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De uma coisa Roberto Gurgel não pode ser acusado: incoerência. Até o finalzinho do seu mandato como procurador-geral da República, ele foi fiel aos tucanos. A decisão a favor do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que será candidato à presidência da República em 2014, é mais uma prova inequívoca disso.
Depois de manter na gaveta o pedido de investigação contra Aécio e a irmã, Andrea Neves, por dois anos e quase dois meses, Gurgel mandou arquivá-lo em 23 de julho.
Em 31 de maio de 2011, os deputados estaduais de Minas Gerais Rogério Correia (PT) e os colegas Luiz Sávio de Souza Cruz e Antônio Júlio, ambos do PMDB, e entregaram pessoalmente a Gurgel representação denunciando Aécio e Andrea, por ocultação de patrimônio e sonegação fiscal (detalhes aqui ).
Em seu parecer determinando o arquivamento, Gurgel escreveu:
“Ao contrário, os documentos constantes dos autos comprovam que o representado declarou o seu patrimônio à Justiça Eleitoral. Tanto assim é verdade que a relação de bens apresentada pelos noticiantes foi extraída exatamente do site do Tribunal Superior Eleitoral. De acordo com esses mesmos documentos, o patrimônio foi constituído, em sua grande parte, antes que o noticiado assumisse o cargo de governador do Estado de Minas Gerais, não se podendo dizer que foi fruto de eventual beneficio havido no exercício do cargo.”
Rogério Correia lamenta a decisão.
“O Ministério Público, quando foi criado em 1988, gerou expectativa muito positiva em todos nós. Acreditávamos que o MP fosse atuar independentemente de partido político, fiscalizar e zelar pela Constituição”, observa Correia. “O procurador-geral da República, que representa o Ministério Público, fez exatamente o contrário.”
“Na sua saída, Gurgel abriu inquérito contra deus e o mundo, menos contra os tucanos, em especial o Aécio Neves. Foi um ato político dele, partidário, mesmo”, denuncia Correia. “Enfim, o que temíamos aconteceu. Arquivou sem ao menos abrir inquérito para investigar. Agora só falta Gurgel assinar a ficha de filiação ao PSDB.”
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