Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Ainda que tarde, fica registrada aqui a estranheza do Diário sobre a morte por asfixia econômica da Falha de S. Paulo.
Soube do caso ao escrever sobre a participação de Diogo Mainardi no Roda Viva. Vi então que um jornalista fora desconvidado pelo programa. Era ele, o editor da cassada e caçada Falha de S. Paulo.
É um caso que mereceria uma discussão na imprensa brasileira, certamente. Mas, pelo que entendo, a mídia tradicional ignorou o assunto.
Era uma sátira da Folha, e o jornal conseguiu nos tribunais tirá-la do ar com argumentos jurídicos de duvidosa qualidade - se pensarmos que a Folha se autoproclama uma campeã da liberdade de expressão. A eles se juntou uma pressão econômica ignominiosa: os irmãos responsáveis pela Falha, Lino e Mário Bocchini, jovens da classe média paulistana, simplesmente quebrariam se não tirassem rapidamente o site do ar.
A mídia brasileira gritou, há pouco, quando o jornalista equatoriano Emilio Palacio foi processado pelo governo de Rafael Correa e condenado a pagar uma multa pesada – afinal perdoada.
Palacio - arquiconservador, uma espécie de Reinaldo Azevedo de poncho, apenas com mais poder, uma vez que tinha o cargo de editor de opinião do principal jornal equatoriano - costuma chamar Correa de Grande Ditador, com maiúsculas, num absoluto desprezo não apenas ao presidente mas aos milhões de equatorianos que o elegeram não uma, mas duas vezes. A administração de Correa é, nos artigos de Palacio, “a Ditadura”.
Sabemos o que é ditadura. Palacio seria bem menos corajoso se estivesse sob uma de verdade. Sob Pinochet, por exemplo. É, como seu duplo brasileiro, o falso herói, aquele que se voluntaria para lutar quando não há guerra. Hoje, Palacio está nos Estados Unidos, de onde continuará, bravamente, a combater a vontade de seu povo como se fosse um mártir da liberdade.
Mas nenhuma voz se ergue em defesa da inofensiva Falha de S. Paulo. Vejo que o argumento para bani-la é que ela é uma ameaça à marca Folha de S. Paulo. Hahaha. Falha de S. Paulo é um apelido carinhoso que os paulistanos deram à Folha há muito tempo. Seus próprios jornalistas muitas vezes se referem assim a ela nas conversas informais. A Falha é, ou era, simplesmente uma paródia, uma brincadeira, uma comédia.
Teria feito sentido o Estado de S. Paulo, em 1921, pedir que a recém-fundada Folha de S. Paulo fosse suprimida pela semelhança do produto e pelo uso de S. Paulo no logotipo? E a AOL deveria tentar liquidar o UOL?
Foi um ato de intolerância e intimidação o que a Folha fez com a Falha, um mau momento que remete à empresa que, na escuridão espessa, sob as ordens de seu dono - Octavio Frias, que Clóvis Rossi adora dizer que era um grande jornalista -, emprestava carros para a ditadura militar perseguir e matar opositores. Se é verdade que as pessoas podem confundir as duas pela semelhança das marcas - uma enorme, outra composta de dois irmãos - então a Folha tem um problema sério de conteúdo e e identidade, e ele não vai ser resolvido com a extinção da Falha.
Soube do caso ao escrever sobre a participação de Diogo Mainardi no Roda Viva. Vi então que um jornalista fora desconvidado pelo programa. Era ele, o editor da cassada e caçada Falha de S. Paulo.
É um caso que mereceria uma discussão na imprensa brasileira, certamente. Mas, pelo que entendo, a mídia tradicional ignorou o assunto.
Era uma sátira da Folha, e o jornal conseguiu nos tribunais tirá-la do ar com argumentos jurídicos de duvidosa qualidade - se pensarmos que a Folha se autoproclama uma campeã da liberdade de expressão. A eles se juntou uma pressão econômica ignominiosa: os irmãos responsáveis pela Falha, Lino e Mário Bocchini, jovens da classe média paulistana, simplesmente quebrariam se não tirassem rapidamente o site do ar.
A mídia brasileira gritou, há pouco, quando o jornalista equatoriano Emilio Palacio foi processado pelo governo de Rafael Correa e condenado a pagar uma multa pesada – afinal perdoada.
Palacio - arquiconservador, uma espécie de Reinaldo Azevedo de poncho, apenas com mais poder, uma vez que tinha o cargo de editor de opinião do principal jornal equatoriano - costuma chamar Correa de Grande Ditador, com maiúsculas, num absoluto desprezo não apenas ao presidente mas aos milhões de equatorianos que o elegeram não uma, mas duas vezes. A administração de Correa é, nos artigos de Palacio, “a Ditadura”.
Sabemos o que é ditadura. Palacio seria bem menos corajoso se estivesse sob uma de verdade. Sob Pinochet, por exemplo. É, como seu duplo brasileiro, o falso herói, aquele que se voluntaria para lutar quando não há guerra. Hoje, Palacio está nos Estados Unidos, de onde continuará, bravamente, a combater a vontade de seu povo como se fosse um mártir da liberdade.
Mas nenhuma voz se ergue em defesa da inofensiva Falha de S. Paulo. Vejo que o argumento para bani-la é que ela é uma ameaça à marca Folha de S. Paulo. Hahaha. Falha de S. Paulo é um apelido carinhoso que os paulistanos deram à Folha há muito tempo. Seus próprios jornalistas muitas vezes se referem assim a ela nas conversas informais. A Falha é, ou era, simplesmente uma paródia, uma brincadeira, uma comédia.
Teria feito sentido o Estado de S. Paulo, em 1921, pedir que a recém-fundada Folha de S. Paulo fosse suprimida pela semelhança do produto e pelo uso de S. Paulo no logotipo? E a AOL deveria tentar liquidar o UOL?
Foi um ato de intolerância e intimidação o que a Folha fez com a Falha, um mau momento que remete à empresa que, na escuridão espessa, sob as ordens de seu dono - Octavio Frias, que Clóvis Rossi adora dizer que era um grande jornalista -, emprestava carros para a ditadura militar perseguir e matar opositores. Se é verdade que as pessoas podem confundir as duas pela semelhança das marcas - uma enorme, outra composta de dois irmãos - então a Folha tem um problema sério de conteúdo e e identidade, e ele não vai ser resolvido com a extinção da Falha.
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