domingo, 25 de agosto de 2013

Alckmin presenteia mídia amiga

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

A internet está agitada neste final de semana por conta de uma compra de alguns milhares de assinaturas da Veja, da Folha e do Estadão pelo governo do Estado de São Paulo.

É dinheiro público, extraído do orçamento da educação. As publicações supostamente vão ser lidas pelos alunos das escolas públicas de São Paulo, e isso os ajudará em sua formação.

Isso mitigaria, pelo menos em parte, o problema de a compra haver sido feita sem licitação.

Mas não é exatamente isso.

O que ocorreu é a chamada ação entre amigos, em que as partes – empresas jornalísticas e políticos - trocam favores usando o dinheiro do contribuinte.

É uma prática velha, e que graças à internet vai sendo cada vez mais exposta aos brasileiros.

Vivi, na editora Globo, uma situação exemplar.

Era 2007, e eu acabara de ser contratado para ser diretor editorial das revistas da Globo.

A principal delas, a Época, era singularmente gentil com um governador da região norte.

Esse governador, fiquei sabendo depois, comprava grandes lotes de livros da Globo, o que vinha ajudando substancialmente a editora a dar lucros.

Demos, na revista, uma denúncia contra ele. Instalou-se uma confusão. Ele foi a São Paulo para falar comigo e com o então diretor geral da editora, Juan Ocerin.

A conversa não poderia ter sido pior. Ele foi grosseiro, e eu disse que não admitia que uma visita falasse naquele tom ali, numa sala ao lado da redação da Época.

Ele saiu da sala com uma ameaça. “Vou conversar com o João Roberto”. João Roberto era e é João Roberto Marinho, o filho do meio de Roberto Marinho, aquele que é o editor de fato das Organizações Globo.

Não sei se falou.

Antes de ir embora, ele se avistou com o diretor de publicidade da editora, que era seu interlocutor nas negociações de compras de lotes de livros.

Nova confusão. Desta vez, o resultado foi uma conversa a três: Ocerin, eu e o diretor de publicidade.

Em alguns minutos, depois de palavras ríspidas, eu disse ao diretor de publicidade que jamais voltaria a falar com ele.

E de fato não voltei.

Foi contratado um novo diretor de publicidade, e ele me disse que várias vezes Ocerin se queixou dele por não ter o acesso mágico àquele governador para que aportasse dinheiro na editora em momentos de seca.

O que se fazia na editora Globo é uma coisa parecida com a compra de lotes de publicações por Alckmin.

Ninguém fala, mas está entendido que o governo espera alguma simpatia na cobertura editorial.

Do ponto de vista estritamente lógico, alguém consegue imaginar jovens estudantes lendo a Veja, a Folha ou o Estadão, para apreciar os artigos de Dora Kramer, Maílson da Nóbrega e Pondé?

É uma geração digital, divorciada por completo da mídia impressa.

Para testar a motivação real da compra, verifique se alguma escola particular gasta milhões de reais para adquirir a Veja, a Folha ou o Estado.

É, repito, uma ação entre amigos.

Mas quem paga a conta é o contribuinte.

2 comentários:

brasilpensador.blogspot.com disse...

ora se eles dizem que vai ser distribuidos na rede publica escolar, isso cheira mal, porque o que vao fazer é lavar a cabeça dos jovens com mentiras, assim eles matam 2 coelhos com um cajado, salva essa midia facista, que estar enforcada e faz a cabeça dos jovens.,

Jbmartins-Contra o Golpe disse...

O Governo de SP, fez assinatura da revista veja, olhem o calculo feito por Luciano,
Lucyano Santhos de Oliveira Orientador socioeducativo na empresa Instituto Social Santa Lucia
Prestem atenção!
O Contrato fala de 5.200 assinaturas Semestrais no Valor de R$ 669.240,00.
Eu acessei o Site da Editora Abril para conferir os preços das Assinaturas. Na pesquisa não encontrei nenhum valor de assinatura semestral, então, a conta que eu me propus realizar foi baseada no valor da assinatura anual de R$ 437,10 (Caso seja pago a vista). Na conta, eu arredondei o valor para R$ 438,00.
Não sou muito bom em Matemática – se os meus cálculos estiverem errados, por favor, corrijam-me –, mas a minha conta ficou assim:
5.200 (quantidade de assinaturas) X R$ 438.00 (Valor da assinatura por 1 ano) = R$ 227.760.00. Na conta do Geraldo Alckmin:
5.200 (quantidade de assinaturas) X R$ 1.287.00 (Valor pago por cada assinatura por seis meses) =R$ 669.240.00.
Você deve está se perguntando: De onde o Luciano tirou esse valor de R$ 1.287.00?
É Simples. Se o valor total do contrato que o Estado assinou com a Editora Abril foi de R$ 669.240.00, então, cada uma das 5.200 assinaturas saiu pelo valor de R$ 1.287.00.
Governador, se o valor de uma assinatura ANUAL sai por R$ 438.00, por qual motivo o seu Governo está pagando o valor de R$ 1.287,00 por uma assinatura SEMESTRAL ?
O Superfaturamento, como podemos notar, não se restringe apenas as obras do Metrô e da CPTM. E Talvez, o valor desse contrato com a Editora Abril seja o principal motivo para que a revista Veja até o presente momento não tenha escrito em suas páginas uma única linha a respeito do Propinoduto Tucano – o Trensalão do PSDB – e de todas as demais roubalheiras Tucana no Estado de São Paulo.