segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Chico Buarque e o manifesto dos artistas

Guilherme Boulos, do MTST, Chico Buarque, Lula e João Paulo, do MST
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Por Altamiro Borges

Antes de se dirigir ao "tribunal de exceção" do Senado na manhã desta fatídica segunda-feira (29), a presidenta Dilma se encontrou com Chico Buarque no Palácio da Alvorada. Segundo postagem da sua assessoria nas redes sociais, "o cantor e compositor veio prestar seu apoio à presidenta Dilma. Ele acompanhará o depoimento dela ao Senado. Conversaram, no Alvorada, sobre a canção 'Apesar de você', que marcou a juventude da presidenta, durante a ditadura". Vários outros artistas, intelectuais, parlamentares, ministros e lideranças dos movimentos sociais foram convidados para ouvir o discurso de defesa da governante contra o "golpe dos corruptos" no plenário do Senado.

Já no domingo, um grupo de artistas e intelectuais divulgou uma carta pedindo respeito ao voto de milhões de brasileiros na eleição de 2014. Os autores do manifesto - Wagner Moura, Chico Buarque, Caetano Veloso, Letícia Sabatella, Camila Pitanga, entre outros - argumentam que a presidenta Dilma não cometeu crime e que o seu afastamento é uma "manobra política para tomada de poder sem a aprovação das urnas". O texto é incisivo: "Os senadores que defendem o impeachment ficarão marcados na história por protagonizar o ataque mais cruel à nossa democracia desde o golpe militar de 1964. A história cobrará explicações, já que não existe base legal para justificar o impeachment".

Confira a íntegra do manifesto:

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Artistas e intelectuais brasileiros pedem que senadores respeitem o resultado das eleições de 2014

O Brasil vive um dos momentos mais dramáticos de sua história, com a proximidade da votação final sobre o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

O mundo assiste com preocupação a essa ameaça à democracia, como no caso de nossos colegas do Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Índia, que publicaram uma declaração alertando que o impeachment representaria “um ataque as instituições democráticas”, que levaria ao retrocesso econômico e social.

Os senadores que defendem o impeachment ficarão marcados na história por protagonizar o ataque mais cruel à nossa democracia desde o golpe militar de 1964. A história cobrará explicações, já que não existe base legal para justificar o impeachment.

De acordo com o Ministério Público Federal, a presidenta Dilma Rousseff não cometeu crime. Por isso, seu afastamento é claramente uma manobra política para tomada de poder sem a aprovação das urnas.

Esse ataque aos processos democráticos representa uma ameaça aos direitos humanos e levará o Brasil a uma situação de maior instabilidade política e desigualdade social e econômica.

O ator Wagner Moura afirmou: “Estamos profundamente agradecidos por essas importantes palavras de apoio de nossos colegas na Grã-Bretanha, Estados Unidos, Canada e Índia. Os políticos corruptos que lideram a articulação para depor Dilma têm de saber que há um holofote internacional iluminando suas ações. Se eles derem continuidade ao seu plano, serão lembrados pela história como os responsáveis pelo mais sinistro ataque à democracia desde o Golpe de 1964″.

A manifestação de Wagner Moura contra o impedimento de Dilma recebeu adesões de:

1. Adair Rocha, professor
2. Aderbal Freire Filho, diretor teatral
3, Alice Ruiz, poeta
4. André Lázaro, professor
5. Augusto Sampaio, professor
6. Bete Mendes, atriz
7. Biel Rocha, militante de direitos humanos
8. Caetano Veloso, compositor e cantor
9. Camila Pitanga, atriz
10. Carla Marins, atriz
11. Cecília Boal, psicanalista
12. Cesar Kuzma, teólogo e professor
13. Célia Costa, historiadora e documentarista
14. Charles Fricks, ator
15. Chico Buarque, compositor e cantor
16. Clarisse Sette Troisgros, produtora
17. Cristina Pereira, atriz
18. Dira Paes, atriz
19. Dulce Pandolfi, cientista política
20. Eleny Guimarães-Teixeira, médica
21. Generosa de Oliveira Silva, socióloga
22. Gilberto Miranda, ator
23. Gaudêncio Frigotto – escritor e professor
24. Isaac Bernat, ator
25. José Sérgio Leite Lopes, antropólogo
26 Julia Barreto, produtora Julia Barreto
27. Jurandir Freire Costa, psicanalista e professor
28. Leonardo Vieira, ator
29. Leticia Sabatella, cantora e compositora
30. Luis Carlos Barreto, cineasta e produtor
31. Luiz Fernando Lobo, diretor artístico
32. Marco Luchesi, poeta e professor
33. Maria Luisa Mendonça, professora e jornalista
34. Marieta Severo, atriz
35. Paulo Betti, ator
36. Ricardo Rezende Figueira, padre e professor
37. Roberto Amaral, escritor
38. Sílvia Buarque, atriz
39. Tuca Moraes, atriz e produtora
40. Virginia Dirami Berriel, jornalista
41. Xico Teixeira, jornalista

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2 comentários:

Anônimo disse...

Bando de sujos, ladrões e corruptos 'nunca antes vistos na história'...

Fabiana Winovski disse...

Ainda bem que no Brasil existem pessoas intelectuais ( entende-se com estudo e cultura suficiente ) que se posicionam a favor da democracia e da construção de uma sociedade melhor. Confesso que esse golpe pelo poder que se disfarça através de um processo legítimo de impechmant me tirou a fé no país. Mas quando vejo pessoas de bem como nesse manifesto, e ainda o repúdio de governos de países que estão à frente do Brasil a esta anti-democracia que se instala através desta tentativa de tomada de poder a força, persiste um pouco de esperança em mim...