Por José Carlos Ruy, no site Vermelho:
O governo interino e ilegítimo de Michel Temer é uma ilustração, revisada, daquilo que foi descrito por Antônio Vieira no Sermão do Bom Ladrão, pronunciado por ele na Igreja da Misericórdia de Lisboa, em 1655.
Os acontecimentos dos últimos dias confirmam as denúncias feitas por analistas sérios desde os primeiros rumores de um golpe jurídico-midiático-parlamentar em andamento – seu objetivo era entregar o controle do governo federal, e dos recursos financeiros controlados por ele, à especulação financeira e rentista, e estancar a “sangria” (como disse Romero Jucá) da operação Lava Jato que atinge os políticos golpistas da direita e da oposição ao projeto representado por Luís Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e os partidos ligados ao povo e aos trabalhadores.
Naquele sermão, pronunciado há mais de 360 anos, padre Vieira contou duas histórias memoráveis. Numa delas Alexandre o Grande e sua frota andavam pelo mar e aprisionaram um pirata que vivia de assaltos feitos com um pequeno barco, e a conversa entre eles é reveladora. Disse o pirata: eu, que roubo com um pequeno barco, sou ladrão; e você, que rouba com uma grande frota, é imperador!
A outra história é a do filósofo Diógenes, que viveu na Grécia antiga. Ao ver uma tropa levando um prisioneiro para ser enforcado, ele começou a gritar: lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos...
São histórias que ajudam a entender o golpe midiático-judicial-parlamentar, com uma correção que aprofunda a compreensão da ilegalidade em curso – as expressões “piratas” e “pequenos ladrões” devem ser substituídas, hoje, por “uma inocente”, pois não há crime cometido pela presidenta Dilma Rousseff.
Já o interino Michel Temer e os ocupantes que nomeou para os ministérios... As acusações contra eles se multiplicam (como se viu com a divulgação de conversas gravadas por Sério Machado, ex-diretor da Transpetro), e já levaram à queda (em três semanas de interinidade...) de dois ocupantes de ministérios – Romero Jucá (dia 24), obrigado a se afastar do estratégico ministério do Planejamento, e Fabiano Silveira (dia 30), do chamado ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.
A prisão nesta terça-feira (31), pela Polícia Federal, de Nárcio Rodrigues, ex-presidente do PSDB de Minas Gerais, e fortemente ligado ao tucano Aécio Neves, é outro cravo pregado no caixão da narrativa “anti-corrupção” alardeada pelos golpistas. Essa prisão atinge diretamente o tucano mineiro derrotado na eleição de 2014.
É mais um corte cirúrgico na “verdadeira autópsia” da conspiração golpista, como a chamou o dirigente comunista Renato Rabelo.
A própria mídia golpista já acendeu a luz amarela ante o esfarelamento do governo ilegítimo de Michel Temer.
A “sangria” descrita por Romero Jucá, na conversa divulgada, não para, e aumenta a percepção da ilegitimidade do exercício do governo por Michel Temer e sua súcia de “auxiliares”. E alarma os comentarias que, na mídia golpista, tentaram adubar o terreno do golpe. E depois, através da adesão e do silêncio, se esforçaram por apresentar o golpe como algo ocorrido dentro da legalidade constitucional. Não foi – foi golpe: esta é a narrativa correta, que assim descreve a tomada do poder pela direita brasileira, narrativa que se fortalece no Brasil e no mundo.
O tucano Fernando Henrique Cardoso teve que recolher suas plumas, sem coragem para enfrentar a denúncia contra o golpe, e fugiu ao seminário da Latin American Studies Association (LASA), em Nova York, neste sábado (28), depois de saber que 499 associados rejeitavam sua participação, e que estava programado um escracho contra ele (e que aconteceu, mesmo em sua ausência...). Os cientistas sociais lá reunidos protestavam contra o golpe no Brasil, e contra o papel que Fernando Henrique Cardoso desempenhou na conspiração contra a democracia.
Essa sangria desatada, que fragiliza ainda mais o combalido governo ilegítimo dirigido por Michel Temer, permite entender o ar de desalento que começa a aparecer na mídia golpista.
Um exemplo é o texto publicado hoje (31) em O Estado de S. Paulo pela sôfrega Eliane Cantanhêde. Ela tem a cara de pau de pedir, em favor do o governo ilegítimo, algo rejeitou enfaticamente para o exercício legal do mandato de Dilma Rousseff – uma trégua!
Ela tem a pretensão de que a sociedade brasileira desista de protestar contra o golpe e dê uma chance – a tal trégua – para que o impostor Michel Temer coloque em prática os planos antipopulares, antidemocráticos e antinacionais previstos pela conspiração golpista. O título da arenga pró Temer escrita por ela implica, em si mesmo, uma confissão. Diz ele: “Ruim com ele, pior sem ele”.
De fato, Cantanhêde parece mesmo entender de ruim e pior – ela foi uma notória trombeta do “quanto pior melhor” contra Dilma Rousseff...
Não haverá trégua possível – ao contrário de Fernando Henrique Cardoso e daqueles que o cercam, os brasileiros não fogem à luta. Denunciam e se mobilizam contra o golpe e só há um caminho que pode deter o protesto: a volta da democracia, da ordem legal e constitucional violada pelos golpistas, e o retorno de Dilma Rousseff para completar, em novas e mais avançadas bases, o mandato para o qual ela foi eleita por 54,5 milhões de brasileiros.
O governo interino e ilegítimo de Michel Temer é uma ilustração, revisada, daquilo que foi descrito por Antônio Vieira no Sermão do Bom Ladrão, pronunciado por ele na Igreja da Misericórdia de Lisboa, em 1655.
Os acontecimentos dos últimos dias confirmam as denúncias feitas por analistas sérios desde os primeiros rumores de um golpe jurídico-midiático-parlamentar em andamento – seu objetivo era entregar o controle do governo federal, e dos recursos financeiros controlados por ele, à especulação financeira e rentista, e estancar a “sangria” (como disse Romero Jucá) da operação Lava Jato que atinge os políticos golpistas da direita e da oposição ao projeto representado por Luís Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e os partidos ligados ao povo e aos trabalhadores.
Naquele sermão, pronunciado há mais de 360 anos, padre Vieira contou duas histórias memoráveis. Numa delas Alexandre o Grande e sua frota andavam pelo mar e aprisionaram um pirata que vivia de assaltos feitos com um pequeno barco, e a conversa entre eles é reveladora. Disse o pirata: eu, que roubo com um pequeno barco, sou ladrão; e você, que rouba com uma grande frota, é imperador!
A outra história é a do filósofo Diógenes, que viveu na Grécia antiga. Ao ver uma tropa levando um prisioneiro para ser enforcado, ele começou a gritar: lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos...
São histórias que ajudam a entender o golpe midiático-judicial-parlamentar, com uma correção que aprofunda a compreensão da ilegalidade em curso – as expressões “piratas” e “pequenos ladrões” devem ser substituídas, hoje, por “uma inocente”, pois não há crime cometido pela presidenta Dilma Rousseff.
Já o interino Michel Temer e os ocupantes que nomeou para os ministérios... As acusações contra eles se multiplicam (como se viu com a divulgação de conversas gravadas por Sério Machado, ex-diretor da Transpetro), e já levaram à queda (em três semanas de interinidade...) de dois ocupantes de ministérios – Romero Jucá (dia 24), obrigado a se afastar do estratégico ministério do Planejamento, e Fabiano Silveira (dia 30), do chamado ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.
A prisão nesta terça-feira (31), pela Polícia Federal, de Nárcio Rodrigues, ex-presidente do PSDB de Minas Gerais, e fortemente ligado ao tucano Aécio Neves, é outro cravo pregado no caixão da narrativa “anti-corrupção” alardeada pelos golpistas. Essa prisão atinge diretamente o tucano mineiro derrotado na eleição de 2014.
É mais um corte cirúrgico na “verdadeira autópsia” da conspiração golpista, como a chamou o dirigente comunista Renato Rabelo.
A própria mídia golpista já acendeu a luz amarela ante o esfarelamento do governo ilegítimo de Michel Temer.
A “sangria” descrita por Romero Jucá, na conversa divulgada, não para, e aumenta a percepção da ilegitimidade do exercício do governo por Michel Temer e sua súcia de “auxiliares”. E alarma os comentarias que, na mídia golpista, tentaram adubar o terreno do golpe. E depois, através da adesão e do silêncio, se esforçaram por apresentar o golpe como algo ocorrido dentro da legalidade constitucional. Não foi – foi golpe: esta é a narrativa correta, que assim descreve a tomada do poder pela direita brasileira, narrativa que se fortalece no Brasil e no mundo.
O tucano Fernando Henrique Cardoso teve que recolher suas plumas, sem coragem para enfrentar a denúncia contra o golpe, e fugiu ao seminário da Latin American Studies Association (LASA), em Nova York, neste sábado (28), depois de saber que 499 associados rejeitavam sua participação, e que estava programado um escracho contra ele (e que aconteceu, mesmo em sua ausência...). Os cientistas sociais lá reunidos protestavam contra o golpe no Brasil, e contra o papel que Fernando Henrique Cardoso desempenhou na conspiração contra a democracia.
Essa sangria desatada, que fragiliza ainda mais o combalido governo ilegítimo dirigido por Michel Temer, permite entender o ar de desalento que começa a aparecer na mídia golpista.
Um exemplo é o texto publicado hoje (31) em O Estado de S. Paulo pela sôfrega Eliane Cantanhêde. Ela tem a cara de pau de pedir, em favor do o governo ilegítimo, algo rejeitou enfaticamente para o exercício legal do mandato de Dilma Rousseff – uma trégua!
Ela tem a pretensão de que a sociedade brasileira desista de protestar contra o golpe e dê uma chance – a tal trégua – para que o impostor Michel Temer coloque em prática os planos antipopulares, antidemocráticos e antinacionais previstos pela conspiração golpista. O título da arenga pró Temer escrita por ela implica, em si mesmo, uma confissão. Diz ele: “Ruim com ele, pior sem ele”.
De fato, Cantanhêde parece mesmo entender de ruim e pior – ela foi uma notória trombeta do “quanto pior melhor” contra Dilma Rousseff...
Não haverá trégua possível – ao contrário de Fernando Henrique Cardoso e daqueles que o cercam, os brasileiros não fogem à luta. Denunciam e se mobilizam contra o golpe e só há um caminho que pode deter o protesto: a volta da democracia, da ordem legal e constitucional violada pelos golpistas, e o retorno de Dilma Rousseff para completar, em novas e mais avançadas bases, o mandato para o qual ela foi eleita por 54,5 milhões de brasileiros.
0 comentários:
Postar um comentário