Por Altamiro Borges
Uma vez, numa conversa com Zé Dirceu já nem sei lá exatamente a propósito de que, ele disse o seguinte: “Os políticos têm pavor de 30 segundos no Jornal Nacional.”
Lembrei. Eu falava do vigor florescente da mídia digital e Dirceu retrucou com a força da mídia tradicional, mais especificadamente a Globo.
Aquela conversa me veio à cabeça ao ver o Datafolha de hoje.
Lula nas últimas semanas sofreu massacres sucessivos do Jornal Nacional que foram muito, mas muito além dos 30 segundos citados por Dirceu.
Fernando Morais cronometrou 23 minutos num determinado dia.
Era para Lula estar carbonizado. Apartamento, sítio, ações pirotécnicas da Polícia Federal e da Lava Jato, grampos supostamente incriminadores em que conversas de Lula e Dilma foram interpretadas pelos locutores do JN: nada faltou.
Ao assassinato de reputação de Lula pela Globo se somou ainda o trabalho sujo de jornais e revistas como Veja, Época, IstoÉ, Folha, Estadão, Globo, para não falar de inumeráveis colunistas patronais.
A plutocracia jogou bombas atômicas em Lula. Ou o que ela julgava serem bombas atômicas.
Mas.
Eis que Lula aparece na liderança das pesquisas de intenções de voto para 2018.
E Aécio, tão poupado pela Globo, despenca rumo ao cemitério político. Moro, tão bajulado, aparece na rabeira.
Isso quer dizer o seguinte.
Primeiro, e acima de tudo: Lula é muito mais forte do que a plutocracia sonhava. A jararaca está aí. Sozinho, Lula comandou nas duas últimas semanas um formidável movimento popular de reação ao golpe que a direita imaginava ser coisa liquidada.
Segundo, está aí a prova cabal da perda de influência da Globo e da imprensa em geral.
Tanta perseguição do Jornal Nacional e coadjuvantes para Lula, em vez de estar morto, ser líder das intenções de voto?
É um fracasso espetacular.
Se tiver um mínimo de lucidez, a cúpula da Globo vai se reunir para tentar entender o fiasco miserável.
O antijornalismo que a Globo passou a adotar recentemente, claramente inspirado na Veja, já não funciona entre os brasileiros.
O JN parece, hoje, uma Veja eletrônica. A Globo como um todo, aliás. Uma pequena demonstração disso reside num diretor da casa, Erick Bretas, que conseguiu se fantasiar de Moro em sua conta no Facebook. Isso é um acinte, um insulto ao jornalismo decente.
Ao contrário de outros tempos, a internet funciona como um contraponto aos crimes jornalísticos das grandes corporações de mídia.
Quanto mais um veículo perde o pé no antipetismo radical, menos influência tem. A Veja é o exemplo maior. Ninguém exceto seus leitores, e eles mesmos em número sempre menor, a leva a sério.
A Globo tomou o mesmo caminho. Ficou aloprada.
Mas nem seus funcionários parecem acreditar nela mais. Estrelas de suas novelas queixaram-se publicamente, nas últimas semanas, da cobertura do Jornal Nacional, mesmo ao preço de arriscar o pescoço.
Do mar de lama em que se meteu a imprensa emergiu, paradoxalmente, Lula.
Quiseram exterminá-lo, e no entanto o que fizeram foi uma propaganda involuntária de Lula para 2018.
Não adianta tentar transformar Moro em herói. Não é. É um herói de mentirinha. Lula é, ele sim, um herói do povo, quer a plutocracia goste ou não.
A pesquisa Datafolha divulgada na tarde deste sábado (9) deve tirar o sono dos golpistas - que têm se dedicado com tanto afinco para "depor" Dilma, "matar" Lula e destruir o Brasil. A famiglia Frias, que é dona do instituto e do jornal tucano, talvez preferisse escondê-la. Segundo relato seco da Folha, "o ex-presidente Lula (PT) e a ex-senadora Marina Silva (Rede) lideram a corrida para presidente da República em 2018. Entre as opções do PSDB (senador Aécio Neves, governador Geraldo Alckmin e o também senador José Serra), todas têm demonstrado tendência de queda nas intenções de voto".
Em três dos quatro cenários eleitorais pesquisados pelo Datafolha, Lula e Marina surgem empatados dentro da margem de erro - em um deles, o petista lidera. "Na comparação com a pesquisa anterior, de março, a intenção de voto em Lula cresceu em três cenários, voltando ao patamar observado em fevereiro, enquanto Marina se manteve estável em todas as simulações. No cenário de uma disputa entre Lula, Marina e Aécio, por exemplo, o petista tem 21%, a ex-senadora, 19%, e o tucano, 17%. Entre meados de dezembro e agora, Aécio perdeu dez pontos percentuais em suas intenções de voto... Já Geraldo Alckmin, em um cenário alternativo, encolheu cinco pontos no mesmo período".
Mas não são apenas os tucanos que devem estar preocupados com sua cavalgada golpista pelo país. O vice-presidente Michel Temer, que traiu Dilma numa gesto "precipitado e burro" - segundo Renan Calheiros, o peemedebista que preside o Senado -, também terá insônias nos próximos dias. Segundo o Datafolha, "em todos os cenários para 2018, Michel Temer, que assumiria em caso de impeachment de Dilma Rousseff, aparece com apenas 1% ou 2%". Ou seja; o traíra não teria como governar o país, agravando o cenário da crise política e econômica - para desespero da burguesia pragmática.
No clima de polarização política criado pela mídia oposicionista e por seu dispositivo partidário, Lula desponta como a principal liderança do campo popular. No extremo oposto, o fascista Jair Bolsonaro surge como alternativa para os apologistas do ódio. "O Datafolha tem incluído o nome do deputado, que aparece com 8% das intenções de voto. O percentual é o dobro do que o Jair Bolsonaro registrava em dezembro do ano passado". Além dos tucanos e dos traíras do PMDB, a pesquisa divulgada neste sábado também confirma a perda de credibilidade da mídia golpista. Sobre este ponto, vale a pena ler o artigo de Paulo Nogueira, do imperdível blog Diário do Centro do Mundo:
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O fracasso da mídia em exterminar Lula fica claro no Datafolha
Por Paulo Nogueira
Uma vez, numa conversa com Zé Dirceu já nem sei lá exatamente a propósito de que, ele disse o seguinte: “Os políticos têm pavor de 30 segundos no Jornal Nacional.”
Lembrei. Eu falava do vigor florescente da mídia digital e Dirceu retrucou com a força da mídia tradicional, mais especificadamente a Globo.
Aquela conversa me veio à cabeça ao ver o Datafolha de hoje.
Lula nas últimas semanas sofreu massacres sucessivos do Jornal Nacional que foram muito, mas muito além dos 30 segundos citados por Dirceu.
Fernando Morais cronometrou 23 minutos num determinado dia.
Era para Lula estar carbonizado. Apartamento, sítio, ações pirotécnicas da Polícia Federal e da Lava Jato, grampos supostamente incriminadores em que conversas de Lula e Dilma foram interpretadas pelos locutores do JN: nada faltou.
Ao assassinato de reputação de Lula pela Globo se somou ainda o trabalho sujo de jornais e revistas como Veja, Época, IstoÉ, Folha, Estadão, Globo, para não falar de inumeráveis colunistas patronais.
A plutocracia jogou bombas atômicas em Lula. Ou o que ela julgava serem bombas atômicas.
Mas.
Eis que Lula aparece na liderança das pesquisas de intenções de voto para 2018.
E Aécio, tão poupado pela Globo, despenca rumo ao cemitério político. Moro, tão bajulado, aparece na rabeira.
Isso quer dizer o seguinte.
Primeiro, e acima de tudo: Lula é muito mais forte do que a plutocracia sonhava. A jararaca está aí. Sozinho, Lula comandou nas duas últimas semanas um formidável movimento popular de reação ao golpe que a direita imaginava ser coisa liquidada.
Segundo, está aí a prova cabal da perda de influência da Globo e da imprensa em geral.
Tanta perseguição do Jornal Nacional e coadjuvantes para Lula, em vez de estar morto, ser líder das intenções de voto?
É um fracasso espetacular.
Se tiver um mínimo de lucidez, a cúpula da Globo vai se reunir para tentar entender o fiasco miserável.
O antijornalismo que a Globo passou a adotar recentemente, claramente inspirado na Veja, já não funciona entre os brasileiros.
O JN parece, hoje, uma Veja eletrônica. A Globo como um todo, aliás. Uma pequena demonstração disso reside num diretor da casa, Erick Bretas, que conseguiu se fantasiar de Moro em sua conta no Facebook. Isso é um acinte, um insulto ao jornalismo decente.
Ao contrário de outros tempos, a internet funciona como um contraponto aos crimes jornalísticos das grandes corporações de mídia.
Quanto mais um veículo perde o pé no antipetismo radical, menos influência tem. A Veja é o exemplo maior. Ninguém exceto seus leitores, e eles mesmos em número sempre menor, a leva a sério.
A Globo tomou o mesmo caminho. Ficou aloprada.
Mas nem seus funcionários parecem acreditar nela mais. Estrelas de suas novelas queixaram-se publicamente, nas últimas semanas, da cobertura do Jornal Nacional, mesmo ao preço de arriscar o pescoço.
Do mar de lama em que se meteu a imprensa emergiu, paradoxalmente, Lula.
Quiseram exterminá-lo, e no entanto o que fizeram foi uma propaganda involuntária de Lula para 2018.
Não adianta tentar transformar Moro em herói. Não é. É um herói de mentirinha. Lula é, ele sim, um herói do povo, quer a plutocracia goste ou não.
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