Por Igor Carvalho, na revista Fórum:
No último domingo (20), ao se dirigir à uma das bailarinas que integram o elenco de seu programa, que é negra, o apresentador Faustão disse: “Cabelo de vassoura de bruxa” (veja aqui o vídeo).
O comentário gerou revolta nos movimentos negros. “Diante desse lamentável comentário racista do apresentador Faustão, eu, assim como muitas mulheres negras, não vi como uma brincadeira e não aceito piada com esse teor, ainda mais vindo de uma emissora elitista e racista que é a TV Globo”, afirmou Lilian Araújo, da Frente Pretas, da UNEafro.
Maria Rita Casagrande, das Blogueiras Negras, também criticou a piada do apresentador global. “É inaceitável o racismo mascarado de piada, de gracinha, o constrangimento em nome do riso fácil. A mídia de maneira geral desvaloriza a beleza negra, reserva a nós os papeis que nos cabem segundo o senso comum, a empregada, a iletrada, a prostituta, o bandido, algo que naturaliza o preconceito e só traz prejuízos”, lamentou a ativista.
O cabelo e a identidade
É ponto comum, entre as entrevistadas, a importância do cabelo para a afirmação da identidade da mulher negra, uma conquista que, segundo Lilian já enfrenta resistência. “Sair dessa bolha não é fácil, não contamos com a aprovação social e isso se deve ao nosso passado, cor e ‘cabelo ruim’, como costumam dizer. E quando eu digo aprovação social, é no sentido que meu cabelo deve ser aceito assim como qualquer outro, tratando as diversidades e belezas que cada um possui.”
Maria Rita explica a importância da estética capilar para as afrodescedentes brasileiras. “O cabelo da mulher negra é parte fundamental de sua identidade, do reconhecer-se negra. Não nos ensinam a amar quem nós somos nas escolas, isto vem de uma construção, vem no meio de muita luta e não podemos aceitar que nossa identidade seja ridicularizada ou diminuída em nome do entretenimento. ”
A comunidade Cacheando em Salvador, da Bahia, se manifestou pelo Facebook e repudiou a piada de Faustão. “Não aceitamos mais que nos sejam impostos os padrões eurocêntricos de beleza. Não iremos tolerar que racismo seja reproduzido em nenhum ambiente e em grande mídia então. Não aceitaremos mais que nos ‘eduquem’ para sermos racistas.”
Para Sheila Nascimento, da Rede Afro LGBT, de Jequié, na Bahia, que há um ano e meio mantém seus cabelos crespos “sem químicas e sem alisamentos”, houve um enrijecimento do preconceito, desde que decidiu usar o cabelo em sua forma natural. “Para muitas têm sido difícil assumir o nosso cabelo, porque é como se ele gritasse pro mundo ‘nós somos negras!’, e por isso os ataques racistas, não direi nem que aumentaram, mas ficaram cada vez mais explícitos.”
A importância do cabelo, vulgarizada por Faustão, passaria por uma conquista mais ampla,de acordo com as ativistas, que é passar a ver a beleza negra como ela é sendo representada na mídia. ”Quando olho para as revistas e programas de TV eu não me vejo, não me reconheço então naturalmente eu vou querer me adequar àquilo que está sendo posto, e assim sucessivamente com nossos cabelos e traços”, afirma Sheila, que vê na resistência midiática um estímulo para o engajamento também estético. “É por isso que se assumir, enegrecer, encrespar, buscar suas raízes, é tão fundamental para que não se perca a força diante do racismo.”
No último domingo (20), ao se dirigir à uma das bailarinas que integram o elenco de seu programa, que é negra, o apresentador Faustão disse: “Cabelo de vassoura de bruxa” (veja aqui o vídeo).
O comentário gerou revolta nos movimentos negros. “Diante desse lamentável comentário racista do apresentador Faustão, eu, assim como muitas mulheres negras, não vi como uma brincadeira e não aceito piada com esse teor, ainda mais vindo de uma emissora elitista e racista que é a TV Globo”, afirmou Lilian Araújo, da Frente Pretas, da UNEafro.
Maria Rita Casagrande, das Blogueiras Negras, também criticou a piada do apresentador global. “É inaceitável o racismo mascarado de piada, de gracinha, o constrangimento em nome do riso fácil. A mídia de maneira geral desvaloriza a beleza negra, reserva a nós os papeis que nos cabem segundo o senso comum, a empregada, a iletrada, a prostituta, o bandido, algo que naturaliza o preconceito e só traz prejuízos”, lamentou a ativista.
O cabelo e a identidade
É ponto comum, entre as entrevistadas, a importância do cabelo para a afirmação da identidade da mulher negra, uma conquista que, segundo Lilian já enfrenta resistência. “Sair dessa bolha não é fácil, não contamos com a aprovação social e isso se deve ao nosso passado, cor e ‘cabelo ruim’, como costumam dizer. E quando eu digo aprovação social, é no sentido que meu cabelo deve ser aceito assim como qualquer outro, tratando as diversidades e belezas que cada um possui.”
Maria Rita explica a importância da estética capilar para as afrodescedentes brasileiras. “O cabelo da mulher negra é parte fundamental de sua identidade, do reconhecer-se negra. Não nos ensinam a amar quem nós somos nas escolas, isto vem de uma construção, vem no meio de muita luta e não podemos aceitar que nossa identidade seja ridicularizada ou diminuída em nome do entretenimento. ”
A comunidade Cacheando em Salvador, da Bahia, se manifestou pelo Facebook e repudiou a piada de Faustão. “Não aceitamos mais que nos sejam impostos os padrões eurocêntricos de beleza. Não iremos tolerar que racismo seja reproduzido em nenhum ambiente e em grande mídia então. Não aceitaremos mais que nos ‘eduquem’ para sermos racistas.”
Para Sheila Nascimento, da Rede Afro LGBT, de Jequié, na Bahia, que há um ano e meio mantém seus cabelos crespos “sem químicas e sem alisamentos”, houve um enrijecimento do preconceito, desde que decidiu usar o cabelo em sua forma natural. “Para muitas têm sido difícil assumir o nosso cabelo, porque é como se ele gritasse pro mundo ‘nós somos negras!’, e por isso os ataques racistas, não direi nem que aumentaram, mas ficaram cada vez mais explícitos.”
A importância do cabelo, vulgarizada por Faustão, passaria por uma conquista mais ampla,de acordo com as ativistas, que é passar a ver a beleza negra como ela é sendo representada na mídia. ”Quando olho para as revistas e programas de TV eu não me vejo, não me reconheço então naturalmente eu vou querer me adequar àquilo que está sendo posto, e assim sucessivamente com nossos cabelos e traços”, afirma Sheila, que vê na resistência midiática um estímulo para o engajamento também estético. “É por isso que se assumir, enegrecer, encrespar, buscar suas raízes, é tão fundamental para que não se perca a força diante do racismo.”
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