Por Vinícius Gomes, no sítio Outras Palavras:
Assim que descoberto, o dado chocou tanto que precisou ser desmentido. No começo da semana, jornalistas perceberam que um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicado há dois meses, revelava, sobre a Grécia (pág 112): “As taxas de HIV e uso de heroína cresceram significativamente; cerca de metade das novas infecções de HIV foram auto-infligidas, para permitir aos pacientes receber benefícios de 700 euros mensais e admissão mais rápida nos programas de substituição de drogas”. Horas depois, porta-vozes da OMS desmentiram a informação, atribuindo-a a um estranho “erro de revisão”.
Assim que descoberto, o dado chocou tanto que precisou ser desmentido. No começo da semana, jornalistas perceberam que um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicado há dois meses, revelava, sobre a Grécia (pág 112): “As taxas de HIV e uso de heroína cresceram significativamente; cerca de metade das novas infecções de HIV foram auto-infligidas, para permitir aos pacientes receber benefícios de 700 euros mensais e admissão mais rápida nos programas de substituição de drogas”. Horas depois, porta-vozes da OMS desmentiram a informação, atribuindo-a a um estranho “erro de revisão”.
Mas é duro tapar o sol com a peneira. Três anos depois de iniciados os programas de “austeridade” no Velho Continente, uma série de dados está demonstrando que a queda da qualidade de vida é mais dramática que se pensava. Além disso, não há sinais de recuperação das economias – um sinal de que o sacrifício irá se prolongar, a menos que haja revolta social. Eis alguns dados, elencados pelo jornalista Bernard Cassen, no site internacional Mémoire des Luttes:
- O número de suicídios de mulheres gregas pelo menos dobrou;
- Na antes riquíssima Finlândia, um em cada cinco jovens de 25 anos sofre de desordens psíquicas ou mentais associadas à depressão econômica;
- Na Espanha e Grécia tornou-se comum jovens casais retornarem à casa dos pais de um dos cônjuges;
- Em Milão, capital financeira da Itália, já não são incomuns as cenas de antigos membros da classe média obrigados a viver na rua;
- Apesar do desmonte dos serviços públicos, a dívida pública cresceu na Espanha, Portugal, Itália e Bélgica, após os pacotes de “austeridade”. O “remédio” está matando o doente: a receita pública cai muito mais que a despesa, porque, em economias submetidas à recessão, a arrecadação de impostos é muito menor.
Cassen zomba da situação atual dos dirigentes europeus: agora “eles precisam desesperadamente de uma ‘success story’” – mesmo que ínfima. Por isso, apelaram para o caso da Irlanda. O país anunciou que dispensará a renovação do pacote de “salvamento” de 85 bilhões de euros, que recebeu há anos. “A que preço?”, pergunta o jornalista. Ele mesmo responde: “13% da população permanece em desemprego; o PIB per capita caiu 8% em relação a 2008; a dívida pública, que era de 104% do PIB em 2011, saltou para 125%: eis o que custa aos irlandeses salvar os banqueiros e o euro”…
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