Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Ano passado, uma suposta entrevista do já “mitológico” Marcos Valério à revista Veja ganhou a capa da publicação e espalhou-se por todos os jornais, telejornais e grandes portais de internet. O personagem central dos mensalões do PT e do PSDB teria acusado o ex-presidente Lula de ter se reunido consigo e de saber de todos os fatos que geraram o escândalo petista.
A suposta denúncia de Valério gerou abertura de inquérito contra Lula no Ministério Público Federal de Brasília e foi tratada pela mídia como grande escândalo durante semanas, até que, mais recentemente, o mesmo Valério supostamente retrocedeu das supostas acusações.
O que pesava contra Lula – se é que pesava – não chegava aos pés da denúncia que o ex-ministro, ex-governador e candidato a presidente duas vezes José Serra sofreu na última quarta-feira do procurador de Justiça do Ministério Público Estadual de São Paulo Marcelo Milani, quem afirma ter evidências de envolvimento direto do tucano no escândalo envolvendo a multinacional Siemens e várias outras empresas fornecedoras de trens para a CPTM em 2008.
É extremamente grave a denúncia contra Serra por ter sido feita por um dos delatores do esquema de corrupção, o ex-diretor da Siemens Nelson Branco Marchetti, quem afirma que sofreu pressões do então governador de São Paulo (2008) durante evento na Holanda para que não denunciasse que a concorrente de sua empresa, a espanhola CAF, vencera uma concorrência para fornecimento/reforma de trens da CPTM com preços 15% mais altos.
Não é só. Segundo Milani, Marchetti afirma que, “No edital [da concorrência que a CAF venceu], havia a exigência de um capital social integralizado que a CAF não possuía. Mesmo assim, o então governador (José Serra) e seus secretários fizeram de tudo para defender a CAF”.
Apesar da gravidade dos fatos, o único veículo da grande mídia que noticiou o caso foi o Jornal O Estado de São Paulo, em matéria dos repórteres Fausto Macedo e Bruno Ribeiro. A matéria foi parar nos pés de páginas das homes de grandes portais como o UOL, sem qualquer destaque.
Nos telejornais, porém, à diferença do que ocorreu com a denúncia contra Lula no ano passado, não apareceu nada. Nem uma notinha rápida, absolutamente nada. E a denúncia estourou na quarta-feira.
A blindagem da mídia em relação ao escândalo, porém, é só um dos fatores que sugerem que esse caso pode se tornar apenas mais um dos incontáveis escândalos envolvendo o PSDB paulista que acabaram esquecidos por falta de interesse do Ministério Público Estadual e dos grandes meios de comunicação, com a providencial mãozinha da Assembleia Legislativa paulista, que abafou mais de uma centena de CPIs contra o governo do Estado.
O que ocorre é que a Lei Orgânica do MP paulista prevê que cabe exclusivamente ao procurador-geral do órgão investigar um ex-governador. Diante disso, o procurador Milani oficiou ao procurador-geral do MP paulista, Márcio Elias Rosa, para que investigue Serra.
O grande problema é que Rosa tem um histórico que sugere que não deverá se empenhar muito – para não dizer nada – nessa investigação que lhe está sendo delegada pela Lei Orgânica do MP paulista.
À diferença do que fizeram o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, que sempre nomearam para o cargo de procurador-geral da República o primeiro colocado da lista tríplice que os membros do Ministério Público Federal encaminham ao presidente da República em exercício com os três nomes mais votados para esse cargo, o governador Geraldo Alckmin, em 2012, nomeou o segundo colocado da lista que recebeu do MP, ou seja, Marcio Elias Rosa.
Alckmin apenas seguiu a tradição tucana de nunca nomear um procurador-geral que não fosse da mais estrita “confiança” de quem nomeou. Foi assim com Fernando Henrique Cardoso, que durante seus oito anos de governo teve um único procurador-geral da República enquanto que Lula teve quatro em oito anos e Dilma, dois em três anos e tanto de seu governo.
Obviamente que Alckmin teve boas razões (para si e os seus) para nomear Rosa, o segundo colocado da lista tríplice que recebeu dos membros do Ministério Público Estadual. Alguém suspeita de qual seja essa razão? Obviamente que não foi por achar que seria mais rigoroso com o seu governo. Tudo isso, pois, sugere que Rosa irá engavetar a investigação contra Serra.
Ano passado, uma suposta entrevista do já “mitológico” Marcos Valério à revista Veja ganhou a capa da publicação e espalhou-se por todos os jornais, telejornais e grandes portais de internet. O personagem central dos mensalões do PT e do PSDB teria acusado o ex-presidente Lula de ter se reunido consigo e de saber de todos os fatos que geraram o escândalo petista.
A suposta denúncia de Valério gerou abertura de inquérito contra Lula no Ministério Público Federal de Brasília e foi tratada pela mídia como grande escândalo durante semanas, até que, mais recentemente, o mesmo Valério supostamente retrocedeu das supostas acusações.
O que pesava contra Lula – se é que pesava – não chegava aos pés da denúncia que o ex-ministro, ex-governador e candidato a presidente duas vezes José Serra sofreu na última quarta-feira do procurador de Justiça do Ministério Público Estadual de São Paulo Marcelo Milani, quem afirma ter evidências de envolvimento direto do tucano no escândalo envolvendo a multinacional Siemens e várias outras empresas fornecedoras de trens para a CPTM em 2008.
É extremamente grave a denúncia contra Serra por ter sido feita por um dos delatores do esquema de corrupção, o ex-diretor da Siemens Nelson Branco Marchetti, quem afirma que sofreu pressões do então governador de São Paulo (2008) durante evento na Holanda para que não denunciasse que a concorrente de sua empresa, a espanhola CAF, vencera uma concorrência para fornecimento/reforma de trens da CPTM com preços 15% mais altos.
Não é só. Segundo Milani, Marchetti afirma que, “No edital [da concorrência que a CAF venceu], havia a exigência de um capital social integralizado que a CAF não possuía. Mesmo assim, o então governador (José Serra) e seus secretários fizeram de tudo para defender a CAF”.
Apesar da gravidade dos fatos, o único veículo da grande mídia que noticiou o caso foi o Jornal O Estado de São Paulo, em matéria dos repórteres Fausto Macedo e Bruno Ribeiro. A matéria foi parar nos pés de páginas das homes de grandes portais como o UOL, sem qualquer destaque.
Nos telejornais, porém, à diferença do que ocorreu com a denúncia contra Lula no ano passado, não apareceu nada. Nem uma notinha rápida, absolutamente nada. E a denúncia estourou na quarta-feira.
A blindagem da mídia em relação ao escândalo, porém, é só um dos fatores que sugerem que esse caso pode se tornar apenas mais um dos incontáveis escândalos envolvendo o PSDB paulista que acabaram esquecidos por falta de interesse do Ministério Público Estadual e dos grandes meios de comunicação, com a providencial mãozinha da Assembleia Legislativa paulista, que abafou mais de uma centena de CPIs contra o governo do Estado.
O que ocorre é que a Lei Orgânica do MP paulista prevê que cabe exclusivamente ao procurador-geral do órgão investigar um ex-governador. Diante disso, o procurador Milani oficiou ao procurador-geral do MP paulista, Márcio Elias Rosa, para que investigue Serra.
O grande problema é que Rosa tem um histórico que sugere que não deverá se empenhar muito – para não dizer nada – nessa investigação que lhe está sendo delegada pela Lei Orgânica do MP paulista.
À diferença do que fizeram o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, que sempre nomearam para o cargo de procurador-geral da República o primeiro colocado da lista tríplice que os membros do Ministério Público Federal encaminham ao presidente da República em exercício com os três nomes mais votados para esse cargo, o governador Geraldo Alckmin, em 2012, nomeou o segundo colocado da lista que recebeu do MP, ou seja, Marcio Elias Rosa.
Alckmin apenas seguiu a tradição tucana de nunca nomear um procurador-geral que não fosse da mais estrita “confiança” de quem nomeou. Foi assim com Fernando Henrique Cardoso, que durante seus oito anos de governo teve um único procurador-geral da República enquanto que Lula teve quatro em oito anos e Dilma, dois em três anos e tanto de seu governo.
Obviamente que Alckmin teve boas razões (para si e os seus) para nomear Rosa, o segundo colocado da lista tríplice que recebeu dos membros do Ministério Público Estadual. Alguém suspeita de qual seja essa razão? Obviamente que não foi por achar que seria mais rigoroso com o seu governo. Tudo isso, pois, sugere que Rosa irá engavetar a investigação contra Serra.
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