Por Bepe Damasco, em seu blog:
É impossível não imaginar a terrível ressaca com a qual acordaram na manhã desta sexta-feira, 18 de setembro, o ministro Gilmar Mendes do STF e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Essa sensação de profundo desconforto também toma conta das bancadas do PSDB, DEM, PPS, Solidariedade e de um contingente nada desprezível do PMDB depois que o Supremo sepultou, na noite desta quinta-feira (17/09), por 8 x 3, o financiamento empresarial de campanhas e partidos.
O gosto amargo da derrota é compartilhado ainda pela multidão de analfabetos políticos que vai para as ruas defender a ditadura militar, a tortura e o assassinato de adversários políticos, mas jamais foi capaz de exibir uma miserável faixa que fosse contra a causa maior da corrupção na política e da deformação das eleições, que é o "investimento" do poder econômico em candidatos e partidos.
A votação histórica do Supremo é simplesmente a mais importante decisão da incipiente democracia brasileira para se proteger da força destrutiva do dinheiro. Já a partir das eleições de 2016 o voto de cada eleitor brasileiro terá igual valor, ao mesmo tempo em que candidatos sem acesso à montanha de dinheiro que os capitalistas derramam nas campanhas passam a concorrer com mais chances.
Para isso, basta que a presidenta Dilma vete o artigo da reforma eleitoral de araque, feita sob medida para manter tudo como está ou para piorar o sistema político, que permite o financiamento empresarial a partidos. E ela certamente o fará.
Falar da tramitação e do debate em torno da polêmica do financiamento das empresas na Câmara é falar de um dos capítulos mais tristes da história do parlamento brasileiro. Assim como já fizera em relação à maioridade penal, Cunha, embora derrotado em plenário, tramou ao longo da madrugada, atropelou o regimento e repetiu a votação.
Venceu, mas foi uma vitória de Pirro. No parlamento, ninguém ignora acordos e desmoraliza a palavra empenhada impunemente. Deputados indignados recorreram ao Supremo e , se ainda havia alguma dúvida, ficou claro para a sociedade o tipo de político que preside um dos poderes da República.
Fiel aos compromissos com seus financiadores de campanha, Cunha ainda reformaria a decisão do Senado de pôr fim ao financiamento empresarial. Era só o último gesto ante a derrota definitiva que se aproximava com a devolução do pedido de vistas de Gilmar Mendes ao STF, depois um ano e cinco meses sentado em cima do processo, no mais longo pedido de vistas da história do Judiciário.
A tabelinha Cunha-Gilmar se baseava num cálculo simples : Gilmar sustentaria o pedido de vistas sobre pau e pedra o tempo que fosse necessário para Cunha aprovar uma PEC constitucionalizando as doações de empresas. Contudo, "deu ruim", como dizem os jovens, ou "faltou combinar com os russos", na expressão dos boleiros mais antigos.
A tramitação do engodo de reforma de Cunha demorou além do esperado. Isso fez com que Gilmar se desgastasse ainda mais perante seus pares e a sociedade, perdendo as condições de seguir barrando a continuidade da ação movida pela OAB contra o financiamento empresarial.
Aos 47 do segundo tempo e com a derrota pra lá de sacramentada, Gilmar ainda tentou, no desespero, virar o jogo, pronunciando um voto de mais de três horas marcado pela pobreza conceitual e por um partidarismo oposicionista jamais visto num ministro da corte suprema brasileira.
Não adiantou. O jogo já estava decidido a favor do Brasil.
É impossível não imaginar a terrível ressaca com a qual acordaram na manhã desta sexta-feira, 18 de setembro, o ministro Gilmar Mendes do STF e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Essa sensação de profundo desconforto também toma conta das bancadas do PSDB, DEM, PPS, Solidariedade e de um contingente nada desprezível do PMDB depois que o Supremo sepultou, na noite desta quinta-feira (17/09), por 8 x 3, o financiamento empresarial de campanhas e partidos.
O gosto amargo da derrota é compartilhado ainda pela multidão de analfabetos políticos que vai para as ruas defender a ditadura militar, a tortura e o assassinato de adversários políticos, mas jamais foi capaz de exibir uma miserável faixa que fosse contra a causa maior da corrupção na política e da deformação das eleições, que é o "investimento" do poder econômico em candidatos e partidos.
A votação histórica do Supremo é simplesmente a mais importante decisão da incipiente democracia brasileira para se proteger da força destrutiva do dinheiro. Já a partir das eleições de 2016 o voto de cada eleitor brasileiro terá igual valor, ao mesmo tempo em que candidatos sem acesso à montanha de dinheiro que os capitalistas derramam nas campanhas passam a concorrer com mais chances.
Para isso, basta que a presidenta Dilma vete o artigo da reforma eleitoral de araque, feita sob medida para manter tudo como está ou para piorar o sistema político, que permite o financiamento empresarial a partidos. E ela certamente o fará.
Falar da tramitação e do debate em torno da polêmica do financiamento das empresas na Câmara é falar de um dos capítulos mais tristes da história do parlamento brasileiro. Assim como já fizera em relação à maioridade penal, Cunha, embora derrotado em plenário, tramou ao longo da madrugada, atropelou o regimento e repetiu a votação.
Venceu, mas foi uma vitória de Pirro. No parlamento, ninguém ignora acordos e desmoraliza a palavra empenhada impunemente. Deputados indignados recorreram ao Supremo e , se ainda havia alguma dúvida, ficou claro para a sociedade o tipo de político que preside um dos poderes da República.
Fiel aos compromissos com seus financiadores de campanha, Cunha ainda reformaria a decisão do Senado de pôr fim ao financiamento empresarial. Era só o último gesto ante a derrota definitiva que se aproximava com a devolução do pedido de vistas de Gilmar Mendes ao STF, depois um ano e cinco meses sentado em cima do processo, no mais longo pedido de vistas da história do Judiciário.
A tabelinha Cunha-Gilmar se baseava num cálculo simples : Gilmar sustentaria o pedido de vistas sobre pau e pedra o tempo que fosse necessário para Cunha aprovar uma PEC constitucionalizando as doações de empresas. Contudo, "deu ruim", como dizem os jovens, ou "faltou combinar com os russos", na expressão dos boleiros mais antigos.
A tramitação do engodo de reforma de Cunha demorou além do esperado. Isso fez com que Gilmar se desgastasse ainda mais perante seus pares e a sociedade, perdendo as condições de seguir barrando a continuidade da ação movida pela OAB contra o financiamento empresarial.
Aos 47 do segundo tempo e com a derrota pra lá de sacramentada, Gilmar ainda tentou, no desespero, virar o jogo, pronunciando um voto de mais de três horas marcado pela pobreza conceitual e por um partidarismo oposicionista jamais visto num ministro da corte suprema brasileira.
Não adiantou. O jogo já estava decidido a favor do Brasil.
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