Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
As bancadas do PT e do PCdoB na Câmara pediram que a Polícia Federal abrisse inquérito para investigar a suspeita de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou a empresa privada Brasif para enviar dinheiro ao exterior para a jornalista Mirian Dutra, com quem ele manteve relacionamento extraconjugal nos anos 1980 e 1990.
A representação foi entregue na última terça-feira (23) em encontro de deputados do PT e do PCdoB com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O ministro, então, encaminhou o pedido ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, para que ele definisse qual superintendência da instituição cuidaria do caso, se a de Brasília ou a de São Paulo.
Na última sexta-feira (26), a PF abriu o inquérito. Nota do Ministério da Justiça não informa qual superitendência da PF investigará o caso.
“Brasília, 26/02/16 – O Ministério da Justiça informa que a Polícia Federal abriu, nesta sexta-feira (26), inquérito para apurar a ocorrência de eventuais ilícitos criminais informados por Mirian Dutra Schimidt, em matéria publicada pela Folha de São Paulo, na coluna Mônica Bergamo, no último dia 17 de fevereiro de 2016. A abertura do inquérito se deu a partir do encaminhamento de representação de parlamentares, recebida no Ministério da Justiça em 23/02 e encaminhada à PF para providências. O inquérito tramitará em sigilo, na forma da legislação em vigor“
Apesar de esse caso envolvendo o tucano estar passando meio que “batido” devido à repercussão da prisão do publicitário João Santana, dito “marqueteiro” do PT, a abertura do inquérito pela PF constitui um terremoto político, apesar da determinação legal de que tramitará “em sigilo”.
A jornalista disse, em entrevista à Folha, que o ex-presidente custeou parte de despesas dela e do filho, Tomás, no exterior, por meio da Brasif, empresa que administrava free shops em aeroportos brasileiros quando FHC governou o país. Ela contou que foi contratada pela Eurotrade, que era da Brasif, por US$ 3.000 mensais, entre 2002 e 2006, mas que nunca trabalhou para os free shops.
A empresa Brasif fora beneficiada pelo governo FHC com contratos para gerir todos os free shops dos aeroportos brasileiros – um negócio multimilionário.
Ou seja: a jornalista Mirian Dutra acusa FHC de, enquanto governava o Brasil, ter usado uma empresa com a qual seu governo fez um gordo contrato para que essa mesma empresa lhe pagasse uma mesada. E o que é mais: a ex-amante diz ter provas de sua afirmação.
Note-se que não se trata de uma menininha ingênua. É uma jornalista tarimbada, ex-correspondente da Globo na Europa. Se ela, publicamente, diz ter provas, fica difícil imaginar que não tenha nada na mão. A grande dúvida é se ela vai realmente entregar essas provas.
Mirian Dutra aceitou uma situação imoral por mais de duas décadas. Recebeu gordos salários da Globo e da Brasif sem trabalhar. Aceitou se exilar na Europa para não “comprometer” o seu “coronel”. O que ela quer com tudo isso? Decidiu fazer justiça a si mesma e à sociedade brasileira mais de duas décadas depois?
Mirian se mostra inconformada com a acusação do ex-amante de que o filho que ele sustentou – talvez até por meios ilícitos – durante mais de vinte anos não é dele Apesar de o rapaz ter sido presenteado com um imóvel de luxo pelo tucano, Mirian parece preocupada com a herança e, provavelmente, está precisando de dinheiro para si, já que a fonte de renda que a manteve durante décadas aparentemente secou com a vinda de tudo isso à tona.
Mirian, portanto, pode estar em busca, apenas, de um “cala-boca”, ou seja, de dinheiro para ficar calada. Porém, com a abertura de inquérito pela PF, em tese tudo ficaria mais difícil. Após ter afirmado publicamente ter provas contra o ex-amante, se retroceder poderá se complicar com a lei – comunicação falsa de crime é crime.
Tudo vai depender do real empenho da PF em investigar. O histórico da corporação não é muito promissor. Até hoje não conseguiu descobrir quem atirou uma bomba caseira no Instituto Lula, por exemplo. É piada. O veículo que jogou a bomba foi filmado pelas câmeras diante do instituto e, obviamente, por todas as outras que ficam nas redondezas.
Outra coisa que dificilmente irá acontecer nessa investigação da PF é um fenômeno que, como este Blog mostrou recentemente, ocorre aos montes em investigações da corporação que envolvem o PT: vazamento.
Tudo que a PF investiga do PT vaza para a imprensa. Absolutamente tudo. Isso apesar de também serem inquéritos envoltos em sigilo judicial tanto quanto o de FHC.
Mirian Dutra disse, em várias entrevistas que vem dando, que dispõe de provas de que o ex-amante usou o poder de Estado (quando era presidente da República) para fazer com que uma empresa que tinha negócios com seu governo a financiasse por anos a fio sem que ela tivesse que trabalhar em troca do “salário”.
A PF começará a investigação de FHC justamente por aí, pelas declarações de Mirian. O primeiríssimo passo da investigação será intimar a denunciante a apresentar as provas que diz ter. Não precisa ser um gênio para concluir isso.
Eis a questão: as eventuais provas que vierem a ser apresentadas por Mirian vão vazar? E se vazarem, a imprensa vai noticiar? Haverá algum magistrado ou delegado ou investigador da PF enviando o vazamento a TODOS os veículos de comunicação com MUITA antecedência ao anúncio oficial de qualquer descoberta, como ocorre em casos envolvendo petistas?
O histórico da PF não autoriza otimismo. Porém, a jornalista Mirian Dutra, pela qual FHC se encantou nos anos 1990, cobria política em Brasília. Era, como dizem, uma “raposa”. Conhece todos os bastidores, conhece todas as tramoias demo-tucano-midiáticas da época em que foi exilada na Europa. E muitas outras. Deve ter muitos documentos.
Mirian é o que chamam de deep throat (garganta profunda). Tem informações que podem abalar a direita brasileira de uma forma avassaladora. Fica difícil acreditar que não será comprada. A menos que tenha um ódio sobrenatural por FHC e que não esteja ligando para o que venha a acontecer consigo, provavelmente vai ser enquadrada.
Mesmo com a possibilidade de ela vir a retroceder, porém, se houvesse uma polícia disposta a ir a fundo nesse caso, a margem de manobra para Mirian ser subornada e recuar ficaria muito estreita. Contudo, fica difícil acreditar que ESSA Polícia Federal vai querer investigar alguma coisa de algum grupo político que não seja o do PT.
Entretanto, nunca se deve subestimar uma mulher magoada e humilhada. Elas podem ser os seres mais obstinados da criação, pois à mulher, oprimida pelo machismo, só resta uma tenacidade moral e emocional muito superior à do homem, para quem as coisas sempre são mais fáceis. É por essas e por outras que a direita deve estar muito preocupada.
As bancadas do PT e do PCdoB na Câmara pediram que a Polícia Federal abrisse inquérito para investigar a suspeita de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou a empresa privada Brasif para enviar dinheiro ao exterior para a jornalista Mirian Dutra, com quem ele manteve relacionamento extraconjugal nos anos 1980 e 1990.
A representação foi entregue na última terça-feira (23) em encontro de deputados do PT e do PCdoB com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O ministro, então, encaminhou o pedido ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, para que ele definisse qual superintendência da instituição cuidaria do caso, se a de Brasília ou a de São Paulo.
Na última sexta-feira (26), a PF abriu o inquérito. Nota do Ministério da Justiça não informa qual superitendência da PF investigará o caso.
“Brasília, 26/02/16 – O Ministério da Justiça informa que a Polícia Federal abriu, nesta sexta-feira (26), inquérito para apurar a ocorrência de eventuais ilícitos criminais informados por Mirian Dutra Schimidt, em matéria publicada pela Folha de São Paulo, na coluna Mônica Bergamo, no último dia 17 de fevereiro de 2016. A abertura do inquérito se deu a partir do encaminhamento de representação de parlamentares, recebida no Ministério da Justiça em 23/02 e encaminhada à PF para providências. O inquérito tramitará em sigilo, na forma da legislação em vigor“
Apesar de esse caso envolvendo o tucano estar passando meio que “batido” devido à repercussão da prisão do publicitário João Santana, dito “marqueteiro” do PT, a abertura do inquérito pela PF constitui um terremoto político, apesar da determinação legal de que tramitará “em sigilo”.
A jornalista disse, em entrevista à Folha, que o ex-presidente custeou parte de despesas dela e do filho, Tomás, no exterior, por meio da Brasif, empresa que administrava free shops em aeroportos brasileiros quando FHC governou o país. Ela contou que foi contratada pela Eurotrade, que era da Brasif, por US$ 3.000 mensais, entre 2002 e 2006, mas que nunca trabalhou para os free shops.
A empresa Brasif fora beneficiada pelo governo FHC com contratos para gerir todos os free shops dos aeroportos brasileiros – um negócio multimilionário.
Ou seja: a jornalista Mirian Dutra acusa FHC de, enquanto governava o Brasil, ter usado uma empresa com a qual seu governo fez um gordo contrato para que essa mesma empresa lhe pagasse uma mesada. E o que é mais: a ex-amante diz ter provas de sua afirmação.
Note-se que não se trata de uma menininha ingênua. É uma jornalista tarimbada, ex-correspondente da Globo na Europa. Se ela, publicamente, diz ter provas, fica difícil imaginar que não tenha nada na mão. A grande dúvida é se ela vai realmente entregar essas provas.
Mirian Dutra aceitou uma situação imoral por mais de duas décadas. Recebeu gordos salários da Globo e da Brasif sem trabalhar. Aceitou se exilar na Europa para não “comprometer” o seu “coronel”. O que ela quer com tudo isso? Decidiu fazer justiça a si mesma e à sociedade brasileira mais de duas décadas depois?
Mirian se mostra inconformada com a acusação do ex-amante de que o filho que ele sustentou – talvez até por meios ilícitos – durante mais de vinte anos não é dele Apesar de o rapaz ter sido presenteado com um imóvel de luxo pelo tucano, Mirian parece preocupada com a herança e, provavelmente, está precisando de dinheiro para si, já que a fonte de renda que a manteve durante décadas aparentemente secou com a vinda de tudo isso à tona.
Mirian, portanto, pode estar em busca, apenas, de um “cala-boca”, ou seja, de dinheiro para ficar calada. Porém, com a abertura de inquérito pela PF, em tese tudo ficaria mais difícil. Após ter afirmado publicamente ter provas contra o ex-amante, se retroceder poderá se complicar com a lei – comunicação falsa de crime é crime.
Tudo vai depender do real empenho da PF em investigar. O histórico da corporação não é muito promissor. Até hoje não conseguiu descobrir quem atirou uma bomba caseira no Instituto Lula, por exemplo. É piada. O veículo que jogou a bomba foi filmado pelas câmeras diante do instituto e, obviamente, por todas as outras que ficam nas redondezas.
Outra coisa que dificilmente irá acontecer nessa investigação da PF é um fenômeno que, como este Blog mostrou recentemente, ocorre aos montes em investigações da corporação que envolvem o PT: vazamento.
Tudo que a PF investiga do PT vaza para a imprensa. Absolutamente tudo. Isso apesar de também serem inquéritos envoltos em sigilo judicial tanto quanto o de FHC.
Mirian Dutra disse, em várias entrevistas que vem dando, que dispõe de provas de que o ex-amante usou o poder de Estado (quando era presidente da República) para fazer com que uma empresa que tinha negócios com seu governo a financiasse por anos a fio sem que ela tivesse que trabalhar em troca do “salário”.
A PF começará a investigação de FHC justamente por aí, pelas declarações de Mirian. O primeiríssimo passo da investigação será intimar a denunciante a apresentar as provas que diz ter. Não precisa ser um gênio para concluir isso.
Eis a questão: as eventuais provas que vierem a ser apresentadas por Mirian vão vazar? E se vazarem, a imprensa vai noticiar? Haverá algum magistrado ou delegado ou investigador da PF enviando o vazamento a TODOS os veículos de comunicação com MUITA antecedência ao anúncio oficial de qualquer descoberta, como ocorre em casos envolvendo petistas?
O histórico da PF não autoriza otimismo. Porém, a jornalista Mirian Dutra, pela qual FHC se encantou nos anos 1990, cobria política em Brasília. Era, como dizem, uma “raposa”. Conhece todos os bastidores, conhece todas as tramoias demo-tucano-midiáticas da época em que foi exilada na Europa. E muitas outras. Deve ter muitos documentos.
Mirian é o que chamam de deep throat (garganta profunda). Tem informações que podem abalar a direita brasileira de uma forma avassaladora. Fica difícil acreditar que não será comprada. A menos que tenha um ódio sobrenatural por FHC e que não esteja ligando para o que venha a acontecer consigo, provavelmente vai ser enquadrada.
Mesmo com a possibilidade de ela vir a retroceder, porém, se houvesse uma polícia disposta a ir a fundo nesse caso, a margem de manobra para Mirian ser subornada e recuar ficaria muito estreita. Contudo, fica difícil acreditar que ESSA Polícia Federal vai querer investigar alguma coisa de algum grupo político que não seja o do PT.
Entretanto, nunca se deve subestimar uma mulher magoada e humilhada. Elas podem ser os seres mais obstinados da criação, pois à mulher, oprimida pelo machismo, só resta uma tenacidade moral e emocional muito superior à do homem, para quem as coisas sempre são mais fáceis. É por essas e por outras que a direita deve estar muito preocupada.
0 comentários:
Postar um comentário