Por Altamiro Borges
É certo que a redução da Selic não conseguiu conter os
efeitos destrutivos da crise capitalista mundial. A economia brasileira
continua patinando com baixos índices de crescimento – com a previsão de um “pibinho”
de menos de 2% neste ano. Mas, ao menos, ela ajudou a evitar um tsunami no
país, bem diferente da situação dramática vivida pelas economias da Europa e
dos EUA. Além disso, a nona queda da taxa básica de juros serve para desmistificar
alguns dogmas do neoliberalismo, sempre amplificados pela mídia rentista.
Os "urubólogos" da mídia
A ausência de qualquer autocrítica
Cadê a Miriam Leitão?
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
aprovou nesta semana o nono corte consecutivo da taxa básica de juros, a Selic,
que serve de base para o rendimento das aplicações financeiras e para o custo
dos empréstimos bancários. Ela foi reduzida de 8% para 7,5% ao ano, o menor
patamar da sua história. Descontada a inflação projetada para o ano, os juros
reais passam a ser de 1,98%, os menores do país nas últimas três décadas –
embora ainda altos para os padrões internacionais.
Quando o governo Dilma iniciou a trajetória de redução da
Selic, a chamada grande imprensa desencadeou uma campanha terrorista. Alguns “calunistas”
da mídia, que mais parecem porta-vozes dos banqueiros, garantiram que a
iniciativa iria provocar uma “explosão inflacionária” e uma “quebradeira na
economia”. A serviço do capital rentista, estes “palpiteiros” afirmaram que a
crise mundial não era tão grave para se contrapor ao chamado “afrouxamento” da
política monetária promovido pelo governo federal.
A vida demonstrou que eles estavam totalmente equivocados –
ou melhor, estavam defendendo os lucros dos banqueiros com falsos argumentos “econômicos”.
A taxa de juros caiu e a inflação não explodiu, mantendo-se próxima à meta de
4,5% projetada para este ano. Já a crise mundial mostrou-se mais destrutiva e prolongada
do que eles previam, arrasando diversos países, o que só confirma a tragédia
das políticas neoliberais aplicadas pelo capitalismo no mundo. A síntese: a
mídia rentista errou em todas as suas projeções!
Como aponta Vinicius Torres Freire, as tais análises dos “especialistas
de mercado” se mostraram uma falácia. Ele lembra que quando o Banco Central, em
agosto de 2011, começou a cortar os juros, então em 12,5%, houve uma gritaria generalizada,
com “críticas e insultos ao pessoal do BC”. Os rentistas, com amplos espaços na
mídia – o que o colunista da Folha não confessa – previram o caos na economia.
Mas nenhuma de suas previsões foi confirmada. Todos eles deveriam ter sido dispensados
por incompetência ou má-fé!
Agora, inclusive, já há que afirme, na própria mídia
rentista, que o governo acertou ao reduzir as taxas de juros – mas sem nunca
fazer qualquer tipo de autocrítica. O jornal Valor Econômico, dedicado ao mundo
empresarial, afirmou nesta semana que, “um ano depois de iniciado o atual ciclo
de alívio monetário, o Banco Central mostrou que estava certo ao mudar
radicalmente o rumo da política de juros”. Segundo Cristiano Romero, esta
mudança hoje já permite prever uma nova retomada do crescimento da economia
brasileiro.
“O BC acha que essa política, somada a outras que o governo
vem adotando, já começou a produzir resultados. O clima em Brasília é de
otimismo quanto às chances de a economia acelerar o crescimento nos próximos
meses”. No próprio “mercado”, diz o jornalista, o clima já é de mais otimismo.
Segundo o boletim Focus, uma bíblia do capital, “o Brasil vai se levantar nos
próximos trimestres”. Será que Miriam Leitão e outros urubólogos da mídia também vão dar o braço a torcer, reconhecendo as besteiras que falaram?
1 comentários:
Miro, devido ã minha ignorância nunca entendi por que pagamos 200 e tantos bilhões de reais para serviços da dívida, juros e amortizações e a danada só faz aumentar o montante devido. E também não entendo a lógica do governo destinar o que sobra, menos de 50 bilhões, para o desenvolvimento do país. Seria isto um tipo de neocolonialismo, em que muitos trabalham e pagam e poucos são os beneficiados?
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