domingo, 21 de setembro de 2014

Marina mentiu sobre palestras pagas?

Por Altamiro Borges

Até hoje, a ex-verde Marina Silva não explicou direito a origem da grana que recebeu com palestras proferidas nos últimos três anos – cerca de R$ 1,6 milhão. Num primeiro momento, ela disse que era alvo de “calúnias”. Na sequência, garantiu que não poderia dar os nomes dos pagadores em função de uma “cláusula de confidencialidade” nos contratos firmados. Neste domingo (21), porém, a Folha tucana – a mesma que trouxe o caso à tona – questionou a desculpa na matéria intitulada “Clientes contrariam versão de Marina Silva”. A candidata-carona do PSB cada dia se enrola mais em temas delicados, como o do jatinho fantasma ou o das doações da banqueira Neca Setubal, herdeira do Itaú.

Segundo a reportagem de Aguirre Talento e Fernanda Odilla, “a cláusula de confidencialidade usada como justificativa pela candidata Marina para manter sob sigilo os clientes e valores individualizados de suas palestras não se aplica a todos seus contratos. Ao contrário do que ela tem dito publicamente, quatro entidades disseram à Folha que não assinaram nenhum acordo para tratar como sigiloso o valor pago... Procurada, a assessoria da campanha agora afirma que houve contratos sem cláusula de confidencialidade e sustenta que, posteriormente, a empresa de Marina passou a oferecer essa opção por exigência dos clientes”. Não é só no programa que Marina Silva se desdisse a cada dia!

No início de setembro, durante entrevista ao SBT, a candidata afirmou que a confidencialidade era “uma exigência das pessoas que contratam” e garantiu que não via “nenhum problema em que sejam reveladas as empresas”. Mas, de concreto, ela rejeitou revelar os clientes e os valores. A Folha procurou 32 entidades para as quais Marina Silva deu palestras desde 2011, após deixar o Senado; 17 responderam à consulta e, destas, “quatro revelaram não ter existido acordo de confidencialidade” e três declararam os valores. A Associação Comercial de Minas Gerais pagou R$ 31 mil; a Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro, R$ 5 mil, e o Conselho Federal de Contabilidade, R$ 33 mil.

Diante destes e de outros fatos sinistros, o PT já havia solicitado à Procuradoria-Geral Eleitoral uma investigação sobre os rendimentos de Marina Silva. A sigla alegou que era incompatível o patrimônio declarado pela candidata junto ao TSE, de apenas R$ 135 mil, quando ela mesma admitiu que recebeu R$ 1,6 milhão pelas palestras. “A omissão da existência desses valores no patrimônio de Marina Silva autoriza que se investigue se referidos pagamentos foram destinados para outras contas do partido ao qual ela é filiada (ou para a instituição Rede Sustentabilidade), ou até mesmo para outra pessoa jurídica doadora da campanha da candidata para, posteriormente, em tese, ser injetado na campanha oficialmente”.

A suspeita levantada pelo PT, da existência de Caixa-2, até agora não foi confirmada pela PGE. Mas a pergunta se mantém: por que tanto segredo com os nomes dos clientes e os valores pagos? Bancos e instituições estrangeiras bancaram as tais palestras? Por que essa grana não consta da declaração de patrimônio da candidata ao Tribunal Superior Eleitoral? Agora que a desculpa da “confidencialidade” foi para o vinagre, talvez as respostas apareçam. A conferir!

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