Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Esta foto é um retrato da indecência.
Nela, Gilmar Mendes e Merval Pereira aparecem numa alegre confraternização que é um pesadelo para a sociedade.
Era o lançamento de um livro de Merval. Não um livro original, mas uma compilação de artigos seus sobre o Mensalão.
Numa sociedade avançada, e o Brasil aspira a ser uma delas, a imprensa e a Justiça se autofiscalizam.
Uma deve coibir excessos da outra.
Quando esses dois poderes se abraçam, como ilustra à perfeição a foto de Gilmar e Merval, perdemos todos nós.
“Jornalista não tem amigo”. Esta é uma frase clássica de um dos maiores editores da história do jornalismo.
Em meus dias de editor, tinha esta frase pregada no mural de minha sala. Repetia-a com frequência aos repórteres, passíveis de se deslumbrar com as potenciais amizades que o jornalismo lhes traz.
A lógica de Pulitzer, expressa há mais de um século, é eterna.
Um jornalista não cobre devidamente um amigo. Fecha os olhos para certas coisas e enaltece qualquer bobagem.
Merval é o anti-Pulitzer.
O mesmo ensinamento pulitzeriano se aplica integralmente à Justiça.
Um juiz não pode ter amigos.
Claro que não estou falando dos amigos do bairro, do clube, da padaria ou até do lupanar.
Falo dos amigos do âmbito profissional.
Como Gilmar, para ficar neste caso, poderia julgar uma causa na qual Merval estivesse porventura envolvido?
É por isso que é simplesmente abjeto juízes aceitarem premiações de empresas jornalísticas. Isso cria um laço, uma cumplicidade danosa à sociedade. Aos cidadãos. A nós, enfim.
A Globo premiou, nos últimos anos, Joaquim Barbosa e Sérgio Moro.
O decoro deveria tê-los impedido de aceitar. Mas, ao contrário, o que vimos foi a felicidade rutilante de ambos ao lado dos Marinhos.
Por que eles estavam sendo premiados? Porque, cada qual a seu jeito, os dois lideraram movimentos visceralmente antipetistas, o Mensalão e a Lava Jato.
Não foi pelo talento, pela inovação, pela transformação que Barbosa ou Moro trouxeram ao enferrujado, patético sistema jurídico nacional.
Gilmar é o símbolo supremo desse sistema.
Ele não pratica justiça, e sim política. Vale-se para isso do posto privilegiado que FHC lhe garantiu no STF.
Seria digno ele sair desse pedestal que lhe foi dado em troca de defender as causas de FHC e se submetesse às urnas.
Mas é querer demais de quem posa, alegremente, ao lado de jornalistas.
Luciana Genro defendeu, em 2008, o impeachment de Gilmar, mas ficou numa luta solitária e vã.
O assunto deveria ser retomado agora.
Não é possível que a sociedade seja obrigada a tolerar, por anos intermináveis, um juiz que faz política.
Esta foto é um retrato da indecência.
Nela, Gilmar Mendes e Merval Pereira aparecem numa alegre confraternização que é um pesadelo para a sociedade.
Era o lançamento de um livro de Merval. Não um livro original, mas uma compilação de artigos seus sobre o Mensalão.
Numa sociedade avançada, e o Brasil aspira a ser uma delas, a imprensa e a Justiça se autofiscalizam.
Uma deve coibir excessos da outra.
Quando esses dois poderes se abraçam, como ilustra à perfeição a foto de Gilmar e Merval, perdemos todos nós.
“Jornalista não tem amigo”. Esta é uma frase clássica de um dos maiores editores da história do jornalismo.
Em meus dias de editor, tinha esta frase pregada no mural de minha sala. Repetia-a com frequência aos repórteres, passíveis de se deslumbrar com as potenciais amizades que o jornalismo lhes traz.
A lógica de Pulitzer, expressa há mais de um século, é eterna.
Um jornalista não cobre devidamente um amigo. Fecha os olhos para certas coisas e enaltece qualquer bobagem.
Merval é o anti-Pulitzer.
O mesmo ensinamento pulitzeriano se aplica integralmente à Justiça.
Um juiz não pode ter amigos.
Claro que não estou falando dos amigos do bairro, do clube, da padaria ou até do lupanar.
Falo dos amigos do âmbito profissional.
Como Gilmar, para ficar neste caso, poderia julgar uma causa na qual Merval estivesse porventura envolvido?
É por isso que é simplesmente abjeto juízes aceitarem premiações de empresas jornalísticas. Isso cria um laço, uma cumplicidade danosa à sociedade. Aos cidadãos. A nós, enfim.
A Globo premiou, nos últimos anos, Joaquim Barbosa e Sérgio Moro.
O decoro deveria tê-los impedido de aceitar. Mas, ao contrário, o que vimos foi a felicidade rutilante de ambos ao lado dos Marinhos.
Por que eles estavam sendo premiados? Porque, cada qual a seu jeito, os dois lideraram movimentos visceralmente antipetistas, o Mensalão e a Lava Jato.
Não foi pelo talento, pela inovação, pela transformação que Barbosa ou Moro trouxeram ao enferrujado, patético sistema jurídico nacional.
Gilmar é o símbolo supremo desse sistema.
Ele não pratica justiça, e sim política. Vale-se para isso do posto privilegiado que FHC lhe garantiu no STF.
Seria digno ele sair desse pedestal que lhe foi dado em troca de defender as causas de FHC e se submetesse às urnas.
Mas é querer demais de quem posa, alegremente, ao lado de jornalistas.
Luciana Genro defendeu, em 2008, o impeachment de Gilmar, mas ficou numa luta solitária e vã.
O assunto deveria ser retomado agora.
Não é possível que a sociedade seja obrigada a tolerar, por anos intermináveis, um juiz que faz política.
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