Por Altamiro Borges
Animados, os jornais O Globo, Estadão e Folha já decretaram o enterro definitivo da aliança entre petistas e socialistas. Eles contabilizam as fraturas ocorridas, principalmente, nas disputas para as prefeituras de Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Fortaleza (CE). O que se especula é que o PSB, presidido pelo governador pernambucano, já teria definido um plano próprio para as eleições presidenciais. “Cresce entre os socialistas a tese de Eduardo Campos disputar o Planalto já em 2014”, garante Christiane Samarco, do Estadão.
O desejo da direita nativa
As eleições municipais sempre foram o terreno propício para as
escaramuças políticas. Os partidos tentam se firmar, ganhar mais espaço no
campo institucional, cacifar-se para as próximas contendas estaduais e
nacional. O pragmatismo nas alianças vira regra. Faz parte do jogo na
democracia liberal. Neste sentido, a recente disputa entre PT e PSB, ambos da
base de apoio do governo Dilma Rousseff, é natural. O que chama atenção, porém, é a
postura da mídia demotucana, que tenta atiçar ao máximo esta divisão.
Animados, os jornais O Globo, Estadão e Folha já decretaram o enterro definitivo da aliança entre petistas e socialistas. Eles contabilizam as fraturas ocorridas, principalmente, nas disputas para as prefeituras de Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Fortaleza (CE). O que se especula é que o PSB, presidido pelo governador pernambucano, já teria definido um plano próprio para as eleições presidenciais. “Cresce entre os socialistas a tese de Eduardo Campos disputar o Planalto já em 2014”, garante Christiane Samarco, do Estadão.
Os partidários do racha
A mídia dá espaço exatamente aos que sempre pregaram este
racha. “O resultado das eleições deste ano pode determinar a nossa alforria”,
festeja o deputado Júlio Delgado, do PSB de Minas Gerais, que nunca escondeu
suas relações com o tucano Aécio Neves. Setores mais sectários e hegemonistas
do PT também torcem pelo divórcio entre as duas legendas, sem levar em conta os
estragos que isto pode causar à gestão da presidenta Dilma Rousseff e às
próprias alianças do gelatinoso campo progressista no futuro.
Neste sentido, vale registrar o alerta do ex-ministro José
Dirceu, que sempre teve uma visão mais estratégica da disputa em jogo. “O fim
da aliança em Belo Horizonte, depois de ter ocorrido o mesmo em Recife e
Fortaleza, põe em risco o acordo nacional entre os dois partidos”, afirmou,
advertindo para o perigo do afastamento entre as duas siglas e culpando os
tucanos pelo acirramento da divisão. O presidente do PSB, Eduardo Campos,
também já teria entrado em campo para apagar o incêndio e evitar o pior.
É certo que a mídia demotucana não inventa; ela apenas
manipula e amplifica as dificuldades que são reais nas relações entre PT e PSB.
Nas eleições municipais de 2008, os socialistas apoiaram candidatos petistas em
dez capitais. Neste ano, a coligação só vingou em cinco. Sentindo-se mais
fortalecimento, principalmente no Nordeste, o PSB lançou agora candidaturas
próprias em 11 capitais – quatro a mais do que em 2008. Estes dados, segundo a
mídia demotucana, indicariam que o racha entre PSB e PT é inevitável.
Mas a dinâmica política difere do desejo da mídia demotucana.
Os dois partidos são aliados, não estão casados indissoluvelmente, e tem
projetos próprios. Cada um tenta se cacifar para a natural batalha pela
hegemonia na sociedade. Esta disputa, porém, tem que ser travada com cuidado,
sob o risco de colocar a perder tudo o que foi construído pelo campo
democrático e popular desde a primeira vitória presidencial de Lula. Neste
caso, o bloco neoliberal-conservador e sua mídia teriam, de fato, muito a
comemorar.
4 comentários:
“O resultado das eleições deste ano pode determinar a nossa alforria”, festeja o deputado Júlio Delgado.
O Júlio tem discurso para todas as ocasiões.
Em Juiz de Fora, cidade natal do deputado, o PSB vai de vice na chapa de Margarida do PT. Isto depois dele mesmo sair da disputa para ajudar a tendência do pai dele, o ex-prefeito Tarcísio, que tentava apoiar a candidata petista. Mas o ex-prefeito perdeu a convenção do PMDB. E Júlio carimbou a vice com seu correligionário.
Agora diz que pretende a alforria.
Altamiro, sempre respeito seus comentários, entretanto, penso que dessa vez estas equivocado. A sua conjuntura parte de um todo, a aliança nacional, e talvez por esse prisma estejas com uma certa razão. Entretanto, olhando pela conjuntura Nordestina, penso que a sua analise e bastante ingénua. Apesar de neto de uma das figuras mais emblemáticas da esquerda brasileira do seculo XX, o ex;governador Miguel Arraes, Eduardo Campos só tem de progressista sua carga genética. E só. Cid Gomes, nem isso tem. O modelo de gestão implementado por Campos foi o mesmo de Aecio em MG, importando, inclusive algumas figuras para o quadro de secretaria. O dialogo com os movimentos sociais foi zero, os programas sociais foram reduzidos a assistencialismo barato, a situação da educação e uma das piores do Brasil, a privatização da saúde publica e notória, só pra ficar em alguns exemplos. Mas ate então, Campos fazia parte da base de sustentação do governo Lula, então todos ficavam calados e o tratavam como um companheiro. Por outro lado, Campos sempre jogou com o PSDB e o PSD a possibilidade concreta de se colocar como alternativa ao PT em nível nacional, se, nesse caso, o candidato do PSDB fosse Aecio Neves. O flerte com o PSDB tb sempre existiu. E qual hoje e a conjuntura, vista em nível local, que coloca o PSB como uma ameaça concreta ao projeto nacional do PT. Simples, em 2014, o PSB ira lançar a candidatura de Campos e ele tenta com isso agregar para si parte da ala do PMDB. O PSDB não ira com ele no primeiro turno, mas certamente ira com o PSB em eventual segundo turno. A matemática e simples. Em todas as eleições nacionais o calo do PSDB no segundo e primeiro turno sempre foi o Nordeste. O PSB fortalecido no Nordeste, com o Governo de CE, RN, PB, PE, e mais as prefeituras de Fortaleza e Recife, racha a região que eleitoralmente foi o trunfo petista nas ultimas três disputas presidenciais. Em Pernambuco e no Ceara o PSB esta se aliando com forças deveras conservadoras, e raposas do gabarito do Senador Jarbas Vasconcelos e do PPS de Roberto Freire. Se o PSB ganhar as eleições para prefeito nessas duas cidades, racha ou ultrapassa eleitoralmente o PT nessa regiao.
Ah, so pra reiterar o que falei. Mauricio Rands, outrora lider do PT na Camara, acaba de pedir desfiliaçao do PT para apoiar o candidato a prefeito do PSB. Isso nao e invençao midiatica.
Concordo com o comentario do anonimo!
Vejo o PSB mais como um partido neoliberal do que socialista, claro que com as devidas excecoes; pelo menos muito dos seus politicos.
Fiquei muito feliz com a quebra do acordo PT-PSB(PSDB) em Belo Horizonte. Marcio Lacerda nao teria o meu voto, mesmo tendo o PT como vice.
Elisa
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