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Não tenho dúvidas de que a História irá fazer bom juízo de Hugo Chávez, o comandante de uma revolução pacífica e democrática, a desmembrar e expor em praça pública o complexo e cruel pacto de permanência das elites locais. Antes de Chávez, a Venezuela não existia no mapa geopolítico mundial, parecia ser anexo na América do Sul, um país-satélite dos Estados Unidos, a ponto de amar mais o beisebol que o futebol. Uma elite que tinha Miami como um condomínio de luxo, ao qual voltavam às sextas-feiras, depois do trabalho, empresários, políticos, cidadãos.
Minha fé na justiça da História reside não só no argumento da força popular renascida entre a massa, essa palavra endurecida, e um governante mestiço, meio índio, meio nada. Essa “ninguendade”, sobre a qual se debruçou Darcy Ribeiro, a explicar o significado filosófico das misturas étnicas de base lusitana da qual descendemos quase todos nós, brasileiros, assim como do matiz hispânico vem a “nadiedad” de Chávez e da imensa nação de esquecidos que o elegeu e o manteve firme no poder, até que, morto o comandante, se enrolaram na bandeira venezuelana e foram chorar, aos milhões, em todas as cidades do país.
Antes de Chávez, a Venezuela mantinha-se dentro de uma estrutural social paralisante, dentro da qual os privilégios do petróleo, maior riqueza do país, eram distribuídos entre apenas 1% da população. Em pouco mais de uma década, o líder bolivariano tirou, de um universo de 24,6 milhões de pessoas, 5 milhões delas da pobreza absoluta.
Universalizou a saúde e a educação, criou mercados subsidiados de alimentos, ensinou política aos pobres, tirou os arreios da Venezuela em relação aos Estados Unidos e, certa vez, na sede da ONU em Nova York, diante das câmaras, disse o seguinte sobre o lugar que George W. Bush havia ocupado antes de sua fala: “Ainda cheira a enxofre”. Tinha cojones, o comandante.
Hugo Chávez fez trocentas eleições livres na Venezuela, todas monitoradas por observadores estrangeiros e, mais ainda, por uma mídia sequiosa de sangue, mas é uma tarefa inútil bater nessa tecla. Fixar a pecha de “ditador” em Chávez foi uma tentativa do Departamento de Estado americano e da mídia em geral para iniciar o processo de demonização do presidente venezuelano. Nem é preciso dizer na nossa triste contribuição nesse processo, dando notícia de como Chávez era perigoso para o mundo livre, branco e cristão. Embora Chávez, o índio, o negro, o zé-ninguém, acreditava em um socialismo baseado nas origens do cristianismo. Então, tinha que ser “ditador”, mesmo, já que a fé em Cristo impedia que lhe imputassem, também, a pecha de “comunista”.
A reação dos conservadores a Chávez, confesso, me interessava mais do que a figura do presidente, a histeria da direita latino americana, a forma primária como a propaganda contra o presidente venezuelano se disseminava pelo noticiário da mídia brasileira, as opiniões de bonecos de ventríloquos disfarçados de especialistas, o ódio dos liberais contra a erradicação de privilégios.
Chávez combateu a todos, e a todos venceu. Tinha o riso largo dos vencedores, não disfarçava o desprezo pela tibieza de seus adversários, dos que lhe acusavam de ser um tanto caricato em seu uniforme militar. Estes mesmos que, no entanto, eram suficientemente espertos para entender o significado daquela farda. Chávez deu ao Exército de onde veio um novo significado de Pátria, onde estão todos, não somente uns.
Não sou ninguém, nem tenho conhecimento o suficiente, para prever o futuro da Venezuela. Mas uma coisa é certa: ela nunca mais será a mesma depois de Chávez.
Antes de Chávez, a Venezuela mantinha-se dentro de uma estrutural social paralisante, dentro da qual os privilégios do petróleo, maior riqueza do país, eram distribuídos entre apenas 1% da população. Em pouco mais de uma década, o líder bolivariano tirou, de um universo de 24,6 milhões de pessoas, 5 milhões delas da pobreza absoluta.
Universalizou a saúde e a educação, criou mercados subsidiados de alimentos, ensinou política aos pobres, tirou os arreios da Venezuela em relação aos Estados Unidos e, certa vez, na sede da ONU em Nova York, diante das câmaras, disse o seguinte sobre o lugar que George W. Bush havia ocupado antes de sua fala: “Ainda cheira a enxofre”. Tinha cojones, o comandante.
Hugo Chávez fez trocentas eleições livres na Venezuela, todas monitoradas por observadores estrangeiros e, mais ainda, por uma mídia sequiosa de sangue, mas é uma tarefa inútil bater nessa tecla. Fixar a pecha de “ditador” em Chávez foi uma tentativa do Departamento de Estado americano e da mídia em geral para iniciar o processo de demonização do presidente venezuelano. Nem é preciso dizer na nossa triste contribuição nesse processo, dando notícia de como Chávez era perigoso para o mundo livre, branco e cristão. Embora Chávez, o índio, o negro, o zé-ninguém, acreditava em um socialismo baseado nas origens do cristianismo. Então, tinha que ser “ditador”, mesmo, já que a fé em Cristo impedia que lhe imputassem, também, a pecha de “comunista”.
A reação dos conservadores a Chávez, confesso, me interessava mais do que a figura do presidente, a histeria da direita latino americana, a forma primária como a propaganda contra o presidente venezuelano se disseminava pelo noticiário da mídia brasileira, as opiniões de bonecos de ventríloquos disfarçados de especialistas, o ódio dos liberais contra a erradicação de privilégios.
Chávez combateu a todos, e a todos venceu. Tinha o riso largo dos vencedores, não disfarçava o desprezo pela tibieza de seus adversários, dos que lhe acusavam de ser um tanto caricato em seu uniforme militar. Estes mesmos que, no entanto, eram suficientemente espertos para entender o significado daquela farda. Chávez deu ao Exército de onde veio um novo significado de Pátria, onde estão todos, não somente uns.
Não sou ninguém, nem tenho conhecimento o suficiente, para prever o futuro da Venezuela. Mas uma coisa é certa: ela nunca mais será a mesma depois de Chávez.
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