Por Altamiro Borges
Em vídeo postado neste domingo (13), no “Dia dos Pais”, o prefeito João Doria jurou total lealdade ao seu padrasto político, o governador Geraldo Alckmin – que estava ao seu lado com cara de nádega. Ele garantiu que a “estreita amizade” entre ambos já dura 37 anos e que “essa relação nasceu fora da política e não há nada que vá nos dividir, nada que vá nos afastar. Não há nada que vá nos colocar em campos distintos”. Ele também criticou as notícias “falsas” de alguns veículos de imprensa. O vídeo do “prefake”, porém, não convenceu muita gente – possivelmente nem o próprio “picolé de chuchu”. Os dois tucanos, o velhote e o novato no ninho, estão em guerra aberta para definir quem será o presidenciável do PSDB em 2018.
Dois dias antes, João Doria inclusive reafirmou a sua condição de candidato em entrevista ao jornal Estadão. Ele enfatizou que gostaria de enfrentar Lula, razão maior do seu ódio doentio. “Terei um enorme prazer em fazer isso. Para desmascarar o ex-presidente Luiz Inácio ‘Mentiroso’ da Silva... Lula é um grande ator, dos mais brilhantes aliás, porque mente com tamanha convicção que até ele acredita na mentira que ele propaga e que defende. Ele merece ter um debatedor à altura”. Ele também fez afagos ao fascistoide Jair Bolsonaro. “Temos uma relação cordial, nunca houve uma relação atritada entre nós. Portanto quero preservar essa relação de diálogo e de bom entendimento”.
A traição é descarada e violenta
Na prática, o “prefake” já está em campanha e a tal “lealdade” ao governador é pura falsidade. Como realçou a edição desta semana da Veja, João Doria simplesmente abandonou São Paulo. “A agenda apertada de viagens nacionais e internacionais (em sete meses de administração ele passou 61 dias fora, ou 29% do período) somada ao pouco tempo que passa, de fato, governando, começa a impactar negativamente a sua gestão”. A revista tucana inclusive listou as promessas de campanha do falso “gestor” e comprova que os resultados são pífios. Boa parte não saiu do papel e não passa de jogada de marketing. João Doria, que enganou muitos otários com o discurso de que “não sou político”, está se mostrando um político da pior espécie.
Na sua obsessão pelo poder, ele inclusive deixou de lado qualquer prurido ou cautela. Ele já nem vacila em apunhalar o “pai” Geraldo Alckmin. Na quarta-feira passada (9), a repórter Rosângela Bittar, do jornal Valor, descreveu alguns gestos da traição: “Não é segredo, Doria está fazendo gato e sapato de Alckmin... Não há um tucano paulista, dos bem autênticos, que não tenha uma história para contar sobre o bombardeio do prefeito contra quem imagina ser o seu adversário interno. Os interlocutores estão saindo horrorizados com a má propaganda e a baixa perspectiva que se cria para Alckmin... Enquanto espalha perfídias, que podem se confirmar ou não, Doria se solta pelo Brasil, não fica em São Paulo, vai abrindo picadas para sua candidatura presidencial. Dois coelhos: explode Alckmin, pavimenta a sua estrada”.
A "poligamia" do oportunista
Apesar do vídeo “fake”, a “estreita amizade” já virou briga da máfia. Como descreve Thais Bilenky, em matéria publicada na Folha neste domingo, “a batalha silenciosa entre o padrinho político e sua cria está em fase de aquecimento... Governador e prefeito fazem uma dança de aproximação de partidos. Na semana passada, Alckmin jantou com a cúpula do PP em Brasília. Dois dias depois, Doria recebeu o deputado Guilherme Mussi, presidente estadual da sigla... Na sexta, Alckmin foi mais direto quanto a seus projetos. Em palestra em Porto Alegre, apostou que ‘2018 será a eleição da experiência’ e relativizou o ‘novo’. A tática de Alckmin tem sido pressionar pela realização de prévias no partido ainda neste ano para definir o candidato tucano à Presidência, o que constrangeria Doria a enfrentá-lo – ou não –, e isso menos de um ano depois de o prefeito tomar posse”.
“Já Doria corre por fora. Auxiliares calculam que, se ele se tornar um nome ‘aclamado’ e popular, avançará casas rumo à candidatura. Para isso, precisa viajar pelo país. Em outra frente, o prefeito se aproximou de lideranças tucanas em quem sentiu reciprocidade como os senadores Flexa Ribeiro (PA) e Cássio Cunha Lima (PB) e o ministro Antonio Imbassahy. Da mesma forma fora do PSDB. Ele mantém vivos os laços com Marcos Pereira, do PRB, e Antonio Carlos Rodrigues, do PR, por exemplo. No DEM, tradicional aliado dos tucanos, o secretário paulista Rodrigo Garcia é o elo com Alckmin. Doria ficou próximo de ACM Neto, prefeito de Salvador, que o recebeu na capital baiana nesta semana”.
Se na “fase do aquecimento” as bicadas já são sangrentas, imagine quando chegar a hora da decisão no dividido PSDB. No momento, o “prefake” tem uma leve vantagem na disputa interna. Os tucanos velhacos – como Geraldo Alckmin (o “Santo”), Aécio Neves (o “Mineirinho”) e José Serra (o “Careca”) – estão desgastados pelo envolvimento dos seus nomes em denúncias de corrupção. João “Dólar”, conhecido por seus métodos “empresariais” pouco ortodoxos, ainda segue imune aos escândalos. Além disso, ele tem atraído apoios no esgoto golpista – como o de Michel Temer e de alguns caciques do DEM e do PMDB. Nas palavras do ex-vice-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB, “João Doria sorri para todos os lados. Adora a poligamia política e topa tudo para chegar à Presidência da República em 2018”. O picolé de chuchu que se cuide!
*****
Leia também:
- Doria está disposto a destruir Alckmin
- Picado pela mosca azul, Doria trai Alckmin
- As rasteiras do 'João Traíra' no Alckmin
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- 'Veja' ataca Doria; Alckmin contra-ataca
- O ovo e o parlamentarismo
- A propaganda enganosa do PSDB na TV
- PSDB, o dono de São Paulo
Em vídeo postado neste domingo (13), no “Dia dos Pais”, o prefeito João Doria jurou total lealdade ao seu padrasto político, o governador Geraldo Alckmin – que estava ao seu lado com cara de nádega. Ele garantiu que a “estreita amizade” entre ambos já dura 37 anos e que “essa relação nasceu fora da política e não há nada que vá nos dividir, nada que vá nos afastar. Não há nada que vá nos colocar em campos distintos”. Ele também criticou as notícias “falsas” de alguns veículos de imprensa. O vídeo do “prefake”, porém, não convenceu muita gente – possivelmente nem o próprio “picolé de chuchu”. Os dois tucanos, o velhote e o novato no ninho, estão em guerra aberta para definir quem será o presidenciável do PSDB em 2018.
Dois dias antes, João Doria inclusive reafirmou a sua condição de candidato em entrevista ao jornal Estadão. Ele enfatizou que gostaria de enfrentar Lula, razão maior do seu ódio doentio. “Terei um enorme prazer em fazer isso. Para desmascarar o ex-presidente Luiz Inácio ‘Mentiroso’ da Silva... Lula é um grande ator, dos mais brilhantes aliás, porque mente com tamanha convicção que até ele acredita na mentira que ele propaga e que defende. Ele merece ter um debatedor à altura”. Ele também fez afagos ao fascistoide Jair Bolsonaro. “Temos uma relação cordial, nunca houve uma relação atritada entre nós. Portanto quero preservar essa relação de diálogo e de bom entendimento”.
A traição é descarada e violenta
Na prática, o “prefake” já está em campanha e a tal “lealdade” ao governador é pura falsidade. Como realçou a edição desta semana da Veja, João Doria simplesmente abandonou São Paulo. “A agenda apertada de viagens nacionais e internacionais (em sete meses de administração ele passou 61 dias fora, ou 29% do período) somada ao pouco tempo que passa, de fato, governando, começa a impactar negativamente a sua gestão”. A revista tucana inclusive listou as promessas de campanha do falso “gestor” e comprova que os resultados são pífios. Boa parte não saiu do papel e não passa de jogada de marketing. João Doria, que enganou muitos otários com o discurso de que “não sou político”, está se mostrando um político da pior espécie.
Na sua obsessão pelo poder, ele inclusive deixou de lado qualquer prurido ou cautela. Ele já nem vacila em apunhalar o “pai” Geraldo Alckmin. Na quarta-feira passada (9), a repórter Rosângela Bittar, do jornal Valor, descreveu alguns gestos da traição: “Não é segredo, Doria está fazendo gato e sapato de Alckmin... Não há um tucano paulista, dos bem autênticos, que não tenha uma história para contar sobre o bombardeio do prefeito contra quem imagina ser o seu adversário interno. Os interlocutores estão saindo horrorizados com a má propaganda e a baixa perspectiva que se cria para Alckmin... Enquanto espalha perfídias, que podem se confirmar ou não, Doria se solta pelo Brasil, não fica em São Paulo, vai abrindo picadas para sua candidatura presidencial. Dois coelhos: explode Alckmin, pavimenta a sua estrada”.
A "poligamia" do oportunista
Apesar do vídeo “fake”, a “estreita amizade” já virou briga da máfia. Como descreve Thais Bilenky, em matéria publicada na Folha neste domingo, “a batalha silenciosa entre o padrinho político e sua cria está em fase de aquecimento... Governador e prefeito fazem uma dança de aproximação de partidos. Na semana passada, Alckmin jantou com a cúpula do PP em Brasília. Dois dias depois, Doria recebeu o deputado Guilherme Mussi, presidente estadual da sigla... Na sexta, Alckmin foi mais direto quanto a seus projetos. Em palestra em Porto Alegre, apostou que ‘2018 será a eleição da experiência’ e relativizou o ‘novo’. A tática de Alckmin tem sido pressionar pela realização de prévias no partido ainda neste ano para definir o candidato tucano à Presidência, o que constrangeria Doria a enfrentá-lo – ou não –, e isso menos de um ano depois de o prefeito tomar posse”.
“Já Doria corre por fora. Auxiliares calculam que, se ele se tornar um nome ‘aclamado’ e popular, avançará casas rumo à candidatura. Para isso, precisa viajar pelo país. Em outra frente, o prefeito se aproximou de lideranças tucanas em quem sentiu reciprocidade como os senadores Flexa Ribeiro (PA) e Cássio Cunha Lima (PB) e o ministro Antonio Imbassahy. Da mesma forma fora do PSDB. Ele mantém vivos os laços com Marcos Pereira, do PRB, e Antonio Carlos Rodrigues, do PR, por exemplo. No DEM, tradicional aliado dos tucanos, o secretário paulista Rodrigo Garcia é o elo com Alckmin. Doria ficou próximo de ACM Neto, prefeito de Salvador, que o recebeu na capital baiana nesta semana”.
Se na “fase do aquecimento” as bicadas já são sangrentas, imagine quando chegar a hora da decisão no dividido PSDB. No momento, o “prefake” tem uma leve vantagem na disputa interna. Os tucanos velhacos – como Geraldo Alckmin (o “Santo”), Aécio Neves (o “Mineirinho”) e José Serra (o “Careca”) – estão desgastados pelo envolvimento dos seus nomes em denúncias de corrupção. João “Dólar”, conhecido por seus métodos “empresariais” pouco ortodoxos, ainda segue imune aos escândalos. Além disso, ele tem atraído apoios no esgoto golpista – como o de Michel Temer e de alguns caciques do DEM e do PMDB. Nas palavras do ex-vice-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB, “João Doria sorri para todos os lados. Adora a poligamia política e topa tudo para chegar à Presidência da República em 2018”. O picolé de chuchu que se cuide!
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