sábado, 20 de junho de 2015

Alckmin visitará presidente da Odebrecht?

Por Altamiro Borges

Em mais uma fase da midiática Operação Lava-Jato, a Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira (19) quatro diretores da Construtora Norberto Odebrecht, inclusive o seu presidente, Marcelo Odebrecht. Também foi detido o chefão da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo. Os executivos das duas maiores empreiteiras do país são acusados de corrupção e formação de cartel por ex-diretores da Petrobras e mafiosos que tentam o benefício da "delação premiada". Os presos foram levados para as celas da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde permanecerão à disposição da Justiça.

Durante todo o dia, as emissores de rádio e tevê e os sites dos principais veículos da imprensa deram enorme destaque às prisões. Alguns "calunistas" fizeram o máximo para reforçar o clima de pânico na sociedade, divulgando que as detenções deverão resultar em maiores dificuldades econômicas para o país – com paralisação de obras e a demissão de operários. O objetivo deste catastrofismo é evidente: desgastar o governo Dilma. Neste esforço, porém, eles deixaram de noticiar que uma das últimas atividades públicas do presidente da Odebrecht foi um jantar em pleno Palácio dos Bandeirantes.

Para refrescar a memória, reproduzo abaixo texto postado no blog em 12 de maio e, de cara, faço uma singela pergunta: o governador Geraldo Alckmin visitará na prisão o seu amigo Marcelo Odebrecht? 

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A mídia e o jantar indigesto de Alckmin

Por Altamiro Borges

Na última sexta-feira (8), a colunista Mônica Bergamo publicou uma notinha meiga – bem minúscula – na Folha: “O governador Geraldo Alckmin, de São Paulo, convidou alguns dos maiores empresários do Brasil para jantar na ala residencial do Palácio dos Bandeirantes nesta semana. Entre eles estavam Marcelo Odebrecht, da empreiteira Odebrecht, e Jorge Gerdau, do grupo Gerdau”. Se a comilança tivesse sido patrocinada pela presidenta Dilma, em pleno Palácio do Planalto, o jornalão teria dado manchete garrafal: “Dilma janta com envolvidos nas operações Lava-Jato e Zelotes”. Seria o maior escândalo, com direito a comentários hidrófobos em todos os jornais, revistas e emissoras de rádio e tevê. Possivelmente, algum capacho do PSDB proporia a CPI do jantar indigesto.

Ainda segundo a jornalista, o regabofe no Palácio dos Bandeirantes contou com a presença do ex-presidente FHC, do “empresário” João Doria Jr. – talvez para agradecer os generosos anúncios publicitários do governo tucano a sua desconhecida revista – e do dono da Rede Bandeirantes, Johnny Saad – exemplo do jornalismo imparcial e isento que vegeta no Brasil. E Mônica Bergamo concluiu a sua coluna com uma importante informação: “Alckmin, que é pré-candidato a presidente [da República], tem estreitado contatos com o empresariado. No domingo ele viaja aos EUA para um seminário no Harvard Club, em NY, sobre investimentos em SP, organizado pelo Lide e pela Câmara de Comércio Brasil-EUA”.

Nada mais foi falado sobre o indigesto jantar. A construtora Odebrecht é uma das principais acusadas de pagar propinas para ex-diretores da Petrobras. Ela é citada quase todos os dias no noticiário sobre a midiática Operação Lava-Jato. A presença do seu proprietário no Palácio dos Bandeirantes, porém, não gerou qualquer critica da imprensa seletiva ou sacadas agressivas do “juiz” Sergio Moro. Já o Grupo Gerdau está sendo investigado pela Polícia Federal na Operação Zelotes, que apura a sonegação de mais de R$ 19 bilhões de grandes empresas – uma das maiores fraudes financeiras da história do país. Diferentemente da Java-Jato, a Zelotes sumiu da mídia – até porque alguns proprietários de veículos de comunicação estão metidos neste gigantesco crime fiscal.

O governador Geraldo Alckmin, já batizado de “picolé de chuchu”, segue totalmente blindado pela mídia chapa-branca. Nas eleições de outubro passado, por exemplo, as empresas envolvidas no “trensalão tucano” – que a imprensa chama carinhosamente de “cartel dos trens” e que já sumiu do noticiário – deram quase 60% dos recursos para sua campanha pela reeleição. No total, quatro empresas investigadas por fraudes e propinas nas licitações dos trens do Metrô e da CPTM doaram R$ 8,3 milhões para Geraldo Alckmin – 56% do total arrecadado (R$ 14,7 milhões). Duas destas empresas – Queiroz Galvão e OAS – também são investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal na Operação Lava-Jato.

Mas, a exemplo do indigesto jantar da semana passada, estas relações nunca mereceram manchetes na mídia chapa-branca. Geraldo Alckmin venceu a eleição no primeiro turno e segue, intocável, rumo à campanha presidencial de 2018. E ainda tem gente que acredita na imparcialidade da imprensa!

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