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Se dependesse de Ali Kamel, todo-poderoso capataz da TV
Globo, não haveria feriado nem manifestações no Dia Nacional de Zumbi e da
Consciência Negra, em 20 de novembro. No livro “Não somos racistas”, publicado
em 2006 pela Nova Fronteira, ele garante que não há discriminação racial no
Brasil e que todos vivem em harmonia. Obrado em plena batalha pela
implantação das cotas nas universidades, o livro de 144 páginas serviu como
instrumento da direita para combater as políticas afirmativas do governo Lula.
Organizado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República, o estudo revelou que as políticas sociais implantadas
pelo governo Lula melhoraram a renda dos negros no país. Nos últimos dez anos,
ela cresceu em um ritmo cinco vezes maior do que a da população não negra. A
soma dos salários dos negros (incluindo pardos) passou de R$ 158,1 bilhões, em
2002, para R$ 352,9 bilhões em 2012 – incremento de 123,2%. Também houve
aumento da renda dos não negros, mas num ritmo menor – 21,1%. Ela passou de R$
R$ 272,1 bilhões para R$ 329,5 bilhões.
“Com a maior participação no mercado formal de trabalho
(carteira assinada e direitos trabalhistas), mais acesso à educação e mais
facilidades em conseguir crédito para o consumo, essa população viu a sua renda
melhorar em um ritmo mais intenso. Além desses fatores, políticas públicas
adotadas pelo governo federal –como aumento real de salário mínimo e programas
sociais de transferência de renda, caso do Bolsa Família – contribuíram para o
incremento”, destaca o jornal Folha deste domingo (18).
“A expansão da classe média foi resultado da entrada dos
grupos sociais menos privilegiados, como o dos negros, e da redução das
desigualdades. Oito em cada dez entrantes da classe média são negros”, afirma
Renato Meirelles, diretor do instituto Data Popular. Dos 40 milhões de brasileiros
que ingressaram na chamada nova classe média, 75% são negros. "A entrada
maciça de negros na classe média fez com que a participação desse grupo na
classe média brasileira subisse de 38% em 2002 para 52% em 2012”.
Estes avanços evidenciam as besteiras escritas por Ali
Kamel, mas não significam que a discriminação racial foi superada no Brasil. Ao
contrário do que afirma o chefão da TV Globo, somos um país racista e isto se
reflete no mundo do trabalho, nas escolas, no cotidiano. O racismo está
presente nas instituições públicas e privadas. Daí a importância do Dia
Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. É preciso lutar ainda muito mais para
avançarmos na superação dos preconceitos, da opressão e da exploração em nossa
sociedade.
2 comentários:
Mas por que seriam racistas, se todos eles (Globo) gostam de uma grana preta?
Tire o seu racismo do caminho, que eu quero passar com a minha cor. ( frase do livro Desaforismos de Georges Najjar Jr )
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