Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
Antes de mais nada, é preciso lembrar que a IstoÉ já foi a favor do PT, quando o partido estava no governo e engordava os caixas da revista com dinheiro público em forma de propaganda. Em agosto de 2010, em plena pré-campanha da então desconhecida Dilma Rousseff, a semanal da editora Três chegou ao cúmulo de ressuscitar um slogan ufanista da ditadura na capa para ajudar Lula a eleger sua sucessora.
Um dos maiores erros do PT no poder foi distribuir à farta anúncios publicitários governamentais para tentar cooptar a mídia, em vez de reduzir de forma drástica o absurdo financiamento público de empresas privadas de comunicação. Empresas que se arvoram em praticar “jornalismo independente” e se esmeram na defesa ardorosa de políticas neoliberais de “estado mínimo”, enquanto, incompetentes, só sobrevivem graças à generosidade governamental com o dinheiro do povo, caso único no mundo.
Mas, se, jornalisticamente falando, o chapabranquismo da IstoÉ já causava vergonha alheia na era PT, com Temer a bajulação chegou aos píncaros. Foi só o presidente ilegítimo sentar na cadeira que a revista já se comportava como porta-voz oficial: “Dois anos para reconstruir o Brasil”, dizia a capa de maio de 2016, pouco depois de Dilma ser afastada do cargo. Desde então, tudo que Temer fez foi o contrário.
Em dezembro, com Temer já definitivamente no cargo, a IstoÉ se superou novamente, elegendo-o “brasileiro do ano” ao lado do candidato derrotado Aécio Neves, do PSDB, e do paladino da Justiça Sergio Moro. Para comprovar que o negócio da revista é bajular, ela já havia feito o mesmo com José Dirceu em 2004 e com a própria Dilma em 2011. O mais hilário é que o lema da IstoÉ em todos estes anos continua o mesmo, “independente”, quando seria mais sincero usar a epígrafe “hay gobierno, soy a favor”.
Em 2014, a roda da fortuna da IstoÉ já havia girado e a revista aderiu sem o menor pudor à campanha de Aécio Neves. O tucano, que seria flagrado este ano pedindo grana ao dono da JBS, aparecia na capa como a “mudança segura” para o país.
A bola (ops) da vez para o puxa-saquismo da IstoÉ é o prefeito de São Paulo, João Doria, que, sem ter feito absolutamente nada surpreendente em termos administrativos além de aumentar a velocidade e o número de atropelamentos fatais na capital paulista, ganhou o status de principal oponente do presidente Lula.
Mas os micos sucessivos do pseudojornalismo da IstoÉ parecem estar longe do fim. Nos últimos tempos, depois que se transformou, por razões obscuras, em inimiga do PT, a revista conseguiu superar, em termos de ridículo, a psicopatia antipetista da própria Veja. O jornalismo chinfrim fica ainda mais evidente quando se percebe que, quando se trata de cumprir a missão recebida de atacar os adversários, a mão dos editores pesa mais quando se trata de mulheres.
A misoginia da IstoÉ com Dilma Rousseff, candidata à reeleição em 2014, já entrou para os anais do jornalismo e foi condenada pela Justiça: em julho do ano passado, a presidenta ganhou direito de resposta contra a revista por tê-la chamado de “histérica” em uma capa durante a campanha eleitoral.
Mas Dilma não foi a única mulher candidata a ser atacada pela publicação da editora Três em 2014. Também na capa, Marina Silva foi pintada como uma pessoa “com ideias confusas”, “despreparada”, “fundamentalista religiosa” e com um passado de “intolerância”. Naquela época, a IstoÉ se dedicava a fazer um providencial jogo duplo, agradando a ambos os partidos, PT e PSDB, para enfraquecer Marina. Jornalismo? Para quê?
O mais novo alvo do mau jornalismo misógino da IstoÉ é a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann. Neste fim de semana, Gleisi aparece na capa da publicação com uma expressão feia, zangada e usando uma boina de guerrilheira, sendo que sempre esteve situada nas alas mais soft do partido, até para insatisfação da militância. Tanto é assim que, quando estava na Casa Civil, Gleisi era criticada pela esquerda como “inimiga” dos povos indígenas e defensora dos ruralistas. Foi, inclusive, elogiada por um blogueiro reacionário da Veja exatamente por isto.
Nas páginas da IstoÉ, porém, a senadora paranaense aparece como uma “radical bolivariana”, além de “corrupta”. Uma verdadeira “bruxa”, repetindo a mesma estratégia utilizada com Dilma. Em seu facebook, a própria Gleisi respondeu às acusações da reportagem, segundo ela “mal escrita” e cheia de erros banais, como por exemplo tê-la colocado como candidata ao Senado em 2014 quando foi derrotada ao governo do Paraná. Ela também ironizou a capa dizendo que adorou a boina.
Desde que Lula chegou ao poder, em 2002, a imprensa entrou propositalmente em uma espiral de decadência, com a intenção de nivelar o debate político por baixo e formar leitores tão estúpidos que sejam capazes de acreditar no que ela diz. A mentira contra Lula, o PT e a esquerda em geral passou a ser uma constante nos jornais e nas emissoras de TV. O antipetismo transformou o jornalismo brasileiro num pastiche: mal feito, machista, reacionário, provinciano, capaz de rifar sua linha editorial em troca de anúncios.
(E depois nós, a mídia alternativa, é que éramos “sujos”.)
Antes de mais nada, é preciso lembrar que a IstoÉ já foi a favor do PT, quando o partido estava no governo e engordava os caixas da revista com dinheiro público em forma de propaganda. Em agosto de 2010, em plena pré-campanha da então desconhecida Dilma Rousseff, a semanal da editora Três chegou ao cúmulo de ressuscitar um slogan ufanista da ditadura na capa para ajudar Lula a eleger sua sucessora.
Um dos maiores erros do PT no poder foi distribuir à farta anúncios publicitários governamentais para tentar cooptar a mídia, em vez de reduzir de forma drástica o absurdo financiamento público de empresas privadas de comunicação. Empresas que se arvoram em praticar “jornalismo independente” e se esmeram na defesa ardorosa de políticas neoliberais de “estado mínimo”, enquanto, incompetentes, só sobrevivem graças à generosidade governamental com o dinheiro do povo, caso único no mundo.
Mas, se, jornalisticamente falando, o chapabranquismo da IstoÉ já causava vergonha alheia na era PT, com Temer a bajulação chegou aos píncaros. Foi só o presidente ilegítimo sentar na cadeira que a revista já se comportava como porta-voz oficial: “Dois anos para reconstruir o Brasil”, dizia a capa de maio de 2016, pouco depois de Dilma ser afastada do cargo. Desde então, tudo que Temer fez foi o contrário.
Em dezembro, com Temer já definitivamente no cargo, a IstoÉ se superou novamente, elegendo-o “brasileiro do ano” ao lado do candidato derrotado Aécio Neves, do PSDB, e do paladino da Justiça Sergio Moro. Para comprovar que o negócio da revista é bajular, ela já havia feito o mesmo com José Dirceu em 2004 e com a própria Dilma em 2011. O mais hilário é que o lema da IstoÉ em todos estes anos continua o mesmo, “independente”, quando seria mais sincero usar a epígrafe “hay gobierno, soy a favor”.
Em 2014, a roda da fortuna da IstoÉ já havia girado e a revista aderiu sem o menor pudor à campanha de Aécio Neves. O tucano, que seria flagrado este ano pedindo grana ao dono da JBS, aparecia na capa como a “mudança segura” para o país.
A bola (ops) da vez para o puxa-saquismo da IstoÉ é o prefeito de São Paulo, João Doria, que, sem ter feito absolutamente nada surpreendente em termos administrativos além de aumentar a velocidade e o número de atropelamentos fatais na capital paulista, ganhou o status de principal oponente do presidente Lula.
Mas os micos sucessivos do pseudojornalismo da IstoÉ parecem estar longe do fim. Nos últimos tempos, depois que se transformou, por razões obscuras, em inimiga do PT, a revista conseguiu superar, em termos de ridículo, a psicopatia antipetista da própria Veja. O jornalismo chinfrim fica ainda mais evidente quando se percebe que, quando se trata de cumprir a missão recebida de atacar os adversários, a mão dos editores pesa mais quando se trata de mulheres.
A misoginia da IstoÉ com Dilma Rousseff, candidata à reeleição em 2014, já entrou para os anais do jornalismo e foi condenada pela Justiça: em julho do ano passado, a presidenta ganhou direito de resposta contra a revista por tê-la chamado de “histérica” em uma capa durante a campanha eleitoral.
Mas Dilma não foi a única mulher candidata a ser atacada pela publicação da editora Três em 2014. Também na capa, Marina Silva foi pintada como uma pessoa “com ideias confusas”, “despreparada”, “fundamentalista religiosa” e com um passado de “intolerância”. Naquela época, a IstoÉ se dedicava a fazer um providencial jogo duplo, agradando a ambos os partidos, PT e PSDB, para enfraquecer Marina. Jornalismo? Para quê?
O mais novo alvo do mau jornalismo misógino da IstoÉ é a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann. Neste fim de semana, Gleisi aparece na capa da publicação com uma expressão feia, zangada e usando uma boina de guerrilheira, sendo que sempre esteve situada nas alas mais soft do partido, até para insatisfação da militância. Tanto é assim que, quando estava na Casa Civil, Gleisi era criticada pela esquerda como “inimiga” dos povos indígenas e defensora dos ruralistas. Foi, inclusive, elogiada por um blogueiro reacionário da Veja exatamente por isto.
Nas páginas da IstoÉ, porém, a senadora paranaense aparece como uma “radical bolivariana”, além de “corrupta”. Uma verdadeira “bruxa”, repetindo a mesma estratégia utilizada com Dilma. Em seu facebook, a própria Gleisi respondeu às acusações da reportagem, segundo ela “mal escrita” e cheia de erros banais, como por exemplo tê-la colocado como candidata ao Senado em 2014 quando foi derrotada ao governo do Paraná. Ela também ironizou a capa dizendo que adorou a boina.
Desde que Lula chegou ao poder, em 2002, a imprensa entrou propositalmente em uma espiral de decadência, com a intenção de nivelar o debate político por baixo e formar leitores tão estúpidos que sejam capazes de acreditar no que ela diz. A mentira contra Lula, o PT e a esquerda em geral passou a ser uma constante nos jornais e nas emissoras de TV. O antipetismo transformou o jornalismo brasileiro num pastiche: mal feito, machista, reacionário, provinciano, capaz de rifar sua linha editorial em troca de anúncios.
(E depois nós, a mídia alternativa, é que éramos “sujos”.)
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