Por Gilberto Maringoni, via facebook, no blog Escrevinhador:
A Folha de S. Paulo desta quinta (10) faz novo ataque ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O torpedo se volta ao relevante trabalho desempenhado desde 2010 pela Missão Ipea na Venezuela, que deveria ser a primeira de uma série de iniciativas de integração regional. Outros escritórios seriam abertos em países do Mercosul.
Não serão mais, pela mudança de rumos ocorrida no Instituto.
Aproveitando o embalo dos problemas na consolidação da pesquisa sobre violência contra as mulheres, o jornal busca desqualificar o trabalho inovador realizado por Marcio Pochmann à testa do Instituto (2007-2012).
O correto seria buscar entrevistar o atual presidente do Ipea. Mas não. E isso tem razões claras.
Marcio provocou uma verdadeira revolução nos trabalhos do órgão. O número de pesquisas e publicações aumentou sensivelmente, bem como os campos de análise. O Ipea abriu-se para áreas que iam além da economia, abrangendo sociedade, antropologia, cultura, história e relações internacionais.
Seus estudos tornaram-se referência não apenas para órgãos governamentais, mas também para entidades associativas e movimentos sociais. A pauta dominante convergia para temas ligados ao desenvolvimento.
Como se sabe, Dilma Rousseff retirou o desenvolvimento da agenda nacional e realiza um governo de perfil ortodoxo e medíocre na seara econômica. Com isso, a gestão de Pochmann passou a ser um incômodo.
Por pressão de Wellington Moreira Franco (PMDB-RJ), nomeado ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos na partilha de cargos para compor a base aliada, a presidenta decidiu nomear o economista Marcelo Neri para a presidência da instituição. Neri desposa teses abertamente neoliberais e focou os trabalhos na incerta “nova classe média”.
Um de seus objetivos é acabar com as missões no exterior. Para isso, a Folha dá sua desinteressada ajuda.
Os termos da matéria são levianos, a exemplo deste: “Única representação internacional do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a filial do órgão na Venezuela prioriza análises favoráveis ao chavismo e projetos de integração com o Brasil ao estudo dos graves problemas macroeconômicos do país”.
O chefe da missão na Venezuela é o economista Pedro da Silva Barros, doutor pela FEA-USP. Em menos de quatro anos, ele produziu e coordenou dez relatórios específicos no âmbito da cooperação bilateral, com temas ligados à urbanização, indústria petroquímica, desenvolvimento na região da fronteira, integração produtiva entre os dois países etc.), oito cursos sobre negociações internacionais e políticas públicas, dois livros, seis artigos e relatórios de pesquisa, participação em 21 seminários, conferências, palestras e debates, três congressos acadêmicos e várias publicações em jornais, revistas e sites. Os dados constam de memorando enviado pelo economista ao jornal paulistano.
A Folha reclama que o tom dos trabalhos ”varia entre o neutro e o elogioso ao chavismo”.
Não é verdade. O problema é que a mídia brasileira – useira e vezeira em distorcer fatos sobre o país – só acha relevantes e com credibilidade matérias que ataquem de frente os governos Chávez e Maduro.
Por omitirem conquistas reais – como elevação da qualidade de vida, fim do analfabetismo, melhoria da distribuição de renda etc. –, tudo o que não faça coro com uma cobertura, no mais das vezes enviesada, significa “politizar” as coisas, como malandramente insinua a matéria.
O texto do jornal critica ainda o fato de Pedro Barros escrever e opinar sobre a política venezuelana em sites e blogs.
Ou seja, um jornal que alega defender com unhas e dentes a liberdade de expressão quer impedir justamente a liberdade de expressão.
Em tempo: fui bolsista do Ipea entre 2008 e 2011 e editor da revista ‘Desafios do desenvolvimento’ entre 2011 e 2012.
A Folha de S. Paulo desta quinta (10) faz novo ataque ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O torpedo se volta ao relevante trabalho desempenhado desde 2010 pela Missão Ipea na Venezuela, que deveria ser a primeira de uma série de iniciativas de integração regional. Outros escritórios seriam abertos em países do Mercosul.
Não serão mais, pela mudança de rumos ocorrida no Instituto.
Aproveitando o embalo dos problemas na consolidação da pesquisa sobre violência contra as mulheres, o jornal busca desqualificar o trabalho inovador realizado por Marcio Pochmann à testa do Instituto (2007-2012).
O correto seria buscar entrevistar o atual presidente do Ipea. Mas não. E isso tem razões claras.
Marcio provocou uma verdadeira revolução nos trabalhos do órgão. O número de pesquisas e publicações aumentou sensivelmente, bem como os campos de análise. O Ipea abriu-se para áreas que iam além da economia, abrangendo sociedade, antropologia, cultura, história e relações internacionais.
Seus estudos tornaram-se referência não apenas para órgãos governamentais, mas também para entidades associativas e movimentos sociais. A pauta dominante convergia para temas ligados ao desenvolvimento.
Como se sabe, Dilma Rousseff retirou o desenvolvimento da agenda nacional e realiza um governo de perfil ortodoxo e medíocre na seara econômica. Com isso, a gestão de Pochmann passou a ser um incômodo.
Por pressão de Wellington Moreira Franco (PMDB-RJ), nomeado ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos na partilha de cargos para compor a base aliada, a presidenta decidiu nomear o economista Marcelo Neri para a presidência da instituição. Neri desposa teses abertamente neoliberais e focou os trabalhos na incerta “nova classe média”.
Um de seus objetivos é acabar com as missões no exterior. Para isso, a Folha dá sua desinteressada ajuda.
Os termos da matéria são levianos, a exemplo deste: “Única representação internacional do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a filial do órgão na Venezuela prioriza análises favoráveis ao chavismo e projetos de integração com o Brasil ao estudo dos graves problemas macroeconômicos do país”.
O chefe da missão na Venezuela é o economista Pedro da Silva Barros, doutor pela FEA-USP. Em menos de quatro anos, ele produziu e coordenou dez relatórios específicos no âmbito da cooperação bilateral, com temas ligados à urbanização, indústria petroquímica, desenvolvimento na região da fronteira, integração produtiva entre os dois países etc.), oito cursos sobre negociações internacionais e políticas públicas, dois livros, seis artigos e relatórios de pesquisa, participação em 21 seminários, conferências, palestras e debates, três congressos acadêmicos e várias publicações em jornais, revistas e sites. Os dados constam de memorando enviado pelo economista ao jornal paulistano.
A Folha reclama que o tom dos trabalhos ”varia entre o neutro e o elogioso ao chavismo”.
Não é verdade. O problema é que a mídia brasileira – useira e vezeira em distorcer fatos sobre o país – só acha relevantes e com credibilidade matérias que ataquem de frente os governos Chávez e Maduro.
Por omitirem conquistas reais – como elevação da qualidade de vida, fim do analfabetismo, melhoria da distribuição de renda etc. –, tudo o que não faça coro com uma cobertura, no mais das vezes enviesada, significa “politizar” as coisas, como malandramente insinua a matéria.
O texto do jornal critica ainda o fato de Pedro Barros escrever e opinar sobre a política venezuelana em sites e blogs.
Ou seja, um jornal que alega defender com unhas e dentes a liberdade de expressão quer impedir justamente a liberdade de expressão.
Em tempo: fui bolsista do Ipea entre 2008 e 2011 e editor da revista ‘Desafios do desenvolvimento’ entre 2011 e 2012.
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