Por Emir Sader, no sítio Carta Maior:
A mídia latino-americana sempre foi golpista. Representante das oligarquias do continente, dirigida por um punhado de famílias (todo país tem seus Frias, Mesquitas, Marinhos, Civitas), sempre esteve envolvida nos golpes militares contra a democracia no continente, do lado dos EUA.
Se a OEA foi chamada por Fidel de Ministério das Colônias dos EUA, a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) é seu Ministério de Comunicação para as Colônias. Sempre coordenou a ação da mídia nos golpes militares e nas campanhas contra os governos democráticos do continente.
Antes mesmo da campanha que levou Getúlio ao suicídio, em 1954, e derrubou Perón em 1955, a mídia já tinha sido participante fundamental no sangrento golpe na Guatemala, em 1954, que levou esse país a se tornar, nas décadas seguintes, naquele que sofreu os maiores massacres em um continente cheio de massacres.
Há exatamente 10 anos atrás a mídia venezuelana mobilizou e convocou um golpe militar contra Hugo Chávez. O movimento chegou a ter sucesso imediato, uma TV escandinava pode produzir "A revolução não será televisionada”, documentário já tornado um clássico do cinema de documentário sobre a América Latina. O presidente da Fiesp de lá foi nomeado presidente da ditadura que pretendia se instalar e era saudado, no Palácio Presidencial, pelos chefes da Igreja católica, pelos donos das empresas de comunicação, pelos dirigentes dos partidos de direita, enquanto Hugo Chavez era levado por militares para uma ilha e pressionado para assinar sua renúncia.
Assim que soube do golpe, o povo desceu maciçamente às ruas, dirigiu-se ao Palácio, derrubou as grades e entrou no prédio. Assiste-se nesse momento, no documentário, os chefes do golpe fugirem rapidamente pelas portas laterais do Palácio, enquanto o povo penetra nele.
As TVs e rádios golpistas simplesmente deixaram de dar notícias e passaram a projetar desenhos animados. O fugaz presidente golpista tentou enganar a CNN dando entrevista como se estivesse ainda no Palácio Presidencial, mas o próprio entrevistador lhe disse que sabia que ele já estava num quartel, fugindo. A nem veja, nem leia, eufórica, deu mais um “furo”: sua edição da semana saiu, no sábado cedo, com a notícia do golpe que teria derrubado Hugo Chavez como a grande matéria de capa. (Nenhum meio tradicional de comunicação brasileiro, todos com DNA de golpistas, recordou os 10 anos do golpe fracassado na Venezuela.)
Embora houvesse já ma doutrina e um acordo dos governos do continente de se oporem aos golpes militares, sentiu-se o silêcio ou a cumplicidade, e salvo Cuba, nã houve protestos contra a derrubada de um presidente legalmente eleito no continente. O povo venezuelano fez justiça com suas próprias mãos e recolocou Hugo Chávez na presidêcia do pais, para a qual tinha sido eleito por seu voto.
O golpe de 11 de abril de 2002 foi, para a mídia golpista latino-americana, o que a também fracassada invasão de Praia Giron foi para o imperialismo norteamericano: sua primeira grande derrota, que demonstrou que o povo do continente não a aceitar mais que ela pusesse e tirasse governantes no continente. Que agora é o povo quem decide seu destino na América Latina.
A mídia latino-americana sempre foi golpista. Representante das oligarquias do continente, dirigida por um punhado de famílias (todo país tem seus Frias, Mesquitas, Marinhos, Civitas), sempre esteve envolvida nos golpes militares contra a democracia no continente, do lado dos EUA.
Se a OEA foi chamada por Fidel de Ministério das Colônias dos EUA, a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) é seu Ministério de Comunicação para as Colônias. Sempre coordenou a ação da mídia nos golpes militares e nas campanhas contra os governos democráticos do continente.
Antes mesmo da campanha que levou Getúlio ao suicídio, em 1954, e derrubou Perón em 1955, a mídia já tinha sido participante fundamental no sangrento golpe na Guatemala, em 1954, que levou esse país a se tornar, nas décadas seguintes, naquele que sofreu os maiores massacres em um continente cheio de massacres.
Há exatamente 10 anos atrás a mídia venezuelana mobilizou e convocou um golpe militar contra Hugo Chávez. O movimento chegou a ter sucesso imediato, uma TV escandinava pode produzir "A revolução não será televisionada”, documentário já tornado um clássico do cinema de documentário sobre a América Latina. O presidente da Fiesp de lá foi nomeado presidente da ditadura que pretendia se instalar e era saudado, no Palácio Presidencial, pelos chefes da Igreja católica, pelos donos das empresas de comunicação, pelos dirigentes dos partidos de direita, enquanto Hugo Chavez era levado por militares para uma ilha e pressionado para assinar sua renúncia.
Assim que soube do golpe, o povo desceu maciçamente às ruas, dirigiu-se ao Palácio, derrubou as grades e entrou no prédio. Assiste-se nesse momento, no documentário, os chefes do golpe fugirem rapidamente pelas portas laterais do Palácio, enquanto o povo penetra nele.
As TVs e rádios golpistas simplesmente deixaram de dar notícias e passaram a projetar desenhos animados. O fugaz presidente golpista tentou enganar a CNN dando entrevista como se estivesse ainda no Palácio Presidencial, mas o próprio entrevistador lhe disse que sabia que ele já estava num quartel, fugindo. A nem veja, nem leia, eufórica, deu mais um “furo”: sua edição da semana saiu, no sábado cedo, com a notícia do golpe que teria derrubado Hugo Chavez como a grande matéria de capa. (Nenhum meio tradicional de comunicação brasileiro, todos com DNA de golpistas, recordou os 10 anos do golpe fracassado na Venezuela.)
Embora houvesse já ma doutrina e um acordo dos governos do continente de se oporem aos golpes militares, sentiu-se o silêcio ou a cumplicidade, e salvo Cuba, nã houve protestos contra a derrubada de um presidente legalmente eleito no continente. O povo venezuelano fez justiça com suas próprias mãos e recolocou Hugo Chávez na presidêcia do pais, para a qual tinha sido eleito por seu voto.
O golpe de 11 de abril de 2002 foi, para a mídia golpista latino-americana, o que a também fracassada invasão de Praia Giron foi para o imperialismo norteamericano: sua primeira grande derrota, que demonstrou que o povo do continente não a aceitar mais que ela pusesse e tirasse governantes no continente. Que agora é o povo quem decide seu destino na América Latina.
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