Por Altamiro Borges
A mídia rentista até agora não engoliu a “surpreendente” decisão do Banco Central de reduzir em apenas 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic. Até parece que alguns de seus “calunistas” especulavam com os títulos da dívida pública e perderam grana no cassino financeiro. Diante da decisão do Copom, ela critica as “pressões políticas” e exige menos intervenção do Estado.
Nervosa, a mídia rentista recrudesce o seu discurso neoliberal e nada fala sobre os desastres causados por esta política. O modelo neoliberal aplicado por FHC – com o desmonte do estado, da nação e do trabalho – quase levou o Brasil à falência. O país ficou de joelhos diante do FMI e o tucano deixou uma “herança maldita” para Lula. A mesma política agravou a crise nos EUA e a Europa.
“O Estado precisa se retirar”
Mesmo assim, a mídia hegemônica, o principal partido do capital financeiro, não dá o braço a torcer e continua fazendo apologia desta política regressiva e destrutiva. A Folha é uma das mais escancaradas na defesa deste receituário. No seu editorial de hoje, intitulado “O papel do governo”, o jornalão age como porta-voz radical da seita neoliberal. Leiam algumas das suas pérolas:
“O Estado deve deixar ao setor privado as escolhas sobre poupança e investimentos e atuar onde o mercado falha... O governo concentra tarefas demais e as implementa mal... O Brasil optou pela economia de mercado, mas a todo momento joga areia em suas engrenagens. O Estado desregula o mercado... O Estado precisa se retirar, tomar menos recursos e decisões”.
Sardenberg, o saudoso de FHC
A Folha até tenta disfarçar a sua idolatria ao deus-mercado: “Não se trata de defender a lassidão dos mercados ou um liberalismo ingênuo, que não vê as insuficiências privadas... Mas de desmontar um modo de intervenção estatal que data da ditadura militar e de permitir que o mercado, enfim, funcione, para que o Estado se dedique às tarefas do novo desenvolvimento”.
Como num jogo combinado, Carlos Alberto Sardenberg, no editorial econômico do Estadão de hoje, também bate na decisão do BC. Para ele, ela não passa de “boa jogada de propaganda e marketing. Tem todos os ingredientes para um discurso tipo pobres contra ricos, trabalhadores contra os que vivem de renda e empresas que geram empregos contra banqueiros sanguessugas”.
Desprezo aos anseios do povo
Saudoso do reinado neoliberal de FHC, a quem vive bajulando, Sardenberg explícita as dores dos rentistas que perderam dinheiro com a redução dos juros. Ele acha que a decisão do BC é uma medida populista, que visa agradar os “mais pobres”, mas que trará novamente o fantasma da inflação. O seu elitismo, que lembra a arrogância dos banqueiros, é impressionante:
“No curto prazo, o efeito político [do corte] não tem nada que ver com a correção e a eficiência das medidas. A avaliação técnica é sempre complexa e sujeita a debates entre analistas de diferentes tendências. Já a avaliação do povo depende dos resultados da política econômica e monetária, o que normalmente se percebe em prazos mais longos”. Para ele, Dilma ainda vai se arrepender.
“A presidente cancelou, na prática, a autonomia do Banco Central e levou-o a reduzir juros contando com um ajuste fiscal futuro e duvidoso... Um baita risco. Ela simplesmente pode colher inflação elevada e crescimento raso, uma bomba política e econômica. Terá ela tudo planejado ou está seguindo assim no vai-da-valsa?”, conclui Sardenberg, o comentarista do deus-mercado.
A ritualística do deus-mercado
Por último, vale citar o jornal Valor Econômico, o porta-voz mais “equilibrado” dos grandes empresários. Há dias, o periódico das famiglias Marinho e Frias critica a redução dos juros. Na edição de hoje, ele abre espaço para Gustavo Loyola, um tucano-rentista, e para vários “analistas de mercado”, nome fictício dos agiotas que ganham fortunas especulando com os juros na estratosfera.
Para Loyola, a decisão quebrou a “ritualística” do mercado, já que a autonomia do BC é limitada. “Na decisão da semana passada, quase nada disso foi observado. O BC surpreendeu o mercado, de forma mais ou menos gratuita. Não se configurava uma situação excepcional em que o BC pode (e em algumas vezes deve) surpreender ou se contrapor às expectativas de mercado”.
O tucano está indignado com a redução de apenas 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros! Os rentistas choram e esperneiam!
*****
Leia mais:
- O Banco Central e a confraria dos rentistas
- O ataque da imprensa ao Banco Central
- Deus-mercado condena queda dos juros
A mídia rentista até agora não engoliu a “surpreendente” decisão do Banco Central de reduzir em apenas 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic. Até parece que alguns de seus “calunistas” especulavam com os títulos da dívida pública e perderam grana no cassino financeiro. Diante da decisão do Copom, ela critica as “pressões políticas” e exige menos intervenção do Estado.
Nervosa, a mídia rentista recrudesce o seu discurso neoliberal e nada fala sobre os desastres causados por esta política. O modelo neoliberal aplicado por FHC – com o desmonte do estado, da nação e do trabalho – quase levou o Brasil à falência. O país ficou de joelhos diante do FMI e o tucano deixou uma “herança maldita” para Lula. A mesma política agravou a crise nos EUA e a Europa.
“O Estado precisa se retirar”
Mesmo assim, a mídia hegemônica, o principal partido do capital financeiro, não dá o braço a torcer e continua fazendo apologia desta política regressiva e destrutiva. A Folha é uma das mais escancaradas na defesa deste receituário. No seu editorial de hoje, intitulado “O papel do governo”, o jornalão age como porta-voz radical da seita neoliberal. Leiam algumas das suas pérolas:
“O Estado deve deixar ao setor privado as escolhas sobre poupança e investimentos e atuar onde o mercado falha... O governo concentra tarefas demais e as implementa mal... O Brasil optou pela economia de mercado, mas a todo momento joga areia em suas engrenagens. O Estado desregula o mercado... O Estado precisa se retirar, tomar menos recursos e decisões”.
Sardenberg, o saudoso de FHC
A Folha até tenta disfarçar a sua idolatria ao deus-mercado: “Não se trata de defender a lassidão dos mercados ou um liberalismo ingênuo, que não vê as insuficiências privadas... Mas de desmontar um modo de intervenção estatal que data da ditadura militar e de permitir que o mercado, enfim, funcione, para que o Estado se dedique às tarefas do novo desenvolvimento”.
Como num jogo combinado, Carlos Alberto Sardenberg, no editorial econômico do Estadão de hoje, também bate na decisão do BC. Para ele, ela não passa de “boa jogada de propaganda e marketing. Tem todos os ingredientes para um discurso tipo pobres contra ricos, trabalhadores contra os que vivem de renda e empresas que geram empregos contra banqueiros sanguessugas”.
Desprezo aos anseios do povo
Saudoso do reinado neoliberal de FHC, a quem vive bajulando, Sardenberg explícita as dores dos rentistas que perderam dinheiro com a redução dos juros. Ele acha que a decisão do BC é uma medida populista, que visa agradar os “mais pobres”, mas que trará novamente o fantasma da inflação. O seu elitismo, que lembra a arrogância dos banqueiros, é impressionante:
“No curto prazo, o efeito político [do corte] não tem nada que ver com a correção e a eficiência das medidas. A avaliação técnica é sempre complexa e sujeita a debates entre analistas de diferentes tendências. Já a avaliação do povo depende dos resultados da política econômica e monetária, o que normalmente se percebe em prazos mais longos”. Para ele, Dilma ainda vai se arrepender.
“A presidente cancelou, na prática, a autonomia do Banco Central e levou-o a reduzir juros contando com um ajuste fiscal futuro e duvidoso... Um baita risco. Ela simplesmente pode colher inflação elevada e crescimento raso, uma bomba política e econômica. Terá ela tudo planejado ou está seguindo assim no vai-da-valsa?”, conclui Sardenberg, o comentarista do deus-mercado.
A ritualística do deus-mercado
Por último, vale citar o jornal Valor Econômico, o porta-voz mais “equilibrado” dos grandes empresários. Há dias, o periódico das famiglias Marinho e Frias critica a redução dos juros. Na edição de hoje, ele abre espaço para Gustavo Loyola, um tucano-rentista, e para vários “analistas de mercado”, nome fictício dos agiotas que ganham fortunas especulando com os juros na estratosfera.
Para Loyola, a decisão quebrou a “ritualística” do mercado, já que a autonomia do BC é limitada. “Na decisão da semana passada, quase nada disso foi observado. O BC surpreendeu o mercado, de forma mais ou menos gratuita. Não se configurava uma situação excepcional em que o BC pode (e em algumas vezes deve) surpreender ou se contrapor às expectativas de mercado”.
O tucano está indignado com a redução de apenas 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros! Os rentistas choram e esperneiam!
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Leia mais:
- O Banco Central e a confraria dos rentistas
- O ataque da imprensa ao Banco Central
- Deus-mercado condena queda dos juros
2 comentários:
Adam Smith, homem do qual foram extraidos os princípios do neoliberalismo atual, era um teólogo, seus biógrafos convenientemente, omitem, lógico no seu livro " a Riqueza das Nações" ele fala na tal mão invísivel do mercado. Referia-se a um Deus é o óbvio. O capitalismo e o que refere-se o editorialista da Rolha é uma religião. Eles que vão... pra PQP, com esta religião deles. tenho dito alhures, que se dependêssemos de idéias de teólogos, estariámos andando de carroça. Miro se não quizer publicar, esteja à vontade, pois sei que o seu blog é frenquentado por um pessoal de esquerda mais elitizado, mas, eu digo pro Otavinho o seguinte: Estado Mínímo de C... é rôla! Daquelas que certos publishers de revistas famosas, vão nos gordurosos hotéis do centro de são Paulo experimentar, segundo Mauro Santayana, um dos, senão o maior jornalista autodidata brasileiro.
Ruy Barbosa maciel- Governador valadares MG - cidade que foi o QG dos golpistas de 64, traidores da pátria.
Os banqueiros e os operadores do mercados financeiro serem agiotas e
praticarem este tipo de discurso até que se entende. Mas toda uma patota de pseudo-jornalista estarem a defender a banca de rentista, que atrasa e emperra o país é lamentável.
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