Reproduzo artigo de Juliana Borges, diretora de comunicação da UEE-SP, publicado no blog de José Dirceu:
Há algum tempo o tema da comunicação vem ganhando força e sendo mais debatido na sociedade. E isso não é por acaso.
A realização da I Conferência de Comunicação foi não só um marco no debate sobre as comunicações no país, mas serviu também como um importante espaço para que os movimentos que defendem a democratização fizessem o exercício da síntese, da construção do consenso. Isso demonstrou coesão, organização e força na Conferência. Há desafios ainda, evidente, mas a experiência e o fruto da organização proporcionada representam grande avanço na luta pela democratização da comunicação.
As eleições presidenciais, dessa vez de modo mais forte, deixaram mais nítida para a sociedade a necessidade do debate da democratização das comunicações, antes feito apenas nos movimentos e sociedade civil organizada.
A juventude jogou papel importante nas duas oportunidades, tanto na Conferência quanto na sua participação durante a campanha.
Para nós jovens, há um tempo, fazer e intervir na política tem se constituído cada vez mais pelas novas mídias. Na conferência de comunicação isso ficou evidente. Conseguimos levar pautas de modo organizado, seja na realização de conferências livres, seja na representação de entidades como a UNE, para além de um debate de como a mídia interfere na construção de nossos valores, mas também reivindicamos nossa participação, conteúdo produzido nos meios de comunicação e a necessidade de políticas públicas direcionadas a juventude nesta área.
Nós jovens fomos responsáveis, através de nossa organização, por deixar evidente neste espaço que somos diversos e que, portanto, não se pode ter uma imagem caricatural da juventude na mídia como um setor homogêneo, despolitizado, regozijando de um padrão de consumo alcançado por uma pequena parcela da juventude. E não apontamos estas contradições apenas para evidenciar a diversidade, as juventudes como é costumado dizer, mas também para denunciar os efeitos dessa padronização da representação da juventude nos meios de comunicação de massa.
Os meios de comunicação – sendo a TV e rádio concessões públicas – devem ter compromissos com a sociedade, e aí entra o debate, mais acalorado do momento, da regulação da mídia. Não se trata de cerceamento ou dar cabo a liberdade de expressão, como a grande mídia tenta colocar, mas sim de comprometer estes meios com as conseqüências, também, na (de)formação dos jovens quando veiculam o consumo desenfreado como ideal de vida.
Além do debate na “mídia tradicional” foi a juventude quem abarcou e reivindicou de modo mais incisivo a luta pelo acesso a Internet e redes.
Sendo assim, o Plano Nacional da Banda Larga, lançado oficialmente pelo governo este ano, é uma importante vitória e fruto de amplo debate do governo Lula com os movimentos sociais e sociedade civil organizada. O PNBL é um marco para a juventude, porque garante a inclusão digital e acesso de alta velocidade como direitos, visa a ampliação dos telecentros e incentiva a abertura e manutenção de lan houses.
Na campanha a juventude deixou evidente sua inserção modo de incidir na política também através das mídias, novas tecnologias e redes sociais. Redes de blogueiros jovens foram criadas, twittaços, etc. Parcela importante dos jovens tem acesso a Internet, claro que com variações de condições e tempo, e este instrumento foi utilizado para ampliar ações da juventude durante toda a eleição. Estas ações mostraram o importante papel que estas mídias desempenham na expressão dos jovens e o alcance que ainda podem ter se forem democratizadas.
A juventude tem apresentado propostas indicando que os meios de comunicação – seja TV, rádio e/ou novas mídias – são importantes recursos em nosso aprendizado e formação e que, portanto é preciso regulá-los e comprometê-los nesta função social garantindo a representação da diversidade juvenil. Para nós isso amplia a liberdade de expressão e a pluralidade nos meios de comunicação e aprofunda a democracia.
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