Por Tatiana Melim, na Rede Brasil Atual:
Brasília recebe, a partir desta segunda-feira (15), milhares de trabalhadoras do campo, da floresta e da cidade que seguirão em marcha pelas ruas da capital federal para apresentar as pautas da Marcha das Margaridas. Na quarta edição do ato, são esperadas 100 mil mulheres, na maior manifestação feminista da América Latina. A ação acontecerá na Cidade das Margaridas, instalada no Parque da Cidade, no Plano Piloto.
“Sairemos a partir desta segunda-feira de várias regiões do país e vamos cruzar as estradas, rios e céus do Brasil em marcha para transformar a vida de milhões de mulheres”, declara Carmen Foro, coordenadora geral da Marcha das Margaridas, secretária de Meio Ambiente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), entidade responsável pela marcha.
“Nós temos a absoluta certeza de que a pobreza no nosso país tem sexo, tem a cara feminina; tem cor, pois são negras as pessoas mais pobres; e tem lugar: estão no campo e na periferia das cidades. Portanto, nossa pauta não tem só apelo, mas também legitimidade”, pontua Carmem Foro.
Serão dois dias de atividades, com início na manhã desta terça-feira (16), quando acontece o lançamento de uma campanha contra o uso agrotóxicos e um ato público no Congresso Nacional pela reforma política. Estão previstos ainda atividades culturais, painéis de debates sobre desenvolvimento sustentável e um show, no final da tarde, com a cantora baiana Margareth Menezes.
Por que Marcha das Margaridas?
Marcha das Margaridas foi criada em homenagem ao legado de Margarida Maria Alves, dirigente sindical e símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade e justiça. Margarida rompeu com padrões de gênero em sua época ao ocupar, durante 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande (PB), município a 100 quilômetros a oeste da capital.
Ela fundou também o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural e teve a sua trajetória marcada pela luta contra a exploração, pelos direitos dos trabalhadores rurais, contra o analfabetismo e pela reforma agrária. Morreu aos 50 anos, em 1983, assassinada por um pistoleiro, que disparou um tiro de escopeta em seu rosto a mando dos usineiros da Paraíba.
O crime teve repercussão nacional. Porém, como tantos outros cometidos contra trabalhadores rurais, ficou impune. A Marcha das Margaridas foi criada como forma de dar visibilidade às lutas das mulheres do campo e da floresta e para denunciar a impunidade contra as mortes de trabalhadores rurais.
Na quarta (17), a partir das 7h, as mulheres seguirão em marcha à Esplanada dos Ministérios para a grande manifestação em frente ao Congresso Nacional. O ato de encerramento acontecerá na Cidade das Margaridas, às 15h, com a presença da presidenta Dilma Rousseff.
A Marcha se consolidou na luta contra a fome, a pobreza e a violência de gênero a partir de grandes mobilizações nacionais realizadas em 2000, 2003 e 2007. Nesta edição de 2011, as mulheres marcharão com o lema "Desenvolvimento Sustentável com Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade".
De acordo com a coordenação do evento, as pautas de reivindicações levadas ao governo partem da constatação de que a pobreza, a desigualdade, a opressão e a violência predominam entre as trabalhadoras do campo e da floresta. “Nós temos a absoluta certeza de que a pobreza no nosso país tem sexo, tem a cara feminina; tem cor, pois são negras as pessoas mais pobres; e tem lugar: estão no campo e na periferia das cidades. Portanto, nossa pauta não tem só apelo, mas também legitimidade”, pontua Carmem Foro.
Com isso, as mulheres construíram pautas de reivindicações baseadas em sete eixos, divididos em mais de 150 pontos, que abordam questões como democratização dos recursos naturais, atualização dos índices de produtividade, fim da violência no campo, maior participação política da mulheres e melhores condições de trabalho, com autonomia e igualdade
A pauta, com todas as reivindicações da Marcha das Margaridas, já foi entregue ao governo no dia 13 de julho, no Palácio do Planalto, com a participação dos ministros do Desenvolvimento Agrário, do Desenvolvimento Social, do Meio Ambiente, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e da Secretaria de Políticas para as Mulheres.
“A gente acredita muito neste mandato, acreditamos muito na presidenta Dilma e, acima de tudo, acreditamos na nossa pauta”, afirma Carmem.
Atos espalhados
No deslocamento das mulheres para a Marcha das Margaridas, atos políticos acontecerão nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, coordenados pelas federações de trabalhadores e trabalhadoras rurais de todo o país.
Confira o que acontece em cada região:
Centro-Oeste e Norte
Mais de 2 mil mulheres coordenadas pelas federações de trabalhadores rurais dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Roraima realizarão, nesta terça, às 7h30, um manifestação no município de Anápolis (GO), q 48 quilômetros da capital, denunciando as diversas formas de exclusão e violência contra as mulheres do campo e da floresta.
Nordeste
As federações de trabalhadores e trabalhadoras na agricultura da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Alagoas, Piauí e Sergipe realizam, ainda na tarde desta segunda, na cidade de Barreiras (BA), a 853 quilômetros de Salvador, ato com 10 mil mulheres às 16h, na praça Landulfo Alves, às margens do Rio Grande.
As representações de estados nordestinos vão denunciar a agressão e a invasão do agronegócio nas cidades da região. Em Barreiras, segundo as ativistas, há avanço da ocupação de terras para o plantio de soja.
Norte e Nordeste
Cerca de 3 mil mulheres do campo e da floresta oriundas dos estados do Maranhão e do Pará, se encontram no município de Estreito (MA), a 750 quilômetros de São Luís, desde as 7h desta segunda, às margens da rodovia BR-110.
No local, representantes das comitivas fazem denúncias sobre os impactos negativos de grandes projetos na região, a exemplo da construção de uma hidrelétrica que vai remover comunidades para outras localidades.
Além disso, as mulheres denunciam também a violência da qual são vítimas, referindo-se aos conflitos nas áreas quilombolas e aos assassinatos de lideranças sindicais em seus respectivos estados.
Brasília recebe, a partir desta segunda-feira (15), milhares de trabalhadoras do campo, da floresta e da cidade que seguirão em marcha pelas ruas da capital federal para apresentar as pautas da Marcha das Margaridas. Na quarta edição do ato, são esperadas 100 mil mulheres, na maior manifestação feminista da América Latina. A ação acontecerá na Cidade das Margaridas, instalada no Parque da Cidade, no Plano Piloto.
“Sairemos a partir desta segunda-feira de várias regiões do país e vamos cruzar as estradas, rios e céus do Brasil em marcha para transformar a vida de milhões de mulheres”, declara Carmen Foro, coordenadora geral da Marcha das Margaridas, secretária de Meio Ambiente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), entidade responsável pela marcha.
“Nós temos a absoluta certeza de que a pobreza no nosso país tem sexo, tem a cara feminina; tem cor, pois são negras as pessoas mais pobres; e tem lugar: estão no campo e na periferia das cidades. Portanto, nossa pauta não tem só apelo, mas também legitimidade”, pontua Carmem Foro.
Serão dois dias de atividades, com início na manhã desta terça-feira (16), quando acontece o lançamento de uma campanha contra o uso agrotóxicos e um ato público no Congresso Nacional pela reforma política. Estão previstos ainda atividades culturais, painéis de debates sobre desenvolvimento sustentável e um show, no final da tarde, com a cantora baiana Margareth Menezes.
Por que Marcha das Margaridas?
Marcha das Margaridas foi criada em homenagem ao legado de Margarida Maria Alves, dirigente sindical e símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade e justiça. Margarida rompeu com padrões de gênero em sua época ao ocupar, durante 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande (PB), município a 100 quilômetros a oeste da capital.
Ela fundou também o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural e teve a sua trajetória marcada pela luta contra a exploração, pelos direitos dos trabalhadores rurais, contra o analfabetismo e pela reforma agrária. Morreu aos 50 anos, em 1983, assassinada por um pistoleiro, que disparou um tiro de escopeta em seu rosto a mando dos usineiros da Paraíba.
O crime teve repercussão nacional. Porém, como tantos outros cometidos contra trabalhadores rurais, ficou impune. A Marcha das Margaridas foi criada como forma de dar visibilidade às lutas das mulheres do campo e da floresta e para denunciar a impunidade contra as mortes de trabalhadores rurais.
Na quarta (17), a partir das 7h, as mulheres seguirão em marcha à Esplanada dos Ministérios para a grande manifestação em frente ao Congresso Nacional. O ato de encerramento acontecerá na Cidade das Margaridas, às 15h, com a presença da presidenta Dilma Rousseff.
A Marcha se consolidou na luta contra a fome, a pobreza e a violência de gênero a partir de grandes mobilizações nacionais realizadas em 2000, 2003 e 2007. Nesta edição de 2011, as mulheres marcharão com o lema "Desenvolvimento Sustentável com Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade".
De acordo com a coordenação do evento, as pautas de reivindicações levadas ao governo partem da constatação de que a pobreza, a desigualdade, a opressão e a violência predominam entre as trabalhadoras do campo e da floresta. “Nós temos a absoluta certeza de que a pobreza no nosso país tem sexo, tem a cara feminina; tem cor, pois são negras as pessoas mais pobres; e tem lugar: estão no campo e na periferia das cidades. Portanto, nossa pauta não tem só apelo, mas também legitimidade”, pontua Carmem Foro.
Com isso, as mulheres construíram pautas de reivindicações baseadas em sete eixos, divididos em mais de 150 pontos, que abordam questões como democratização dos recursos naturais, atualização dos índices de produtividade, fim da violência no campo, maior participação política da mulheres e melhores condições de trabalho, com autonomia e igualdade
A pauta, com todas as reivindicações da Marcha das Margaridas, já foi entregue ao governo no dia 13 de julho, no Palácio do Planalto, com a participação dos ministros do Desenvolvimento Agrário, do Desenvolvimento Social, do Meio Ambiente, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e da Secretaria de Políticas para as Mulheres.
“A gente acredita muito neste mandato, acreditamos muito na presidenta Dilma e, acima de tudo, acreditamos na nossa pauta”, afirma Carmem.
Atos espalhados
No deslocamento das mulheres para a Marcha das Margaridas, atos políticos acontecerão nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, coordenados pelas federações de trabalhadores e trabalhadoras rurais de todo o país.
Confira o que acontece em cada região:
Centro-Oeste e Norte
Mais de 2 mil mulheres coordenadas pelas federações de trabalhadores rurais dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Roraima realizarão, nesta terça, às 7h30, um manifestação no município de Anápolis (GO), q 48 quilômetros da capital, denunciando as diversas formas de exclusão e violência contra as mulheres do campo e da floresta.
Nordeste
As federações de trabalhadores e trabalhadoras na agricultura da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Alagoas, Piauí e Sergipe realizam, ainda na tarde desta segunda, na cidade de Barreiras (BA), a 853 quilômetros de Salvador, ato com 10 mil mulheres às 16h, na praça Landulfo Alves, às margens do Rio Grande.
As representações de estados nordestinos vão denunciar a agressão e a invasão do agronegócio nas cidades da região. Em Barreiras, segundo as ativistas, há avanço da ocupação de terras para o plantio de soja.
Norte e Nordeste
Cerca de 3 mil mulheres do campo e da floresta oriundas dos estados do Maranhão e do Pará, se encontram no município de Estreito (MA), a 750 quilômetros de São Luís, desde as 7h desta segunda, às margens da rodovia BR-110.
No local, representantes das comitivas fazem denúncias sobre os impactos negativos de grandes projetos na região, a exemplo da construção de uma hidrelétrica que vai remover comunidades para outras localidades.
Além disso, as mulheres denunciam também a violência da qual são vítimas, referindo-se aos conflitos nas áreas quilombolas e aos assassinatos de lideranças sindicais em seus respectivos estados.
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