume da nossa voz para exigir do governo decisões que defendemos” (deputado Alceu Moreira, presidente da frente parlamentar do agronegócio, também conhecida como a bancada do boi, em entrevista ao Estadão).


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Essas notícias não estão nas manchetes, mas deveriam, porque a ordem unida da imprensa agora é dizer que a economia desencalhou e o pior já passou, o Natal vai ser uma beleza.

Brasil desce a ladeira e atropela o povo

Editorial do site Vermelho:

A economia brasileira vai mal das pernas até em comparação com os “emergentes”, a categoria dos países em desenvolvimento. Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) dizem que o Brasil seguirá crescendo abaixo de seus pares nos próximos anos. Suas projeções são de um crescimento, em média, de 2,3% ao ano entre 2021 e 2024. No mesmo período, os “emergentes” como um todo avançariam 4,8% ao ano.

"Centro progressista" não é alternativa

Por Marcelo Zero

Emergindo das brumas higiênicas do quase anonimato, FHC, em seu twitter, afirma que Dória, Huck e Eduardo Leite “expressam o reformismo e a moderação do Centro Progressista. Radicalismos aguçam polarizações e não resolvem os problemas populares do país”.

O recado é claro. Bolsonarismo e petismo seriam “radicalismos” com sinais ideológicos inversos. Ambos comprometeriam, com sua polarização, a democracia e a capacidade do Brasil resolver os “problemas populares”.

A má-fé intelectual da, assim digamos, “tese” é inacreditável, mesmo levando em consideração o padrão extremamente rebaixado do debate político recente.