quinta-feira, 1 de setembro de 2016

‘Empossado’, Temer mostra garras ditatoriais

Por Altamiro Borges

O usurpador Michel Temer não se enxerga mesmo. Sem voto - até como candidato a deputado federal ele ficou duas vez na suplência nos três pleitos em que disputou - e sem qualquer legitimidade - o seu partido, o PMDB, chega ao Palácio do Planalto pela terceira vez sem nunca ter vencido uma eleição presidencial -, o Judas ainda acha que está com a bola toda. Logo após ser "empossado" no colégio eleitoral do Senado, nesta quarta-feira (1), ele saiu dando broncas, todo arrogante, mostrando as suas garras autoritárias. Segundo a mídia chapa-branca, até os seus capachos se surpreenderam com o tom. De "vice decorativo", Michel Temer parece querer virar o novo ditadorzinho do Brasil.

Segundo relato da Folha golpista, "o sisudo Michel Temer virou presidente cheio de marra e recados. Na primeira reunião ministerial após a posse, falou grosso. Disse que são 'inadmissíveis' divisões em sua base de apoio no Congresso. 'Não será tolerada essa espécie de conduta. Quem não quer que o governo dê certo, declare-se contra o governo e saia', declarou", relata o repórter Leandro Colon. Ele ainda exigiu firmeza dos seus serviçais. "Vamos contestar o termo de golpista. Golpistas são eles, que propõem a ruptura constitucional. Não vamos levar ofensa para casa... No plano internacional, eles conseguiram com algum sucesso dizer que aqui houve um golpe. Agora, vamos ter que responder". E concluiu que não "vai tolerar" vacilações na base governista. Haja prepotência!

Já em sua primeira exibição em cadeia nacional de rádio e tevê, o usurpador até tentou dar uma de "pacificador". Num discurso enfadonho de cinco minutos, ele prometeu "reunificar" o país. Mas, de fato, ele tentou seduzir o "deus mercado", que incentivou o "golpe dos corruptos". O Judas garantiu que imporá as reformas trabalhista e previdenciária, mas não deu detalhes da facada. "Nossa missão é mostrar aos empresários e investidores de todo o mundo a nossa disposição para proporcionar bons negócios que vão trazer empregos ao Brasil". Em tom demagógico, o golpista concluiu: "Meu único interesse, e que encaro como questão de honra, é entregar ao meu sucessor um país reconciliado, pacificado e em ritmo de crescimento. Um país que dê orgulho aos seus cidadãos". Haja cinismo!

A resposta contundente de Dilma

O tom ameaçador do ditadorzinho de plantão, porém, não vai intimidar as forças contrárias ao "golpe dos corruptos". Na mesma noite da "posse" do usurpador, milhares de pessoas saíram às ruas em todo o país para exigir o "Fora Temer". Dados parciais indicam que ocorreram protestos em mais de 40 cidades de dez Estados. A presidenta Dilma Rousseff, eleita democraticamente por 54,5 milhões de brasileiros e tirada do poder pelo colégio eleitoral do Senado, também não está disposta a se curvar diante do "vice decorativo". Logo após a aprovação do impeachment, ela fez um incisivo discurso convocando a sociedade à resistência democrática. Vale conferir:

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Ao cumprimentar o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cumprimento todos as senadoras e senadores, deputadas e deputados, presidentes de partido, as lideranças dos movimentos sociais. Mulheres e homens de meu País.

Hoje, o Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças. Os senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a Constituição Federal. Decidiram pela interrupção do mandato de uma Presidenta que não cometeu crime de responsabilidade. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe parlamentar.

Com a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado.

É o segundo golpe de estado que enfrento na vida. O primeiro, o golpe militar, apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura, me atingiu quando era uma jovem militante. O segundo, o golpe parlamentar desfechado hoje por meio de uma farsa jurídica, me derruba do cargo para o qual fui eleita pelo povo.

É uma inequívoca eleição indireta, em que 61 senadores substituem a vontade expressa por 54,5 milhões de votos. É uma fraude, contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis.

Causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história, propiciada por ações desenvolvidas e leis criadas a partir de 2003 e aprofundadas em meu governo, leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados.

O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social.

Acabam de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil, sem que haja qualquer justificativa constitucional para este impeachment.

Mas o golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido. Isto foi apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática.

O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido.

O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência.

Peço às brasileiras e aos brasileiros que me ouçam. Falo aos mais de 54 milhões que votaram em mim em 2014. Falo aos 110 milhões que avalizaram a eleição direta como forma de escolha dos presidentes.

Falo principalmente aos brasileiros que, durante meu governo, superaram a miséria, realizaram o sonho da casa própria, começaram a receber atendimento médico, entraram na universidade e deixaram de ser invisíveis aos olhos da Nação, passando a ter direitos que sempre lhes foram negados.

A descrença e a mágoa que nos atingem em momentos como esse são péssimas conselheiras. Não desistam da luta.

Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer.

Quando o Presidente Lula foi eleito pela primeira vez, em 2003, chegamos ao governo cantando juntos que ninguém devia ter medo de ser feliz. Por mais de 13 anos, realizamos com sucesso um projeto que promoveu a maior inclusão social e redução de desigualdades da história de nosso País.

Esta história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano.

Espero que saibamos nos unir em defesa de causas comuns a todos os progressistas, independentemente de filiação partidária ou posição política. Proponho que lutemos, todos juntos, contra o retrocesso, contra a agenda conservadora, contra a extinção de direitos, pela soberania nacional e pelo restabelecimento pleno da democracia.

Saio da Presidência como entrei: sem ter incorrido em qualquer ato ilícito; sem ter traído qualquer de meus compromissos; com dignidade e carregando no peito o mesmo amor e admiração pelas brasileiras e brasileiros e a mesma vontade de continuar lutando pelo Brasil.

Eu vivi a minha verdade. Dei o melhor de minha capacidade. Não fugi de minhas responsabilidades. Me emocionei com o sofrimento humano, me comovi na luta contra a miséria e a fome, combati a desigualdade.

Travei bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles.

Às mulheres brasileiras, que me cobriram de flores e de carinho, peço que acreditem que vocês podem. As futuras gerações de brasileiras saberão que, na primeira vez que uma mulher assumiu a Presidência do Brasil, a machismo e a misoginia mostraram suas feias faces. Abrimos um caminho de mão única em direção à igualdade de gênero. Nada nos fará recuar.

Neste momento, não direi adeus a vocês. Tenho certeza de que posso dizer “até daqui a pouco”.

Encerro compartilhando com vocês um belíssimo alento do poeta russo Maiakovski:

'Não estamos alegres, é certo,

Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?

O mar da história é agitado

As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,

Rompê-las ao meio,

Cortando-as como uma quilha corta.'

Um carinhoso abraço a todo povo brasileiro, que compartilha comigo a crença na democracia e o sonho da justiça.


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2 comentários:

Gilberto Mauro disse...

4 princípios invioláveis que devem ser usados com total coesão para quem for as ruas pela verdade e justiça e não for COOPTADO pela rede Golpe e associados:
1 - Clamem pela Democracia. A Palavra de ordem sobre todas as outras se chama D E M O C R A C I A .
2 - Usem a bandeira da Brasil. Se repropriem deste símbolo.
3 - Exaltem D i l m a V a n a R o u s s e f f. Personificação da democracia, da resistência e coragem inquebrantável. Refaçam a narrativa! urgentemente.
4 - Deflagrem o golpismo , a farsa dos meios de comunicação, sobretudo a Rede "Golpe" todos os outros também. Desconstrua a marca.

Anônimo disse...

Ou, o Brasil acaba com o Caudilho TEMERário, ou, ele acaba com o Brasil !!!
Só restou lutar por:
DIRETAS JÁ !!!