terça-feira, 1 de setembro de 2015

"Esqueçam as minhas bravatas", pede FHC

Por Altamiro Borges

Numa curiosa reunião com dirigentes do PSOL, nesta segunda-feira (31), o rejeitado FHC negou que tenha sugerido a renúncia de Dilma Rousseff. Segundo relato da Folha, "o grupo, recebido pelo ex-presidente em seu instituto, foi liderado pela ex-deputada Luciana Genro, que se notabilizou por embates com o tucano Aécio Neves na campanha eleitoral de 2014. Há duas semanas, Fernando Henrique afirmou, em texto publicado em sua página no Facebook, que a renúncia da presidente seria um 'gesto de grandeza'. Aos dirigentes do PSOL, ele disse que a sua declaração foi interpretada de modo equivocado, e que o sentido da manifestação foi: 'Ou renuncia ou governa'".

Ao final do encontro, ainda segundo o jornalão, Luciana Genro até teria elogiado FHC. "Ele é uma pessoa que preza valores democráticos e por isso está nos ouvindo". Tudo bem. Cada um pensa o que quer. Mas que o ex-presidente não tem marcado sua conduta como "uma pessoa que preza os valores democráticos",  isto não dá para negar. Nos últimos tempos, o grão-tucano é o principal mentor da ofensiva desestabilizadora do governo Dilma. Ele até chegou a contratar um advogado da seita Opus Dei para elaborar um parecer pelo impeachment da presidenta. 

Oportunista e vaidoso, FHC sente o clima para disparar suas bravatas. Ora prega a renúncia e aplaude as marchas golpistas. Ora posa de conciliador e pede calma a seus seguidores. Não é para menos que ele já foi rotulado de "gagá" e "traidor" pelos lideres dos grupelhos fascistas que rosnam pelo "Fora Dilma". Quando da postagem no seu Facebook da sugestão da renúncia, o jornalista Paulo Nogueira, do imperdível blog Diário do Centro do Mundo, explicitou o papel nefasto desempenhado pelo ex-presidente, o de "um golpista vulgar". Vale conferir alguns trechos do artigo:

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Com uma irresponsabilidade estridente intolerável em um octogenário, FHC comete um crime político ao defender a cassação de 54 milhões de votos.

É uma aberração sua tese de que Dilma deve renunciar. Para quê? Para abrir caminho para Aécio?

A renúncia de Jânio inaugurou um período tenebroso de instabilidade na política brasileira que durou quase trinta anos. Alguém quer ver isso de novo?

FHC repete, décadas depois, o Corvo, Carlos Lacerda, um dos personagens mais sinistros da história brasileira, um homem que se dedicou, a vida toda, a sabotar a democracia nacional.

A regra número 1 de um país civilizado é respeitar as urnas. Fora disso, é o dilúvio.

E o que FHC vem fazendo é isso: desrespeitar as urnas. Acintosamente. Cinicamente. Agarrado a argumentos e pretextos que vão variando de hora em hora, ao sabor das conveniências.

Qualquer tentativa de ver Dilma fora do Planalto antes de 2018 é golpe.

FHC se tornou exatamente isso: um golpista vulgar.

Fosse 2015 parecido com 1964, FHC estaria de esgueirando nos quarteis, tramando com generais a queda de um governo eleito, e na embaixada americana, fazendo a mesma coisa.

Mas nem os generais têm força hoje e nem os americanos se atrevem mais a tratar o Brasil como se fosse seu quintal.

E então FHC tem que recorrer a outros meios para concretizar os mesmos propósitos sórdidos do Corvo.


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Mas tudo bem. FHC já virou motivo de chacota com a história do "esqueçam o que escrevi". Agora poderá ser lembrado pela frase "esqueçam também as minhas bravatas golpistas". O que não dá para falar é que ele "preza os valores democráticos". Aí já é demais!

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