Por Max Altman, no site Opera Mundi:
À primeira vista o triunfo de Mauricio Macri na Argentina pode representar a primeira grande conquista da contraofensiva da direita e do imperialismo em nossa região após 15 anos de avanço progressista.
Toda a grande imprensa trombeteou o “fim do kirchnerismo” traduzindo a intenção dos setores financeiros, dos rentistas, dos fazendeiros exportadores de bens agrícolas e seus porta-vozes na grande imprensa e no Parlamento de interromper o processo de inclusão social e novamente abraçar as políticas neoliberais que, no caso argentino, levaram o país à catástrofe do período Carlos Menem seguido do desastre Fernando de la Rúa. Nunca é demais ressaltar que a Argentina foi jogada a uma situação inédita em sua história: queda abrupta do PIB, desemprego agudo, miséria atingindo amplos setores da população, aumento da criminalidade e outras duras sequelas.
Foi o tal de “kirchnerismo” que tirou a Argentina do fundo do poço ao aplicar políticas opostas ao receituário neoliberal, fundamentalmente de transferência de renda, a bolsa universal por filho, a estatização das pensões e aposentadorias em mãos dos bancos, a lei de fertilização assistida, o casamento igualitário, o futebol para todos transmitido pelos canais oficiais, a reestatização da companhia de petróleo YPF e da Aerolíneas Argentinas, a criação de universidades na periferia de Buenos Aires, o plano de incentivo ao consumo da classe média, etc. Além de negociar, de forma soberana, a imensa dívida externa deixada pelos antecessores, o que lhe valeu a aversão dos burocratas do FMI, do Banco Mundial e de Wall Street.
Sem nos deixar enredar na miríade de explicações pela vitória de Macri e pela derrota de Scioli, vamos resumidamente aos resultados eleitorais: o total do eleitorado foi de 32.064.684; votaram 25.100.961 (abstenção de 21,72%); Macri teve 12.903.301 votos (51,40%); Scioli teve 12.198.441 votos (48,60%); votos em branco 305.223 (1,19%); votos nulos 318,203 (1,24%).
Vale salientar que antes mesmo da proclamação do resultado final, a presidenta Cristina Kirchner telefonou a Macri cumprimentando-o e convidando-o para uma primeira reunião de transmissão de posse. O mesmo fez Scioli, que não se disse presidente de metade do eleitorado, nem desconfiou do resultado ou pediu recontagem e nem vai partir para a aventura antidemocrática de impeachment ou algo do gênero. A democracia será certamente respeitada num país que sofreu amargamente o peso de seguidas ditaduras, em especial o da última ditadura sanguinária e fascista de Videla e companhia.
O que virá agora? Os fatos irão determinar o caminho a seguir. O kirchnerismo detém maioria nas duas casas do Parlamento.
O resultado eleitoral, apesar da derrota, mostrou a força desta corrente. Os tempos vindouros serão propícios ao reagrupamento dos setores de esquerda do peronismo – o peronismo, como se sabe, é multiclassista e multi-ideológico, vai da ultradireita à ultraesquerda – à aliança com forças de esquerda não peronistas, o reforço dos vínculos com as organizações sociais, com os estudantes, artistas e intelectuais, com os defensores dos direitos humanos, à reaproximação com sindicatos e federações sindicais que se afastaram, à mobilização dessas forças a fim de evitar o retrocesso ou a perda das principais conquistas.
Como já disse tantas vezes, é preferível uma derrota honrosa a uma vitória enganosa.
À primeira vista o triunfo de Mauricio Macri na Argentina pode representar a primeira grande conquista da contraofensiva da direita e do imperialismo em nossa região após 15 anos de avanço progressista.
Toda a grande imprensa trombeteou o “fim do kirchnerismo” traduzindo a intenção dos setores financeiros, dos rentistas, dos fazendeiros exportadores de bens agrícolas e seus porta-vozes na grande imprensa e no Parlamento de interromper o processo de inclusão social e novamente abraçar as políticas neoliberais que, no caso argentino, levaram o país à catástrofe do período Carlos Menem seguido do desastre Fernando de la Rúa. Nunca é demais ressaltar que a Argentina foi jogada a uma situação inédita em sua história: queda abrupta do PIB, desemprego agudo, miséria atingindo amplos setores da população, aumento da criminalidade e outras duras sequelas.
Foi o tal de “kirchnerismo” que tirou a Argentina do fundo do poço ao aplicar políticas opostas ao receituário neoliberal, fundamentalmente de transferência de renda, a bolsa universal por filho, a estatização das pensões e aposentadorias em mãos dos bancos, a lei de fertilização assistida, o casamento igualitário, o futebol para todos transmitido pelos canais oficiais, a reestatização da companhia de petróleo YPF e da Aerolíneas Argentinas, a criação de universidades na periferia de Buenos Aires, o plano de incentivo ao consumo da classe média, etc. Além de negociar, de forma soberana, a imensa dívida externa deixada pelos antecessores, o que lhe valeu a aversão dos burocratas do FMI, do Banco Mundial e de Wall Street.
Sem nos deixar enredar na miríade de explicações pela vitória de Macri e pela derrota de Scioli, vamos resumidamente aos resultados eleitorais: o total do eleitorado foi de 32.064.684; votaram 25.100.961 (abstenção de 21,72%); Macri teve 12.903.301 votos (51,40%); Scioli teve 12.198.441 votos (48,60%); votos em branco 305.223 (1,19%); votos nulos 318,203 (1,24%).
Vale salientar que antes mesmo da proclamação do resultado final, a presidenta Cristina Kirchner telefonou a Macri cumprimentando-o e convidando-o para uma primeira reunião de transmissão de posse. O mesmo fez Scioli, que não se disse presidente de metade do eleitorado, nem desconfiou do resultado ou pediu recontagem e nem vai partir para a aventura antidemocrática de impeachment ou algo do gênero. A democracia será certamente respeitada num país que sofreu amargamente o peso de seguidas ditaduras, em especial o da última ditadura sanguinária e fascista de Videla e companhia.
O que virá agora? Os fatos irão determinar o caminho a seguir. O kirchnerismo detém maioria nas duas casas do Parlamento.
O resultado eleitoral, apesar da derrota, mostrou a força desta corrente. Os tempos vindouros serão propícios ao reagrupamento dos setores de esquerda do peronismo – o peronismo, como se sabe, é multiclassista e multi-ideológico, vai da ultradireita à ultraesquerda – à aliança com forças de esquerda não peronistas, o reforço dos vínculos com as organizações sociais, com os estudantes, artistas e intelectuais, com os defensores dos direitos humanos, à reaproximação com sindicatos e federações sindicais que se afastaram, à mobilização dessas forças a fim de evitar o retrocesso ou a perda das principais conquistas.
Como já disse tantas vezes, é preferível uma derrota honrosa a uma vitória enganosa.
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