Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:
O Banco Central divulgou hoje de manhã a prévia do PIB. Segundo o índice, a economia caiu muito mais do que o previsto: 0,51% de queda sobre o mês anterior.
O mais incrível é que o “mercado” recebeu a notícia com otimismo e a bolsa de valores de São Paulo está em alta.
Esse é o Brasil do golpe: o desemprego cresce, milhares de lojas fecham, indústrias suspendem atividades, o déficit fiscal atinge recorde, a polícia federal para de emitir passaportes, a polícia rodoviária federal não tem mais recursos para combustível, cientistas denunciam, em audiência no senado, o corte dramático dos investimentos em pesquisa, os investimentos públicos e privados desaparecem, servidores de vários estados estão há meses sem receber salários, a ONU anuncia que o Brasil está retornando ao mapa da fome, o PIB desaba mês a mês…
Mas… os mercados, ah, os mercados, eles estão… otimistas!
Eu fui no Infomoney, para ver a opinião do “mercado”. O título da notícia sobre a queda do PIB resume o que estou dizendo: “Prévia do PIB” indica nova recessão em maio, mas uma notícia anima o mercado”.
É um título misterioso. Uma notícia anima o mercado…
Que notícia?
Eu li a reportagem três vezes e não encontrei a tal notícia.
Há, sim, a opinião de um economista do Goldman Sachs, que diz que as coisas “vão melhorar”.
Acontece que o Goldman Sachs, assim como outros, são os mesmos que previram retomada da economia brasileira após o impeachment. E não aconteceu. Foram os mesmos que previram números melhores para o PIB de maio, que também não se confirmou. Nenhuma previsão deles se confirma, mas quem liga?
O importante deixa de ser a economia real, o emprego, a produção, e sim, exclusivamente, a análise do “chefe de pesquisa econômica para América Latina” do Goldman Sachs.
O fato dessas instituições terem dado prejuízo de trilhões de dólares para o mundo, com suas análises criminosamente equivocadas da conjuntura econômica anterior à crise dos subprimes, isso também parece não vir ao caso.
Entramos definitivamente numa era de pós-verdade, em que o que importa não são mais os fatos, mas o simulacro da mídia.
A pós-verdade nasce de um acordo ideológico, utópico, fanático, entre o mundinho da “técnica”, os neomandarins da economia mundial, e a mídia.
A diferença entre países pobres e ricos é que governos de países ricos costumam não dar bola para os palpites dos homens de “mercado”, e por isso reduzem juros, ampliam investimentos públicos, defendem suas empresas, e aumentam recursos para pesquisa e infra-estrutura. É apenas nos países pobres, que mais precisam de investimentos públicos, que o discurso técnico da “austeridade” é seguido ao pé da letra, e a razão é exatamente a debilidade política de seus governos.
É claro que, em algum momento, a economia voltará a crescer, mas os brasileiros não vivem de PIB e sim de emprego.
Para haver empregos, contudo, é preciso recuperar a atividade industrial. Como fazê-lo, se o governo (cumprindo ordens da Lava Jato) suspendeu o investimento público, e se os empresários que apoiaram o golpe preferem o dinheiro fácil do rendimento com juros?
A previsão oficial do BC para a atividade doméstica em 2017 é de avanço de 0,5%, de acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) publicado em junho. O número frustrante de maio deve fazer o BC rever sua estimativa.
O Banco Central divulgou hoje de manhã a prévia do PIB. Segundo o índice, a economia caiu muito mais do que o previsto: 0,51% de queda sobre o mês anterior.
O mais incrível é que o “mercado” recebeu a notícia com otimismo e a bolsa de valores de São Paulo está em alta.
Esse é o Brasil do golpe: o desemprego cresce, milhares de lojas fecham, indústrias suspendem atividades, o déficit fiscal atinge recorde, a polícia federal para de emitir passaportes, a polícia rodoviária federal não tem mais recursos para combustível, cientistas denunciam, em audiência no senado, o corte dramático dos investimentos em pesquisa, os investimentos públicos e privados desaparecem, servidores de vários estados estão há meses sem receber salários, a ONU anuncia que o Brasil está retornando ao mapa da fome, o PIB desaba mês a mês…
Mas… os mercados, ah, os mercados, eles estão… otimistas!
Eu fui no Infomoney, para ver a opinião do “mercado”. O título da notícia sobre a queda do PIB resume o que estou dizendo: “Prévia do PIB” indica nova recessão em maio, mas uma notícia anima o mercado”.
É um título misterioso. Uma notícia anima o mercado…
Que notícia?
Eu li a reportagem três vezes e não encontrei a tal notícia.
Há, sim, a opinião de um economista do Goldman Sachs, que diz que as coisas “vão melhorar”.
Acontece que o Goldman Sachs, assim como outros, são os mesmos que previram retomada da economia brasileira após o impeachment. E não aconteceu. Foram os mesmos que previram números melhores para o PIB de maio, que também não se confirmou. Nenhuma previsão deles se confirma, mas quem liga?
O importante deixa de ser a economia real, o emprego, a produção, e sim, exclusivamente, a análise do “chefe de pesquisa econômica para América Latina” do Goldman Sachs.
O fato dessas instituições terem dado prejuízo de trilhões de dólares para o mundo, com suas análises criminosamente equivocadas da conjuntura econômica anterior à crise dos subprimes, isso também parece não vir ao caso.
Entramos definitivamente numa era de pós-verdade, em que o que importa não são mais os fatos, mas o simulacro da mídia.
A pós-verdade nasce de um acordo ideológico, utópico, fanático, entre o mundinho da “técnica”, os neomandarins da economia mundial, e a mídia.
A diferença entre países pobres e ricos é que governos de países ricos costumam não dar bola para os palpites dos homens de “mercado”, e por isso reduzem juros, ampliam investimentos públicos, defendem suas empresas, e aumentam recursos para pesquisa e infra-estrutura. É apenas nos países pobres, que mais precisam de investimentos públicos, que o discurso técnico da “austeridade” é seguido ao pé da letra, e a razão é exatamente a debilidade política de seus governos.
É claro que, em algum momento, a economia voltará a crescer, mas os brasileiros não vivem de PIB e sim de emprego.
Para haver empregos, contudo, é preciso recuperar a atividade industrial. Como fazê-lo, se o governo (cumprindo ordens da Lava Jato) suspendeu o investimento público, e se os empresários que apoiaram o golpe preferem o dinheiro fácil do rendimento com juros?
A previsão oficial do BC para a atividade doméstica em 2017 é de avanço de 0,5%, de acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) publicado em junho. O número frustrante de maio deve fazer o BC rever sua estimativa.
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