Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Alguém já lembrou que não faz sentido um homem sem amigos como Serra, que não conhece nem os vizinhos, ocupar um cargo na diplomacia.
A verdade é que Serra tem amigos. Entre eles, embora de ocasião, os pastores que quis agradar com passaportes diplomáticos - inclusive aqueles com pepinos na Justiça.
Por causa dessa amizade interesseira e altamente problemática e constrangedora, um ex-secretário geral das Relações Exteriores, Sérgio Danese, está sendo obrigado a mentir.
Segundo o Globo, José Serra ignorou pareceres contrários à liberação dos documentos para o pastor Samuel Cássio Ferreira e sua mulher, Keila. Samuel está metido no imbróglio do uso da Assembleia de Deus na lavagem de dinheiro de propina para Eduardo Cunha. São 250 mil reais. É investigado na Lava Jato.
Cinco dias depois de nomeado, Serra deu os documentos ao casal. É um padrão: o bispo R. R. Soares e a esposa Maria Magdalena Ribeiro Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, também seriam agraciados com a mordomia.
Danese disse, num primeiro momento, que conversou com Serra: “Não havendo base legal, a decisão tem de ser do ministro. Eu passava a ele, a quem compete decidir. Coisa simples, mecânica. A prática vinha de antes. Mantivemos até que haja mudança de orientação. O ministro tem acesso aos pareceres.”
O veterano Danese foi nomeado em junho embaixador na Argentina. É leal ao governo interino. Em março, agiu rapidamente para desautorizar uma circular do diplomata Milton Rondó Filho, enviada a representações no exterior, denunciando o golpe. Dantes produziu um novo comunicado uma hora e meia depois.
Por isso é estranha a carta que enviou no sábado, 16, ao mesmo jornal alegando que Serra, na verdade, não teve acesso ao que os técnicos diziam sobre os passaportes. Em sua nova versão, ele resistiu, mas foi convencido.
“Posso assegurar que a primeira reação do ministro foi de negar a concessão, mas acabou acatando o meu parecer”, diz ele. Infelizmente para Danese, a entrevista fora gravada. “Ele consultou. Ele usa, ele dá, ele tem acesso aos pareceres”, contou ao telefone.
Até os azulejos do banheiro do Aeroporto de Brasília sabem que Serra é centralizador, minucioso, calculista - e implacável. Tinha plena consciência do que fazia. “Ele lê bula de remédio para ir à padaria”, diz um ex-colaborador. Danese está sendo obrigado a recuar e falsear a verdade para proteger o chanceler das multidões.
Cancelar os passaportes? Nem pensar.
Alguém já lembrou que não faz sentido um homem sem amigos como Serra, que não conhece nem os vizinhos, ocupar um cargo na diplomacia.
A verdade é que Serra tem amigos. Entre eles, embora de ocasião, os pastores que quis agradar com passaportes diplomáticos - inclusive aqueles com pepinos na Justiça.
Por causa dessa amizade interesseira e altamente problemática e constrangedora, um ex-secretário geral das Relações Exteriores, Sérgio Danese, está sendo obrigado a mentir.
Segundo o Globo, José Serra ignorou pareceres contrários à liberação dos documentos para o pastor Samuel Cássio Ferreira e sua mulher, Keila. Samuel está metido no imbróglio do uso da Assembleia de Deus na lavagem de dinheiro de propina para Eduardo Cunha. São 250 mil reais. É investigado na Lava Jato.
Cinco dias depois de nomeado, Serra deu os documentos ao casal. É um padrão: o bispo R. R. Soares e a esposa Maria Magdalena Ribeiro Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, também seriam agraciados com a mordomia.
Danese disse, num primeiro momento, que conversou com Serra: “Não havendo base legal, a decisão tem de ser do ministro. Eu passava a ele, a quem compete decidir. Coisa simples, mecânica. A prática vinha de antes. Mantivemos até que haja mudança de orientação. O ministro tem acesso aos pareceres.”
O veterano Danese foi nomeado em junho embaixador na Argentina. É leal ao governo interino. Em março, agiu rapidamente para desautorizar uma circular do diplomata Milton Rondó Filho, enviada a representações no exterior, denunciando o golpe. Dantes produziu um novo comunicado uma hora e meia depois.
Por isso é estranha a carta que enviou no sábado, 16, ao mesmo jornal alegando que Serra, na verdade, não teve acesso ao que os técnicos diziam sobre os passaportes. Em sua nova versão, ele resistiu, mas foi convencido.
“Posso assegurar que a primeira reação do ministro foi de negar a concessão, mas acabou acatando o meu parecer”, diz ele. Infelizmente para Danese, a entrevista fora gravada. “Ele consultou. Ele usa, ele dá, ele tem acesso aos pareceres”, contou ao telefone.
Até os azulejos do banheiro do Aeroporto de Brasília sabem que Serra é centralizador, minucioso, calculista - e implacável. Tinha plena consciência do que fazia. “Ele lê bula de remédio para ir à padaria”, diz um ex-colaborador. Danese está sendo obrigado a recuar e falsear a verdade para proteger o chanceler das multidões.
Cancelar os passaportes? Nem pensar.
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