Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
E a história da Globo versus a Receita vai ficando cada vez mais complicada.
Primeiro, foi a informação divulgada pelo blog O Cafezinho, do jornalista Miguel do Rosário.
Uma fonte da Receita Federal passou ao blog documentos que contavam uma história sensacional.
Por eles, a Globo enganou a Receita na compra de direitos para a Copa de 2002. Para não pagar o imposto devido, segundo os documentos, inventou uma operação que não era a real.
Pilhada pela Receita, a Globo teria que pagar 615 milhões de reais – em dinheiro de 2006 – pelo ‘malfeito’, como é moda falar hoje.
O UOL foi checar a história.
Inicialmente, recebeu um ‘eufemismo’ como resposta, contou o repórter do UOL incumbido da investigação.
Depois, como ele insistisse numa pergunta específica – se a Globo fora de fato multada pela Receita –, veio a admissão.
Sim, fomos multados, admitiu a Globo. O UOL publicou, e a Globo postou uma nota que dizia ter quitado o que devia à Receita por conta da Copa de 2002.
Viria, logo depois, pelo mesmo blog um desmentido.
A fonte do Cafezinho na Receita afirmou que a Globo não pagara coisa nenhuma. Um link que vai dar na Receita indica, de fato, que o caso está ‘em trânsito’.
Aberto, portanto, não encerrado.
A fonte desafiou: se pagou, então mostra o darf (o recibo).
Até o momento em que é escrito este texto, a Globo não mostrara o darf.
Já seria o suficiente para uma compreensível pancadaria moral na Globo: sonegar é um ato de corrupção passível de prisão em muitos lugares.
E a Globo se esmerou, nos últimos anos, em usar a palavra ‘corrupção’ em seus ataques às duas administrações petistas.
Mas viria ainda mais coisa à cena.
Foi desencavada, por outro blog, o Blog do Paulinho, uma reportagem do Estadão de 2012. Ela relatava o cerco da justiça suíça a João Havelange e Ricardo Teixeira, então influentes na Fifa.
Os dois cartolas, segundo a justiça suíça, recebiam propinas em contas no exterior para favorecer interesses poderosos.
Por exemplo: garantir que a Fifa decidisse vender os direitos de transmissão de uma Copa à emissora A, e não B ou C ou qualquer outra.
Segundo a justiça suíça, citada na reportagem do Estadão, parte do dinheiro ganho em propinas por Havelange e Teixeira adveio exatamente do contrato de transmissão da Copa de 2002.
Disse o Estadão, com base na papelada da justiça suíça: “Havelange recebeu propinas de uma empresa para garantir o contrato para a transmissão do Mundial de 2002 no mercado brasileiro.”
Quem transmitiu a Copa de 2002?
É curioso que, diante de tais fatos, a mídia brasileira não tenha se animado a investigar o caso.
Perguntei hoje a Sérgio Dávila, editor executivo da Folha, se o jornal não iria fazer nada.
Se eu fosse jornalista da Folha, me sentiria envergonhado em saber que quem foi atrás da história do Cafezinho foi o UOL.
“Estamos investigando e, se acharmos que a história se sustenta, vamos dar”, disse Dávila.
Um amigo retrucou quando lhe contei isso: “Quem acredita nisso acredita em tudo.”
Espero que ele esteja errado.
E a história da Globo versus a Receita vai ficando cada vez mais complicada.
Primeiro, foi a informação divulgada pelo blog O Cafezinho, do jornalista Miguel do Rosário.
Uma fonte da Receita Federal passou ao blog documentos que contavam uma história sensacional.
Por eles, a Globo enganou a Receita na compra de direitos para a Copa de 2002. Para não pagar o imposto devido, segundo os documentos, inventou uma operação que não era a real.
Pilhada pela Receita, a Globo teria que pagar 615 milhões de reais – em dinheiro de 2006 – pelo ‘malfeito’, como é moda falar hoje.
O UOL foi checar a história.
Inicialmente, recebeu um ‘eufemismo’ como resposta, contou o repórter do UOL incumbido da investigação.
Depois, como ele insistisse numa pergunta específica – se a Globo fora de fato multada pela Receita –, veio a admissão.
Sim, fomos multados, admitiu a Globo. O UOL publicou, e a Globo postou uma nota que dizia ter quitado o que devia à Receita por conta da Copa de 2002.
Viria, logo depois, pelo mesmo blog um desmentido.
A fonte do Cafezinho na Receita afirmou que a Globo não pagara coisa nenhuma. Um link que vai dar na Receita indica, de fato, que o caso está ‘em trânsito’.
Aberto, portanto, não encerrado.
A fonte desafiou: se pagou, então mostra o darf (o recibo).
Até o momento em que é escrito este texto, a Globo não mostrara o darf.
Já seria o suficiente para uma compreensível pancadaria moral na Globo: sonegar é um ato de corrupção passível de prisão em muitos lugares.
E a Globo se esmerou, nos últimos anos, em usar a palavra ‘corrupção’ em seus ataques às duas administrações petistas.
Mas viria ainda mais coisa à cena.
Foi desencavada, por outro blog, o Blog do Paulinho, uma reportagem do Estadão de 2012. Ela relatava o cerco da justiça suíça a João Havelange e Ricardo Teixeira, então influentes na Fifa.
Os dois cartolas, segundo a justiça suíça, recebiam propinas em contas no exterior para favorecer interesses poderosos.
Por exemplo: garantir que a Fifa decidisse vender os direitos de transmissão de uma Copa à emissora A, e não B ou C ou qualquer outra.
Segundo a justiça suíça, citada na reportagem do Estadão, parte do dinheiro ganho em propinas por Havelange e Teixeira adveio exatamente do contrato de transmissão da Copa de 2002.
Disse o Estadão, com base na papelada da justiça suíça: “Havelange recebeu propinas de uma empresa para garantir o contrato para a transmissão do Mundial de 2002 no mercado brasileiro.”
Quem transmitiu a Copa de 2002?
É curioso que, diante de tais fatos, a mídia brasileira não tenha se animado a investigar o caso.
Perguntei hoje a Sérgio Dávila, editor executivo da Folha, se o jornal não iria fazer nada.
Se eu fosse jornalista da Folha, me sentiria envergonhado em saber que quem foi atrás da história do Cafezinho foi o UOL.
“Estamos investigando e, se acharmos que a história se sustenta, vamos dar”, disse Dávila.
Um amigo retrucou quando lhe contei isso: “Quem acredita nisso acredita em tudo.”
Espero que ele esteja errado.
2 comentários:
Concordo;concorda inclusive com Pa-
pai Noel e Coelhinho da Páscoa...
desgasta.
lei 8666 das licitações.
todo contrato carece da apresentação de certidão negativa.
quanta gente envolvida.
recebeu dinheiro sem contrato?
as certidões são falsas?
o que diz a CGU?
a um ano o Brasil promoveu com a CGU a conferência nacional da transparência. É uma boa hora para ela se manifestar.
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