Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:
Nos protestos contra o golpe e pela democracia, tanto nas cidades brasileiras como em cidades estrangeiras, manifestantes sempre trazem cartazes e faixas contra a Globo. Jornalistas da emissora vêm enfrentando dificuldade para conseguir entrevistar manifestantes sem que a Globo se torne alvo do protesto.
Nas redes sociais, o desgaste de imagem da antes toda-poderosa Globo é maior ainda, o que explica em parte os inusitados 30 minutos que o ator José de Abreu teve para expressar suas opiniões no programa Domingão do Faustão do dia 24, contra o golpe perpetrado por corruptos contra uma presidenta honesta.
O ator foi manifestar-se também contra a intolerância de que ele e sua mulher foram vítimas em um restaurante em São Paulo – no momento em que Zé de Abreu falava ao Brasil, ocorriam atos de intolerância na Avenida Paulista, quando um dos que acampam há semanas em frente à Fiesp para apoiar o golpe partiu para a agressão sobre uma caminha a favor da democracia e em defesa do mandato de Dilma.
José de Abreu lavou a alma de muitos defensores da democracia, dizendo o que muitos gostariam de ver dito mais vezes. Foi autêntico, mas, estando ele na Rede Globo, tudo soava falso.
Desde a cota racionada de alguns minutos para uma voz dissonante – e só concedida após a degradante votação pelo impeachment na Câmara dos Deputados e depois também do ator Ary Fontoura ter se manifestado no mesmo programa a favor do golpe - até uma ala da plateia estranhamente vestida com camisas vermelhas, como que querendo reproduzir em figurantes a representação das manifestações contra o golpe de um lado e as manifestações pró-golpe de outro.
Simbolicamente, ali estava o modelo de "democracia" padrão Globo: o povo como figurante conformado com o golpe, servindo apenas para aplaudir os poucos minutos consentidos "para espernear".
A apologia da tolerância entre divergentes pregada com honestidade por José de Abreu virou apologia do conformismo para aceitar o golpe Temer-Cunha, sob regência onipotente da TV Globo.
Nas redes sociais, o desgaste de imagem da antes toda-poderosa Globo é maior ainda, o que explica em parte os inusitados 30 minutos que o ator José de Abreu teve para expressar suas opiniões no programa Domingão do Faustão do dia 24, contra o golpe perpetrado por corruptos contra uma presidenta honesta.
O ator foi manifestar-se também contra a intolerância de que ele e sua mulher foram vítimas em um restaurante em São Paulo – no momento em que Zé de Abreu falava ao Brasil, ocorriam atos de intolerância na Avenida Paulista, quando um dos que acampam há semanas em frente à Fiesp para apoiar o golpe partiu para a agressão sobre uma caminha a favor da democracia e em defesa do mandato de Dilma.
José de Abreu lavou a alma de muitos defensores da democracia, dizendo o que muitos gostariam de ver dito mais vezes. Foi autêntico, mas, estando ele na Rede Globo, tudo soava falso.
Desde a cota racionada de alguns minutos para uma voz dissonante – e só concedida após a degradante votação pelo impeachment na Câmara dos Deputados e depois também do ator Ary Fontoura ter se manifestado no mesmo programa a favor do golpe - até uma ala da plateia estranhamente vestida com camisas vermelhas, como que querendo reproduzir em figurantes a representação das manifestações contra o golpe de um lado e as manifestações pró-golpe de outro.
Simbolicamente, ali estava o modelo de "democracia" padrão Globo: o povo como figurante conformado com o golpe, servindo apenas para aplaudir os poucos minutos consentidos "para espernear".
A apologia da tolerância entre divergentes pregada com honestidade por José de Abreu virou apologia do conformismo para aceitar o golpe Temer-Cunha, sob regência onipotente da TV Globo.
Revirada
Mas a antes chamada "Vênus platinada" começa a despertar a atenção fora das fronteiras locais, justamente pela intransigência com que defende abertamente a destituição de Dilma.
Artigo do jornalista David Miranda, no jornal inglês The Guardian, apontou mais do que mau jornalismo no comportamento da imprensa tradicional brasileira. A linha editorial é parte integrante da sustentação ao golpe do impeachment, como ocorreu no golpe de 1964, fato que levou o próprio Grupo Globo a pedir desculpas recentemente. "Interesses corporativos dos bilionários donos da mídia falam mais alto dentro das redações de suas empresas do que a fidelidade aos fatos. Daí a parcialidade grotesca observada no noticiário dos veículos dos grupos Globo", observou Miranda.
O artigo incomodou João Roberto Marinho, um dos donos do Grupo Globo, que respondeu ao jornal inglês em carta. Não convenceu. Miranda, em outro artigo, no site The Intercept, apontou as inconsistências da carta de Marinho. Assim, o Grupo Globo sofre forte desgaste de imagem no exterior, vista como golpista reincidente.
Glenn Greenwald, jornalista premiado nos Estados Unidos e no Brasil pela cobertura das revelações do ex-técnico da CIA Edward Snowden, destacou na TV, ao vivo, durante o jornal da CNN: "A mídia global está reportando a crise de maneira radicalmente diferente do que faz o círculo Globo/Abril, dominante no Brasil".
A movimentação da imprensa estrangeira – antes pautada justamente pelo que diziam os jornais brasileiros – acerca do nosso cenário político atual só cresce.
Talvez por perceber que a historia não fecha, os correspondentes dos jornais do exterior no Brasil resolveram prestar mais atenção sobre o que de fato está por trás da tentativa de derrubar o mandato legítimo de uma presidenta eleita. Muitos se perguntavam, por que tantos políticos com processos, ou sendo investigados, e até mesmo réus, caso do deputado paulista Paulo Maluf, se aliaram à oposição e ao vice presidente para derrubar Dilma, recorrendo a teses frágeis como "pedaladas" fiscais.
Por que o PMDB, partido do vice, passou a conspirar e trair para derrubar a presidenta, poucos meses após disputar as eleições coligados?
Não passou muito tempo para a imprensa estrangeira estampar manchetes tratando o processo de impeachment como golpe. Enquanto os noticiosos dedicavam horas e horas mensais para "sangrar" o governo Dilma e o PT, pouco falava sobre quem queria derrubá-la e tomar seu lugar..
Na semana passada, se o Jornal Nacional mantinha manchetes como "um homem que chegou com a comitiva de Lula agrediu manifestantes", jornais estrangeiros, como os três principais dos Estados Unidos – The New York Times, The Wall Street Journal e Washington Post –, deram reportagens de páginas inteiras enfatizando as denúncias contra os líderes de partidos de oposição, e o empenho com têm se dedicado a derrubar Dilma.
Na primeira página, o The New York Times mostrou que as denúncias de corrupção de muitos dos políticos brasileiros defensores do impeachment são mais sérias do que as acusações feitas contra Dilma. Tudo com amplo destaque para Eduardo Cunha e Michel Temer.
O The Wall Street Journal publicou uma longa matéria sobre Eduardo Cunha enfatizando que o presidente da câmara que lidera ataque para impedir Dilma Rousseff" é indiciado por vários crimes pelo Ministério Publico e Polícia Federal
Em seu portal na internet, o Washington Post explicou : "Veja aqui por que algumas pessoas pensam que o Brasil está no meio de um golpe 'soft'".
O jornal Los Angeles Times deu em manchete: "Políticos votando para impedir a presidente do Brasil são acusados de corrupção". Naquele domingo (17), da sessão da Câmara que votou o impeachment, o chamava a atenção para "a crise da democracia" em andamento no Brasil, haja golpe ou não.
Já o francês Le Monde publicou editorial no sábado 23 intitulado “O Le Monde foi parcial?”, em que pergunta a seus leitores sobre um primeiro editorial publicado em 31 de março intitulado “Brasil: isto não é um golpe de Estado”. No novo artigo, assinado por Franck Nouchi, o jornal faz uma severa autocrítica e afirma que não lembrou que “entre os apoiadores da destituição de Rousseff, muitos estão implicados em casos de corrupção, a começar por Eduardo Cunha, o atual presidente da Câmara dos Deputados”. Também considera que o ideal teria sido enviar um repórter ao Brasil para ajudar a “descrever, ademais, as fraturas sociais reveladas durante essa crise”. E conclui, sobre as ameaças à democracia que pairam por aqui. “O país do futuro ainda não terminou com o espectro de um retorno ao passado.”
Mas a antes chamada "Vênus platinada" começa a despertar a atenção fora das fronteiras locais, justamente pela intransigência com que defende abertamente a destituição de Dilma.
Artigo do jornalista David Miranda, no jornal inglês The Guardian, apontou mais do que mau jornalismo no comportamento da imprensa tradicional brasileira. A linha editorial é parte integrante da sustentação ao golpe do impeachment, como ocorreu no golpe de 1964, fato que levou o próprio Grupo Globo a pedir desculpas recentemente. "Interesses corporativos dos bilionários donos da mídia falam mais alto dentro das redações de suas empresas do que a fidelidade aos fatos. Daí a parcialidade grotesca observada no noticiário dos veículos dos grupos Globo", observou Miranda.
O artigo incomodou João Roberto Marinho, um dos donos do Grupo Globo, que respondeu ao jornal inglês em carta. Não convenceu. Miranda, em outro artigo, no site The Intercept, apontou as inconsistências da carta de Marinho. Assim, o Grupo Globo sofre forte desgaste de imagem no exterior, vista como golpista reincidente.
Glenn Greenwald, jornalista premiado nos Estados Unidos e no Brasil pela cobertura das revelações do ex-técnico da CIA Edward Snowden, destacou na TV, ao vivo, durante o jornal da CNN: "A mídia global está reportando a crise de maneira radicalmente diferente do que faz o círculo Globo/Abril, dominante no Brasil".
A movimentação da imprensa estrangeira – antes pautada justamente pelo que diziam os jornais brasileiros – acerca do nosso cenário político atual só cresce.
Talvez por perceber que a historia não fecha, os correspondentes dos jornais do exterior no Brasil resolveram prestar mais atenção sobre o que de fato está por trás da tentativa de derrubar o mandato legítimo de uma presidenta eleita. Muitos se perguntavam, por que tantos políticos com processos, ou sendo investigados, e até mesmo réus, caso do deputado paulista Paulo Maluf, se aliaram à oposição e ao vice presidente para derrubar Dilma, recorrendo a teses frágeis como "pedaladas" fiscais.
Por que o PMDB, partido do vice, passou a conspirar e trair para derrubar a presidenta, poucos meses após disputar as eleições coligados?
Não passou muito tempo para a imprensa estrangeira estampar manchetes tratando o processo de impeachment como golpe. Enquanto os noticiosos dedicavam horas e horas mensais para "sangrar" o governo Dilma e o PT, pouco falava sobre quem queria derrubá-la e tomar seu lugar..
Na semana passada, se o Jornal Nacional mantinha manchetes como "um homem que chegou com a comitiva de Lula agrediu manifestantes", jornais estrangeiros, como os três principais dos Estados Unidos – The New York Times, The Wall Street Journal e Washington Post –, deram reportagens de páginas inteiras enfatizando as denúncias contra os líderes de partidos de oposição, e o empenho com têm se dedicado a derrubar Dilma.
Na primeira página, o The New York Times mostrou que as denúncias de corrupção de muitos dos políticos brasileiros defensores do impeachment são mais sérias do que as acusações feitas contra Dilma. Tudo com amplo destaque para Eduardo Cunha e Michel Temer.
O The Wall Street Journal publicou uma longa matéria sobre Eduardo Cunha enfatizando que o presidente da câmara que lidera ataque para impedir Dilma Rousseff" é indiciado por vários crimes pelo Ministério Publico e Polícia Federal
Em seu portal na internet, o Washington Post explicou : "Veja aqui por que algumas pessoas pensam que o Brasil está no meio de um golpe 'soft'".
O jornal Los Angeles Times deu em manchete: "Políticos votando para impedir a presidente do Brasil são acusados de corrupção". Naquele domingo (17), da sessão da Câmara que votou o impeachment, o chamava a atenção para "a crise da democracia" em andamento no Brasil, haja golpe ou não.
Já o francês Le Monde publicou editorial no sábado 23 intitulado “O Le Monde foi parcial?”, em que pergunta a seus leitores sobre um primeiro editorial publicado em 31 de março intitulado “Brasil: isto não é um golpe de Estado”. No novo artigo, assinado por Franck Nouchi, o jornal faz uma severa autocrítica e afirma que não lembrou que “entre os apoiadores da destituição de Rousseff, muitos estão implicados em casos de corrupção, a começar por Eduardo Cunha, o atual presidente da Câmara dos Deputados”. Também considera que o ideal teria sido enviar um repórter ao Brasil para ajudar a “descrever, ademais, as fraturas sociais reveladas durante essa crise”. E conclui, sobre as ameaças à democracia que pairam por aqui. “O país do futuro ainda não terminou com o espectro de um retorno ao passado.”
Coisa antiga
Não é a primeira vez que a imprensa estrangeira mostra o que a imprensa brasileira esconde.
Em 2008, os brasileiros tomaram conhecimento da corrupção no ninho tucano, no caso do escândalo das propinas na compra e manutenção de trens e metrôs dos governos do PSDB em São Paulo, graças a denúncias do Ministério Público suíço, depois de os jornais The Wall Street Journal e o alemão Der Spiegel divulgar as primeiras notícias sobre o caso.
O The Wall Street Journal revelou investigações em 11 países contra a Alstom por pagamento de propinas entre 1998 e 2003. As suspeitas atingiam obras do Metrô e políticos do PSDB. Foi neste ano que o Ministério Público de São Paulo entrou no caso, pedindo informações à Suíça e instaurando seu próprio inquérito.
Só que não deu em nada. A denúncia foi engavetada aqui no Brasil. Nada foi investigado e os tucanos estão todos soltos. E a nossa digníssima imprensa voltou ao silêncio de antes e continuou centrando fogo na derrubada de Dilma, contra a qual, sempre é bom lembrar, não há uma única acusação sequer.
Não é a primeira vez que a imprensa estrangeira mostra o que a imprensa brasileira esconde.
Em 2008, os brasileiros tomaram conhecimento da corrupção no ninho tucano, no caso do escândalo das propinas na compra e manutenção de trens e metrôs dos governos do PSDB em São Paulo, graças a denúncias do Ministério Público suíço, depois de os jornais The Wall Street Journal e o alemão Der Spiegel divulgar as primeiras notícias sobre o caso.
O The Wall Street Journal revelou investigações em 11 países contra a Alstom por pagamento de propinas entre 1998 e 2003. As suspeitas atingiam obras do Metrô e políticos do PSDB. Foi neste ano que o Ministério Público de São Paulo entrou no caso, pedindo informações à Suíça e instaurando seu próprio inquérito.
Só que não deu em nada. A denúncia foi engavetada aqui no Brasil. Nada foi investigado e os tucanos estão todos soltos. E a nossa digníssima imprensa voltou ao silêncio de antes e continuou centrando fogo na derrubada de Dilma, contra a qual, sempre é bom lembrar, não há uma única acusação sequer.
0 comentários:
Postar um comentário