Por Conceição Lemes, no blog Viomundo:
No sábado passado 27, por volta das 15h, o jornalista e suplente de vereador de São José do Rio Preto, Mario Welber, foi detido pela Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, quando embarcava para a sua cidade, no interior paulista.
O sistema de raios-X de Congonhas descobriu que Welber carregava R$ 102 mil em dinheiro vivo, além de dezesseis cheques assinados em branco. Ele não conseguiu explicar aos policiais a origem do dinheiro.
Detalhe 1: Welber é do PSDB de Rio Preto e os cheques são do deputado estadual Bruno Covas (PSDB-SP), ex-secretário do Meio Ambiente do governo Geraldo Alckmin.
Detalhe 2: Quase cinco dias após o flagrante, a PF não vazou o caso, ao contrário do que fez imediatamente em casos semelhantes envolvendo petistas. Também não distribuiu para a mídia fotos do dinheiro, como já fez em outras situações.
A PF se recusa até a confirmar os nomes dos tucanos em foco.
A resposta da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, via sua assessoria de imprensa, aos questionamentos do Viomundo comprova isso:
A Polícia Federal não divulga nomes de pessoas físicas e jurídicas envolvidas em suas ações. No entanto, confirmamos que houve uma apreensão de cerca de R$ 100.000,00 — em espécie — no sábado. Tal quantia se encontrava com um homem que embarcaria no Aeroporto de Congonhas. Não houve prisão, mas o viajante, bem como seus pertences, foram encaminhados à Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo.
Por não haver comprovação documental de origem, o numerário foi apreendido e foi instaurado inquérito policial pela Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros. Caso se comprove origem lícita, ele será devolvido.
Curiosidade 1: Na sua resposta ao Viomundo, a assessoria de imprensa da PF “se esqueceu” dos cheques em branco assinados por Bruno Covas.
Curiosidade 2: A PF em São Paulo mudou tanto que, diante das conexões do caso com o PSDB e a campanha política, registrou flagrante como crime financeiro e não como crime eleitoral.
Resultado: O suplente de vereador tucano foi indiciado apenas no âmbito da Delegacia de Crimes Financeiros (Delefin/PF) e responderá o processo em liberdade. Os R$ 102 mil e os cheques foram apreendidos. O caso foi registrado na Polícia Federal como IPL (Inquérito Policial) 245/2014-11.
Certamente, a esta altura, muitos devem estar se perguntando:
– Foi uma operação-abafa da PF paulista?
– Afinal, quem é Mario Welber para ser blindado?
– Ou foi mais para blindar o deputado tucano Bruno Covas, neto do falecido Mario Covas?
Mario Welber, 31 anos, já foi repórter da TV Tem (retransmissora da Globo), em Rio Preto.
Mas o que mais salta à vista é seu bom relacionamento com os grão-tucanos.
Em 30 de setembro de 2009, Mario Welber foi nomeado como agente de segurança parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Nessa função, o funcionário pode ficar lotado em gabinete de deputado, liderança partidária, secretarias ou da presidência da Casa. Em 19 de outubro de 2011, ele foi exonerado.
Em 4 janeiro de 2011, Bruno Covas assumiu a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Entre janeiro e outubro de 2011, Welber, embora lotado na Alesp, se apresentava como assessor do então secretário Bruno Covas, segundo informação de fonte de São José do Rio Preto, interior de SP.
Seria então Welber funcionário fantasma da Assembleia, já que assessorava Bruno Covas na condição de Secretário do Meio Ambiente?
Matéria publicada na Jornal Folha Noroeste de 14 de maio de 2011, sobre reunião na Secretaria do Meio Ambiente, não deixa dúvida. Lotado na Alesp, Welber atuava na Secretaria dirigida por Bruno Covas:
Atualmente, segundo o seu perfil no twitter, ele é apresentador das rádios Canção Nova e Interativa. Também aparece como assessor da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. O seu contrato, porém, é com a Cetesb.
O twitter e o Facebook escancaram que Welber é carne e unha com os tucanos de alta plumagem.
Nas redes sociais, Welber gosta de falar sobre ética, moralidade pública, “nova política”. Mas a prática é outra.
Telefonamos várias vezes para o celular de Welber (017 98120-****), para saber o que tinha a dizer sobre a detenção em Congonhas, os R$ 102 mil em grana viva e os cheques em branco de Bruno Covas.
Na primeira ligação, assim que esta repórter começou a explicar o motivo do contato, ele disse:
– Não estou escutando direito, não estou escutando direito…
Desligou.
Na segunda ligação, cheguei a ouvir a voz dele, de novo:
– Não estou escutando…
Desligou.
Do terceiro telefonema em diante, só deu caixa postal. Deixei recado. Mandei torpedo detalhando o meu questionamento:
– Mario, aqui é Conceição Lemes, editora do Viomundo. Preciso falar urgentemente com você. É sobre a sua detenção em Congonhas com dinheiro e cheques em branco de Bruno Covas. O que você tem a dizer? Aguardo retorno urgente. Estou fechando matéria sobre isso. Sds
Mario Welber respondeu:
– Boa tarde. Tentei te retornar. Ligue para o dr. Carpano: 11 99480-****
Liguei para o “dr. Carpano”. Ele se limitou a dizer:
– Alô, alô…
– Dr. Carpano, aqui é Conceição Lemes, repórter, o Mario Weber pediu para que eu falasse com o senhor…
Nem terminei de falar, “dr. Carpano” desligou, dando a impressão de que talvez estivesse ao lado de Welber, acompanhando tudo.
Tentei outras vezes, claro. Silêncio. Caixa postal. Deixei recados no celular. Mandei torpedos. Nada.
Contatei também várias vezes o gabinete do deputado Bruno Covas na Alesp. Depois de me apresentar, explicava:
– Preciso falar com o deputado ou com a assessoria de imprensa de imprensa dele.
– Para que matéria?
– Soubemos que o Mario Welber foi detido em Congonhas com cerca de 100 mil reais e cheques em branco assinados pelo deputado Bruno Covas.
– O deputado não está.
– E o assessor de imprensa?
– Também não está.
– Poderia me passar o celular dele, para eu contatá-lo?
– Não estou autorizada, mas vou passar o seu telefone e o seu recado.
Como não houve retorno, insisti. A secretária era a mesma. Expliquei tudo de novo.
Ela reconheceu a minha voz e eu a dela:
– Eu já dei o seu recado para a assessoria de imprensa.
– Por favor, reforce então a minha solicitação.
Nada.
Última cartada. Liguei para o gabinete do deputado e pedi o telefone do escritório de campanha:
– Não estou autorizada a dar, mas vou passar, de novo, o seu recado. O seu telefone é o 999**-****?
Estou esperando, sentada, até agora o retorno.
Se Mario Welber e Bruno Covas fossem do PT, seria o maior estardalhaço. Com direito a “furo” de reportagem, exclusivo no Jornal Nacional ou no Fantástico.
Curiosamente, Welber deu uma entrevista.
Foi ao Estadão, que publicou hoje o que poderíamos chamar de “vacina”. Em jornalismo, é a reportagem que esvazia o balão de outras e conta o caso pela metade.
Vejam o título:
“Apoiador”? Não seria “assessor”?
Segue o texto:
*****
Em Congonhas, agentes descobrem dinheiro, além de 16 cheques da campanha de Bruno Covas com suplente de vereador do interior
02.10.2014 | 02:00
FAUSTO MACEDO E DIEGO ZANCHETTA – O Estado de S.Paulo
Colaborador de campanha do deputado estadual Bruno Covas (PSDB), que concorre a uma cadeira na Câmara, o radialista e suplente de vereador tucano em São José do Rio Preto Mário Welber foi flagrado sábado no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, levando na pasta de mão R$ 102 mil em dinheiro vivo e um envelope com 16 cheques e um cartão de campanha do neto do ex-governador Mário Covas.
Welber foi interceptado pela Polícia Federal (PF) no aparelho de raio X que identificou o dinheiro. Ele não chegou a ser preso, mas a PF abriu inquérito para investigar a origem dos valores. Segundo a PF, o apoiador do tucano, que também é mestre de cerimônias da Câmara Municipal de Rio Preto, não explicou a procedência do dinheiro.
Nessa época de eleições a PF redobra a vigilância nos aeroportos porque políticos e assessores costumam circular com recursos em espécie. Welber foi barrado quando embarcava com destino a Rio Preto. “O dinheiro é meu, não tem nada com a campanha do Bruno. Esse dinheiro é de um trabalhador anônimo, uma pessoa que está na batalha. Eu não tenho como andar com meu imposto de renda debaixo do braço, mas afirmo que tenho como comprovar a origem do dinheiro, tenho renda e caixa. Sou um microempresário na área de mídia.”
Ele disse que veio a São Paulo para “fazer um negócio”, a compra de um carro, mas não deu certo e retornava a Rio Preto.
Sobre o material de campanha de Covas, ele afirmou. “Eu estava apenas transportando o envelope com os cheques, se eu soubesse que ia dar tudo isso não teria me comprometido a levar. Se não existissem algumas anotações pessoais e o cartão (de Bruno Covas) jamais iriam me parar. É uma leviandade até com ele (Covas), na véspera das eleições. Isso vai acabar com a minha vida. Vão achar que eu estava com dólares na cueca.”
Covas, ex-presidente da Juventude do PSDB, atual secretário-geral estadual do partido, foi eleito deputado da Assembleia Legislativa paulista pela primeira vez em 2006. Em 2011, foi nomeado pelo governador Geraldo Alckmin para o cargo de secretário do Meio Ambiente. Em abril entrou em campanha por uma vaga na Câmara.
Welber disse que não é assessor do tucano, mas colabora com a campanha de Covas no interior. Em seu perfil nas redes sociais ele se identifica como “assessor da Secretaria do Meio Ambiente do Estado”.
Despesas. Ele afirma que ia entregar o envelope para um certo “sr. Ulisses”. “Ele (Ulisses) mora em Severínia, trabalha diretamente com o Bruno na Assembleia. Eu sou apenas um colaborador da campanha. Eu também colaboro com outras campanhas. Foram apreendidos vários cartões lá. Não trabalho na assessoria dele (Covas), não sou coordenador, nem tesoureiro de campanha. Conheci o Bruno da política, todo mundo hoje conhece o Bruno. Essa história só está dando tudo isso porque ele é um político em ascensão.”
Segundo ele, os cheques seriam destinados ao pagamento de despesas da campanha com fornecedores e “pessoas que trabalham na campanha”. “Eu não sei exatamente quais despesas, me entregaram cheques num envelope, eu separei e guardei no compartimento da pasta.”
Welber disse que vai justificar rapidamente à PF a procedência do dinheiro. “Vou me antecipar. O delegado deu 15 dias, mas na segunda-feira que vem eu já apresento a documentação, as notas todas. Se eu não comprovar essa renda no prazo legal podem acabar com a minha vida. Estamos a poucas horas das eleições. É muito fácil falar. Encontraram cartões de outros políticos!”
*****
No sábado passado 27, por volta das 15h, o jornalista e suplente de vereador de São José do Rio Preto, Mario Welber, foi detido pela Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, quando embarcava para a sua cidade, no interior paulista.
O sistema de raios-X de Congonhas descobriu que Welber carregava R$ 102 mil em dinheiro vivo, além de dezesseis cheques assinados em branco. Ele não conseguiu explicar aos policiais a origem do dinheiro.
Detalhe 1: Welber é do PSDB de Rio Preto e os cheques são do deputado estadual Bruno Covas (PSDB-SP), ex-secretário do Meio Ambiente do governo Geraldo Alckmin.
Detalhe 2: Quase cinco dias após o flagrante, a PF não vazou o caso, ao contrário do que fez imediatamente em casos semelhantes envolvendo petistas. Também não distribuiu para a mídia fotos do dinheiro, como já fez em outras situações.
A PF se recusa até a confirmar os nomes dos tucanos em foco.
A resposta da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, via sua assessoria de imprensa, aos questionamentos do Viomundo comprova isso:
A Polícia Federal não divulga nomes de pessoas físicas e jurídicas envolvidas em suas ações. No entanto, confirmamos que houve uma apreensão de cerca de R$ 100.000,00 — em espécie — no sábado. Tal quantia se encontrava com um homem que embarcaria no Aeroporto de Congonhas. Não houve prisão, mas o viajante, bem como seus pertences, foram encaminhados à Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo.
Por não haver comprovação documental de origem, o numerário foi apreendido e foi instaurado inquérito policial pela Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros. Caso se comprove origem lícita, ele será devolvido.
Curiosidade 1: Na sua resposta ao Viomundo, a assessoria de imprensa da PF “se esqueceu” dos cheques em branco assinados por Bruno Covas.
Curiosidade 2: A PF em São Paulo mudou tanto que, diante das conexões do caso com o PSDB e a campanha política, registrou flagrante como crime financeiro e não como crime eleitoral.
Resultado: O suplente de vereador tucano foi indiciado apenas no âmbito da Delegacia de Crimes Financeiros (Delefin/PF) e responderá o processo em liberdade. Os R$ 102 mil e os cheques foram apreendidos. O caso foi registrado na Polícia Federal como IPL (Inquérito Policial) 245/2014-11.
Certamente, a esta altura, muitos devem estar se perguntando:
– Foi uma operação-abafa da PF paulista?
– Afinal, quem é Mario Welber para ser blindado?
– Ou foi mais para blindar o deputado tucano Bruno Covas, neto do falecido Mario Covas?
Mario Welber, 31 anos, já foi repórter da TV Tem (retransmissora da Globo), em Rio Preto.
Mas o que mais salta à vista é seu bom relacionamento com os grão-tucanos.
Em 30 de setembro de 2009, Mario Welber foi nomeado como agente de segurança parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Nessa função, o funcionário pode ficar lotado em gabinete de deputado, liderança partidária, secretarias ou da presidência da Casa. Em 19 de outubro de 2011, ele foi exonerado.
Em 4 janeiro de 2011, Bruno Covas assumiu a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Entre janeiro e outubro de 2011, Welber, embora lotado na Alesp, se apresentava como assessor do então secretário Bruno Covas, segundo informação de fonte de São José do Rio Preto, interior de SP.
Seria então Welber funcionário fantasma da Assembleia, já que assessorava Bruno Covas na condição de Secretário do Meio Ambiente?
Matéria publicada na Jornal Folha Noroeste de 14 de maio de 2011, sobre reunião na Secretaria do Meio Ambiente, não deixa dúvida. Lotado na Alesp, Welber atuava na Secretaria dirigida por Bruno Covas:
Atualmente, segundo o seu perfil no twitter, ele é apresentador das rádios Canção Nova e Interativa. Também aparece como assessor da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. O seu contrato, porém, é com a Cetesb.
O twitter e o Facebook escancaram que Welber é carne e unha com os tucanos de alta plumagem.
Nas redes sociais, Welber gosta de falar sobre ética, moralidade pública, “nova política”. Mas a prática é outra.
Telefonamos várias vezes para o celular de Welber (017 98120-****), para saber o que tinha a dizer sobre a detenção em Congonhas, os R$ 102 mil em grana viva e os cheques em branco de Bruno Covas.
Na primeira ligação, assim que esta repórter começou a explicar o motivo do contato, ele disse:
– Não estou escutando direito, não estou escutando direito…
Desligou.
Na segunda ligação, cheguei a ouvir a voz dele, de novo:
– Não estou escutando…
Desligou.
Do terceiro telefonema em diante, só deu caixa postal. Deixei recado. Mandei torpedo detalhando o meu questionamento:
– Mario, aqui é Conceição Lemes, editora do Viomundo. Preciso falar urgentemente com você. É sobre a sua detenção em Congonhas com dinheiro e cheques em branco de Bruno Covas. O que você tem a dizer? Aguardo retorno urgente. Estou fechando matéria sobre isso. Sds
Mario Welber respondeu:
– Boa tarde. Tentei te retornar. Ligue para o dr. Carpano: 11 99480-****
Liguei para o “dr. Carpano”. Ele se limitou a dizer:
– Alô, alô…
– Dr. Carpano, aqui é Conceição Lemes, repórter, o Mario Weber pediu para que eu falasse com o senhor…
Nem terminei de falar, “dr. Carpano” desligou, dando a impressão de que talvez estivesse ao lado de Welber, acompanhando tudo.
Tentei outras vezes, claro. Silêncio. Caixa postal. Deixei recados no celular. Mandei torpedos. Nada.
Contatei também várias vezes o gabinete do deputado Bruno Covas na Alesp. Depois de me apresentar, explicava:
– Preciso falar com o deputado ou com a assessoria de imprensa de imprensa dele.
– Para que matéria?
– Soubemos que o Mario Welber foi detido em Congonhas com cerca de 100 mil reais e cheques em branco assinados pelo deputado Bruno Covas.
– O deputado não está.
– E o assessor de imprensa?
– Também não está.
– Poderia me passar o celular dele, para eu contatá-lo?
– Não estou autorizada, mas vou passar o seu telefone e o seu recado.
Como não houve retorno, insisti. A secretária era a mesma. Expliquei tudo de novo.
Ela reconheceu a minha voz e eu a dela:
– Eu já dei o seu recado para a assessoria de imprensa.
– Por favor, reforce então a minha solicitação.
Nada.
Última cartada. Liguei para o gabinete do deputado e pedi o telefone do escritório de campanha:
– Não estou autorizada a dar, mas vou passar, de novo, o seu recado. O seu telefone é o 999**-****?
Estou esperando, sentada, até agora o retorno.
Se Mario Welber e Bruno Covas fossem do PT, seria o maior estardalhaço. Com direito a “furo” de reportagem, exclusivo no Jornal Nacional ou no Fantástico.
Curiosamente, Welber deu uma entrevista.
Foi ao Estadão, que publicou hoje o que poderíamos chamar de “vacina”. Em jornalismo, é a reportagem que esvazia o balão de outras e conta o caso pela metade.
Vejam o título:
“Apoiador”? Não seria “assessor”?
Segue o texto:
*****
Em Congonhas, agentes descobrem dinheiro, além de 16 cheques da campanha de Bruno Covas com suplente de vereador do interior
02.10.2014 | 02:00
FAUSTO MACEDO E DIEGO ZANCHETTA – O Estado de S.Paulo
Colaborador de campanha do deputado estadual Bruno Covas (PSDB), que concorre a uma cadeira na Câmara, o radialista e suplente de vereador tucano em São José do Rio Preto Mário Welber foi flagrado sábado no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, levando na pasta de mão R$ 102 mil em dinheiro vivo e um envelope com 16 cheques e um cartão de campanha do neto do ex-governador Mário Covas.
Welber foi interceptado pela Polícia Federal (PF) no aparelho de raio X que identificou o dinheiro. Ele não chegou a ser preso, mas a PF abriu inquérito para investigar a origem dos valores. Segundo a PF, o apoiador do tucano, que também é mestre de cerimônias da Câmara Municipal de Rio Preto, não explicou a procedência do dinheiro.
Nessa época de eleições a PF redobra a vigilância nos aeroportos porque políticos e assessores costumam circular com recursos em espécie. Welber foi barrado quando embarcava com destino a Rio Preto. “O dinheiro é meu, não tem nada com a campanha do Bruno. Esse dinheiro é de um trabalhador anônimo, uma pessoa que está na batalha. Eu não tenho como andar com meu imposto de renda debaixo do braço, mas afirmo que tenho como comprovar a origem do dinheiro, tenho renda e caixa. Sou um microempresário na área de mídia.”
Ele disse que veio a São Paulo para “fazer um negócio”, a compra de um carro, mas não deu certo e retornava a Rio Preto.
Sobre o material de campanha de Covas, ele afirmou. “Eu estava apenas transportando o envelope com os cheques, se eu soubesse que ia dar tudo isso não teria me comprometido a levar. Se não existissem algumas anotações pessoais e o cartão (de Bruno Covas) jamais iriam me parar. É uma leviandade até com ele (Covas), na véspera das eleições. Isso vai acabar com a minha vida. Vão achar que eu estava com dólares na cueca.”
Covas, ex-presidente da Juventude do PSDB, atual secretário-geral estadual do partido, foi eleito deputado da Assembleia Legislativa paulista pela primeira vez em 2006. Em 2011, foi nomeado pelo governador Geraldo Alckmin para o cargo de secretário do Meio Ambiente. Em abril entrou em campanha por uma vaga na Câmara.
Welber disse que não é assessor do tucano, mas colabora com a campanha de Covas no interior. Em seu perfil nas redes sociais ele se identifica como “assessor da Secretaria do Meio Ambiente do Estado”.
Despesas. Ele afirma que ia entregar o envelope para um certo “sr. Ulisses”. “Ele (Ulisses) mora em Severínia, trabalha diretamente com o Bruno na Assembleia. Eu sou apenas um colaborador da campanha. Eu também colaboro com outras campanhas. Foram apreendidos vários cartões lá. Não trabalho na assessoria dele (Covas), não sou coordenador, nem tesoureiro de campanha. Conheci o Bruno da política, todo mundo hoje conhece o Bruno. Essa história só está dando tudo isso porque ele é um político em ascensão.”
Segundo ele, os cheques seriam destinados ao pagamento de despesas da campanha com fornecedores e “pessoas que trabalham na campanha”. “Eu não sei exatamente quais despesas, me entregaram cheques num envelope, eu separei e guardei no compartimento da pasta.”
Welber disse que vai justificar rapidamente à PF a procedência do dinheiro. “Vou me antecipar. O delegado deu 15 dias, mas na segunda-feira que vem eu já apresento a documentação, as notas todas. Se eu não comprovar essa renda no prazo legal podem acabar com a minha vida. Estamos a poucas horas das eleições. É muito fácil falar. Encontraram cartões de outros políticos!”
*****
A “reportagem” do Estadão é quase que totalmente baseada na versão dada por Welber. São sete aspas dele, ou seja, sete declarações do detido. Por que ele carregava R$ 102 mil em dinheiro, quando poderia simplesmente transferir a quantia entre contas bancárias? É uma das perguntas que faríamos a Welber se o celular dele funcionasse direito. O estranho é que dois repórteres de um jornal tão conceituado não tenham tido a mesma curiosidade.
“Vão achar que eu estava com dólares na cueca”, disse Welber ao Estadão. Não, Welber não estava com dólares na cueca. Não, Welber não será alvo da mídia como foi aquele assessor do PT, também detido em Congonhas, cuja vida foi devassada a partir do dia da apreensão, com direito a fotos da “Divulgação” da Polícia Federal e reportagens no Jornal Nacional.
No Estadão, Mario Welber teve direito, para se defender, a 27 linhas de um texto de 45. Isso dá 60% da reportagem!
É a famosa blindagem tucana.
Dois pesos, duas medidas.
“Vão achar que eu estava com dólares na cueca”, disse Welber ao Estadão. Não, Welber não estava com dólares na cueca. Não, Welber não será alvo da mídia como foi aquele assessor do PT, também detido em Congonhas, cuja vida foi devassada a partir do dia da apreensão, com direito a fotos da “Divulgação” da Polícia Federal e reportagens no Jornal Nacional.
No Estadão, Mario Welber teve direito, para se defender, a 27 linhas de um texto de 45. Isso dá 60% da reportagem!
É a famosa blindagem tucana.
Dois pesos, duas medidas.
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