Mesmo afastado da presidência da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) parece cobrar do presidente interino Michel Temer (PMDB) a conta pela aprovação do impeachment de Dilma Rousseff.
Nesta quarta-feira 18, foi confirmado o nome de André Moura (PSC-SE) para a liderança do governo na Câmara. Moura é um dos integrantes da tropa de choque que tenta evitar a cassação de Cunha no Conselho de Ética da Casa e sua indicação tem o apoio de um bloco parlamentar que reúne 225 deputados de 12 partidos do chamado "centrão".
Criado nesta quarta, o bloco deve dar sustentação às medidas econômicas do governo, estabelecidas como prioridades por Temer. Sem o bloco de apoio, o presidente interino não teria como fazer passar diversos projetos que precisam da anuência do Congresso.
“Minha missão aqui é a de trazer as matérias que possam permitir que o País encontre o caminho do crescimento, da estabilidade econômica, sobretudo, sob a liderança e orientação do presidente Michel Temer e de seus ministros que estarão discutindo conosco as pautas”, disse Moura.
De acordo com reportagem da GloboNews, o bloco do centrão referendou o nome de André Moura a pedido de Temer. Sua intenção era criar um discurso de que a indicação não é só de Cunha, mas dos 12 líderes partidários.
Após ser confirmado, Moura negou que tenha sido indicado por Cunha. "Fui convidado ontem [terça-feira 17] diretamente por Michel Temer", disse Moura. Moura é réu em três ações penais no STF por desvio de recursos públicos. Contra o deputado também pesa uma suspeita de tentativa de homicídio contra um ex-aliado que virou seu inimigo político.
Outros nomes
Postos estratégicos do governo dentro do Palácio do Planalto também foram ocupados por aliados de Cunha. O advogado Gustavo do Vale Rocha foi nomeado por Temer para o cargo de subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República.
Integrante do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Rocha já defendeu Cunha no Supremo. Em 2015, ao ser sabatinado no Senado, confirmou que advogava para Cunha, mas disse que o fazia apenas em ações privadas, sem relação com o MP.
Já a Secretaria de Governo, ocupada por Geddel Vieira Lima, terá como chefe de gabinete Carlos Henrique Sobral, que até poucos dias atrás era assessor especial de Eduardo Cunha na presidência da Câmara.
O jornalista Laerte Rímoli, cotado para assumir a presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), também assessorou Cunha na Câmara. Ele trabalhou no gabinete do peemedebista e foi um dos designados a conduzir a TV Câmara com mãos de ferro. Em 2014, Rímoli foi coordenador de comunicação da campanha de Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência.
Por fim, o Ministério da Justiça também foi ocupado por um aliado de Cunha que, assim como Gustavo do Vale Rocha, já advogou para o peemedebista. Em 2014, Alexandre de Moraes conseguiu que Cunha fosse absolvido no STF em uma ação por uso de documento falso. Antes de assumir a pasta da Justiça, Moraes chegou a ser cotado para a Advocacia-Geral da União (AGU) após lobby comandado por Cunha.
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